Tecnologia na confecção?

Em época que estamos “soterrados” por tecnologias em nossas vidas as indústrias já utilizam e apontam para um imenso período de desenvolvimento automatizado em perfeita sintonia com o mercado; uma carroça puxada por dois cavalos no passado corria a uma velocidade média de 28km/h em condições ideais, hoje em São Paulo nossa maior metrópole, com filas, semáforos, alagamentos e outros obstáculos provocados pela mesma “tecnologia” a velocidade média varia entre 11,0km/h e 18km/h, estamos avançando ou retroagindo?

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Nas indústrias estamos ouvindo diariamente o termo indústria 4.0 que aponta para sistemas produtivos autônomos eficientes e customizáveis com uma promessa de que tudo será resolvido com a apertar de um botão.

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Na verdade quando automatizamos uma atividade ocorre uma substituição do trabalho braçal pelos movimentos de uma máquina que vai executar esta ação, para que esta ação seja executada são necessárias que outras pessoas criem a máquina automatizada, outras pessoas programem o software destas máquinas e ainda outras pessoas especializadas para resolverem os problemas quando as coisas derem erradas (suporte). A automação provoca um deslocamento de pessoas do trabalho braçal para o trabalho intelectual que ainda é trabalho e gera novos empregos, enriquecimento de cargos e ganho de escala facilitando as coisas.

Por outro lado você já olhou para a roupa que está usando? Já parou para pensar como sua roupa é produzida?

Por mais tecnologia que temos no agronegócio para cultivar as fibras, no processo de beneficiamento das fibras, no processo de transformar as fibras em fio, no processo de transformação do fio em tecido, no processo de aplicar cor ao tecido, no processo de cortar o tecido; vemos uma grande oportunidade de melhoria no processo de costura que por mais estranho que pareça ainda depende em grande parte de pessoas treinadas – as costureiras e costureiros. Com todas as tecnologias dos processos anteriores a sua roupa ainda passou pelo calcador de uma máquina de costura e muitas costureiras precisaram executar cada operação necessária para compor uma peça de roupa completa. A máquina de costura trança o fio sobre o tecido prendendo as partes para formar a roupa, mas para que a roupa seja formada com qualidade e dentro das especificações a costureira passou por meses e anos de treinamento para saber como cada tecido se comporta, qual movimento da mão é mais indicado e como o pé deve ser levado ao acelerador da máquina de costura para executar cada operação. Uma complexidade de detalhes e improvisações que só pode ser confiado a um ser humano levando as tecnologias a pequenas inovações na máquina de costura desde sua invenção em 1829 pelo alfaiate francês Barthélemy  Thimmonier. Ainda temos muita a fazer nesta fase da cadeia têxtil, porque estamos demorando em inovar nesta etapa da cadeia têxtil? Talvez porque os recursos financeiros necessários ainda não sejam viáveis, talvez porque ainda não chegou o momento, talvez porque não parece ser uma etapa importante, talvez seja algo muito complexo para as tecnologias de que dispomos no momento...

Mas o fato é que a roupa que você utiliza ainda foi feita pela máquina de costura juntamente com um(a) costureiro(a).

Assim como temos propagandas de carros que vão de 0km/h a 100km/h em segundos e que nossas indústrias estão automatizadas ainda estamos rodando nas estradas de nossas cidades com a mesma velocidade de uma carroça e estamos produzindo nossas roupas como produzíamos quando inventaram a máquina de costura.

Será que estou errado?

Até a próxima!