Tecnologia x Humanidade, o eterno conflito
Desde que mundo é mundo, haverá sempre o conflito da tecnologia versus a humanidade. Assim como quaisquer debate, ambos os lados têm pontos de vistas distintos sobre o tema em questão. E, pode se dizer que ambos estão corretos. "Não existe um certo ou um errado, tudo vai depender do ponto de vista de cada", como diriam os especialista do ramo da Qualidade.
Ontem mesmo, eu e meu melhor amigo, paramos por quase uma hora para debater sobre este tema. Apesar da grande amizade existente, somos diferente em muitos aspectos, por exemplo: ele é botafoguense, eu flamenguista. Ele é marxista, já eu tenho tendências mais neoliberal, e assim sucessivamente. Tirada as divergências, sempre conseguimos manter um diálogo, onde um respeita a opinião do outro. Entretanto, ontem não chegamos a um consenso comum.
Na maioria dos casos sobre esse tema, ou a pessoa é quase que exclusivamente à favor de um lado ou de outro. Aos que defendem a tecnologia, alegam que esta nos traz grande benefícios, tais como: agilidade, rapidez, etc. Por outro lado, que é contrário, sempre cita o desemprego como fator fundamental. Ambos estão corretos em seus respectivos pontos de vistas, não acham?! Cada vez mais no mundo atual, seja no âmbito pessoal e/ou profissional, estamos buscando agilidade e rapidez. E, para isso, a internet foi um avanço e tanto para a humanidade. Só quem viveu antes da popularização da internet, nos anos 1990, saberá o que estou falando. A juventude que tem por volta dos 20 anos hoje, não faz ideia, de quão complexo era para buscar informações.
Hoje certamente a música Geração Coca Cola, do Legião Urbana, seria Geração Internet. (Edilson Jr)
Infelizmente a tecnologia traz desemprego sim. Basta ver alguns exemplos simples, que podem passar despercebidos por alguns:
- Guichê de estacionamento (shopping, metrô, etc): basicamente muitos já foram, ou vem sendo, substituídos por máquinas automáticas, onde você simplesmente coloca o cartão e realiza o pagamento. Cada vez mais, o dinheiro está virando virtual, e, nós como um todo, até por questões de segurança, estamos evitando de sacar dinheiro, e realizando pagamentos com cartões, pois é mais seguro.
- Cobrador de ônibus: é uma profissão que basicamente acabou (pelo menos no município do Rio de Janeiro, possivelmente alguns outros lugares ainda deva ter). A profissão foi incorporada ao motorista, que erroneamente faz a dupla função, isto é, conduzir o veículo e realizar a contabilidade. Dirigir é uma responsabilidade e tanta, onde o condutor está levando vidas. Logo, uma distração, pode acabar acarretando em tragédia, como já aconteceu algumas vezes. Além disso, muita gente utiliza Bilhete Único, o que é a justificativa utilizada pelas companhias de ônibus, por realizar a substituição desses profissionais.
- Ditalógrafo. Quem viveu até o final dos anos 1980 era requisito praticamente obrigatório.
- Telefonista: hoje fazer uma ligação parece bem simples. Você pode ligar até para outro país sem pagar nada, simplesmente utilizando algum aplicativo como WhatsApp, Skype, etc. Mas até algumas décadas atrás, fazer uma ligação era extremamente complexo e necessitava de apoio desse profissional.
Tecnologias de chamada, tais como o Skype, parece ser algo recente, não é
mesmo? Pois bem, não é! Em 1969, quando Neil Armstrong pisou na lua, toda
comunicação era feito via satélite, sem fio, wireless. E, o mesmo mantinha
contato direto com a base da NASA.
Muitas das tecnologias iniciaram nos ramos aeroespacial e militares.
Posteriormente, os mesmos, foram incorporados ao civil. Alguns exemplos:
celular, microondas, internet, tecnologia wireless, etc.
Essas são somente alguns exemplos de profissões que deixaram de existir, em função, da tecnologia. Há uma infinidades de tantas outras, que poderia citar. Hoje mesmo estava realizando um transação via celular. Em apenas alguns cliques, resolvi o que precisava. Logo me veio a lembrança dos anos 1990, onde me recordo que, na infância, meus pais sempre ficavam em longas filas do extinto Banco Real (hoje Santander) para resolver coisas simples, que hoje são resolvidas por um aparelho móvel.
