Tecnologia e Humanidade

By Priscila Giampaoli

            Segundo a PwC, em sua 24ª CEO Survey de março de 2021, há 8 tecnologias indispensáveis para o desenvolvimento das sociedades que pretendem “Reinventar o futuro” e mudar a realidade global: Blockchain, Drones, Impressão 3D, Inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Realidade Aumentada (RA), Realidade Virtual (RV) e Robótica. Mas é muito importante destacar que nenhuma tecnologia será eficaz, se não houver humanos capacitados por trás delas compensando suas falhas e limitações.

           A primeira delas, denominada Blockchain, envolve algoritmos capazes de registrar e confirmar dados de forma autônoma e segura, o que permitiria transações financeiras com maior rapidez e confiança no ambiente virtual. Mas, não é recente a criatividade insuperável que o ser humano possui para burlar códigos e aplicar golpes digitais. A pandemia do Coronavírus 19 demonstrou claramente a capacidade que as pessoas têm de se reinventar diante das dificuldades que vão surgindo e o número crescente de golpes que foram aparecendo na internet. Fatos que nenhuma máquina conseguiu superar e impedir até agora.

           A segunda invenção corresponde a dispositivos voadores capazes de realizar diversas funções de longo alcance sem que o ser humano precise sair do lugar. Há vários modelos e tamanhos dependendo dos objetivos a serem alcançados e que têm apresentado sucesso em várias ações como vigilância, filmagem, pesquisa, entrega de produtos etc. Para funcionar com qualidade e segurança, essa tecnologia requer licenças de voo, espaço para decolagem e armazenamento, investimento em energia, monitoramento humano (dependendo da distância e da atividade) e manutenção. Além disso, não pode interferir no trajeto de outras aeronaves, nem prejudicar a privacidade alheia.

           A terceira vem sendo usada em várias áreas do conhecimento e proporciona a substituição de objetos ou a criação de novos com base em modelos computadorizados. Ela tem permitido a produção de muitos produtos comerciais e, consequentemente, desenvolvido os micros e pequenos negócios. Recentemente também fora usada com sucesso na produção de réplicas do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, cujas peças foram perdidas ou danificadas em um grande incêndio no ano de 2018. Por outro lado, essa ferramenta faz uso de materiais específicos e, muitas vezes, de alto custo. Num período pós pandêmico, como o que estamos enfrentando no momento, isso pode gerar mais uma dificuldade no processo de venda e distribuição, exigindo ainda mais do nosso “jogo de cintura”.

           As tecnologias IA, RA e RV vêm revolucionando o mercado, o ambiente de trabalho, a educação escolar básica e a universitária. Elas permitem estudos detalhados, ampliam a visão humana, simulam situações que promovem treinamento e aprendizagem prática, auxiliam na realização de exames e/ ou procedimentos médicos de maior complexidade, de experimentos com menos risco à vida humana, além de estimular a pesquisa e o gosto pelo conhecimento. Apesar da revolução, da otimização de tempo e espaço e da aproximação entre pessoas residindo em lugares distantes, essas ferramentas empregam alto custo de energia, de manutenção e podem ser perigosas em mãos erradas. Sendo necessário, portanto, o uso consciente de nossas fontes naturais, a busca por outras renováveis e o manuseio inteligente dessas criações por especialistas ou indivíduos devidamente preparados.

           Já a IoT envolve a múltipla incorporação de dispositivos físicos por meio de softwares, sensores e conectividade de rede, permitindo verificação e manipulação à distância. Com o seu celular, por exemplo, é possível acessar a câmera de segurança da sua casa (situada até mesmo em outra cidade), enquanto você se desloca para o trabalho ou esteja de férias em uma praia. Claro que tudo isso envolve o uso de cadastros, senhas e logins, mas que podem ser facilmente invadidas por hackers ou até manipuladas por oportunistas que contam com a mera distração humana: basta perder, esquecer ou até ter seu celular roubado. Não é à toa as inúmeras notícias e matérias jornalísticas envolvendo a fragilidade dos aplicativos de banco em dispositivos móveis até bloqueados por senha, digital, reconhecimento facial entre outros.

           A última tecnologia mencionada, a robótica, vem sendo utilizada há anos para substituir com sucesso o trabalho humano em ambientes instáveis, tóxicos, inóspitos e extremos. Em algumas escolas, a robótica virou uma matéria da grade curricular ou extracurricular e tem demonstrado bons resultados no desenvolvimento analítico do ser humano que passa a entender com mais consciência as diferentes “engenharias” da vida: conexões, equilíbrio, versatilidade, maleabilidade, espaço, movimento, controle, construção etc. Entretanto, a automação artificial torna-se um problema quando não há seu devido monitoramento e o uso por indivíduos realmente preparados. Por mais que se busque uma ferramenta avançada e inteligente, a história tem comprovado a impossibilidade da ausência humana nesse meio.

           Ao contrário do medo que surgiu na época da revolução industrial (substituição do trabalhador, resultando em desemprego), máquinas essencialmente não pensam e nunca pensarão como o ser humano é capaz de pensar. Desta forma, sempre haverá a necessidade de pessoas no controle dessas tecnologias. Por mais desenvolvidas que possam ser, elas não possuem inteligência emocional para lidar com todas as situações e também não sabem como se arrumar, quando ficam “doentes”. Apesar da convergência entre as diferentes tecnologias diminuir a presença humana constante, o mundo só irá evoluir e realmente construir um novo futuro quando as pessoas entenderem que a solução é investir, acima de tudo, em uma Educação que realmente FORME humanos melhores capazes de mudar a realidade do nosso planeta.