A Tecnologia e o acesso à saúde – Parte II

Semana passada comentei sobre um exemplo de como tecnologia e a digitalização podem ampliar o acesso à Saúde, aumentando a qualidade de entrega e reduzindo custos. Hoje irei compartilhar outra história interessante de como em certos momentos as novas ideias têm o potencial de romper paradigmas e permitir sua aplicabilidade e êxito. Para isso, vou resgatar outros dois conceitos das leituras das obras Inevitável e Organizações Exponenciais.

O primeiro conceito traz a ideia de “tornar-se” de Kevin Kelly, estado constante de protótipo, como num quase perpétuo processo de melhoria e, mesmo depois de entregue a solução/produto, ela ainda é aprimorada por meio da colaboração e dos inputs dos usuários. Gosto de fazer um paralelo e pensar que, como seres humanos, nós também estamos em um processo diário de evolução, com acertos e erros, reavaliando situações e comportamentos, sempre visando aperfeiçoar o “produto final”.

O segundo conceito, tirado do livro Organizações Exponenciais, nos leva a refletir sobre a ideia de que as tecnologias atuam como uma extensão do homem: quando transfiro toda a minha agenda ao celular, ele automaticamente torna-se uma pequena extensão da minha memória, e libero meu cérebro para realizar atividades mais complexas e solucionar outros problemas. Quando essa discussão é direcionada para o dilema “uso da tecnologia X desemprego”, tenho uma visão bastante otimista, pois

acredito que apesar da tecnologia crescer exponencialmente, assim também transcorrem os desafios de viver numa comunidade cada vez mais complexa e diversa. Portanto, enquanto tivermos problemas a serem resolvidos, teremos uma vasta gama de empregos.

Unindo estes dois conceitos, trago um exemplo prático ao artigo. Durante a pandemia tivemos que lidar com diversos desafios: como levar nossos especialistas em aplicação clínica e engenheiros de serviços que consertam e fazem manutenção de equipamentos aos diversos clientes espalhados em todo o país (de extensão continental) de maneira rápida e com a escassez de voos? Como instalar os melhores protocolos em equipamentos de diagnóstico, orientar nossos clientes em relação à operação de um novo equipamento e treiná-los sem estar presencialmente no cliente?

Tradicionalmente estes são processos que requerem bastante interação e discussão com o usuário, mas que também estão sujeitos às ineficiências por restrição de agendas, entraves com a disponibilidade dos pacientes, concentração de informações numa janela de tempo curta que nem sempre dá ao usuário espaço para aplicar o aprendizado, etc.

Do ponto de vista tecnológico, já havia a possibilidade que essa capacitação, interação e alguns consertos ocorressem de forma remota, ou seja; o especialista acessaria remotamente o equipamento instalado, discutiria por videoconferência com o parceiro e instalaria os protocolos, faria os treinamentos, etc. Tudo isso foi acelerado devido às atuais necessidades que nos encontramos com a pandemia; e conseguimos entregar as soluções e respostas que nossos clientes precisavam de maneira inovadora e igualmente efetivas!

Com a solução de atendimento remoto, agora temos a possibilidade de uma agenda mais flexível, com mais intervalos entre as interações e atendimento ao cliente no momento mais conveniente a ele, com redução de custos com os deslocamentos, mais rapidez nos atendimentos (seja num treinamento ou num conserto), inclusão de mais pessoas no processo, distintos especialistas envolvidos para cada situação, e além disso, ganhos transnacionais de sinergia de conhecimento.

Assim como o uso da telemedicina, que a cada dia ganha novos adeptos, essa “nova” forma de trabalhar ganhou extensa aceitação e o seu aprimoramento é feito de maneira colaborativa, à medida que escutamos sugestões de nossos clientes, parceiros e usuários e assim ganhamos cada vez mais exponencialidade em nossa organização, seja por meio do acesso à saúde à abundância em conhecimento e inovação.

Quantas às outras oportunidades...elas não estão aí, na nossa frente, prontas para serem capturadas, aplicadas e testadas?