Lembro muito bem que, assim que a internet começou a ficar popular, algumas
pessoas diziam que, por conta da invenção do e-mail, ninguém mais iria
mandar cartas. E, com isso, a profissão carteiro seria extinta.
Hoje, raras são as pessoas que ainda mandam carta, entretanto, os carteiros
que outrora majoritariamente entregava cartas, agora entrega majoritariamente
encomendas. Encomendas essas, muita das vezes, comprada via internet. Olha
a tecnologia aí.
Antes da Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra do século XVIII, todos trabalhos eram executados por mãos humanas. O problema maior disso eram basicamente 2 (dois): tempo e ausência de padronização, isto porque, realizar um trabalho manual pode levar muito tempo, por parte de quem está executando o serviço. Além disso, dificilmente um produto realizado, mesmo que pela mesma pessoa, de forma manual, ficará idêntico ao segundo ou terceiro produzido por esta. Logo, o produto que antes podia demorar dias, agora poderia demorar horas, ou mesmo, minutos. Com isso, aumento da produtividade e, consequentemente, dos lucros para a empresa. Antes as empresas dependiam exclusivamente da mão de obra do artesão, ficando dependente deles terminarem de executar o serviço, logo, muito sabendo que a empresa dependia de seu trabalho, podiam ficar enrolado dias, semanas e meses, pois não tinha quem os substituíssem. Foi aí que vieram as máquinas e, da noite a para o dia, muita gente ficou desempregada.
Embora a energia a vapor tenha sido oficialmente declarada inventada durante
a Revolução Industrial, há registro que no Egito antigo, os cientistas já
haviam realizado sua descoberta. Entretanto, a ideia não teria sido levada
adiante, pois substituiria a mão de obra escrava. E, a comercialização de
escravos era algo extremamente lucrativo. Logo, assim como em nossa política
o projeto foi "engavetado".
Se por um lado as máquinas a vapor trouxeram maior agilidade, produtos mais ou menos padronizados e lucros exorbitantes nunca antes vistos pelos acionistas, por outro lado, trouxe miséria para a população. Com muita mão de obra disponível, os patrões exploravam ao máximo os seus subordinados. E, foram necessárias, inúmeras revoltas, no período de 100 anos, até que o Parlamento inglês, votassem leis sérias que defendessem os trabalhadores.
O grande desafio enfrentado por muitas nações, onde há avanços da tecnologia é: realocar aqueles colaboradores que perderam seus respectivos empregos, em função, da mecanização dos processos. Não é uma tarefa fácil de lidar! Devemos lembrar que estamos são pais de família, mães e/ou responsáveis, que, de repente, viram seus respectivos trabalhos perderem suas importâncias e, com isso, necessitam buscar outras fontes alternativas de renda. O número de desempregado cresce, cresce o trabalho informal, violência, etc. Logo, antes de pensar em substituir as pessoas, é fundamental a realização de uma análise crítica sobre como realocar as pessoas, diminuindo o impacto negativo causado pela tecnologia.
Tecnologia demais em um curto espaço de tempo, pode trazer consequências irreversíveis para a humanidade. E humanidade demais sem avanços tecnológicos, também é um problema, pois a população crescerá e como dar acesso a informação a grande maioria, tratar doenças, etc., não fosse os grandes avanços tecnológicos, muitas pessoas continuariam a morrer de doenças simples de serem tratadas.
Deve haver equilíbrio entre ambos os lados. Contudo, isso quase nem sempre é possível, pois se você mexe de um lado, afeta o outro. E, como no cenário político: se você aumenta o tempo de contribuição previdenciária em 2 (dois) anos que seja, todo mundo vai reclamar! Muitos com razão. Por outro lado, se você diminuir em 2 (dois) anos, todos vão te elogiar e vão lhe promover a herói nacional. Porém, caso essa redução ocorra, alguém pagará o preço desta atitude. Poderá não ser esta geração, mas as futuras sentirão "na pele" as consequências. É o mesmo entre a Tecnologia x Humanidade. Se não houver um equilíbrio, não dará certo.
Edilson Jr.'.