Tempo de transição - Tempo de travessias
Crises têm o papel de atuar como despertadores, acordando empresas e pessoas e sinalizando que é tempo de compreender as grandes mudanças no ecossistema onde se atua, fazer análises e reflexões mais profundas, tomar medidas necessárias e fazer transformações inadiáveis.
Conforme disse Beata Javorcik, economista chefe do Banco Europeo para a Reconstrução e o Desenvolvimento,“o coronavírus não vai acabar com a globalização, mas vai mudá-la”.
O Covid-19 tem jeito de ser um daqueles eventos que vem para atuar como turning point, pois joga por terra boa parte do saber desenvolvido no passado, assim como boa parte da lógica estratégica que vinha sendo adotada por países, empresas e também pelas pessoas
Parafraseando Beata, o coronavírus não vai acabar com as empresas e a lógica dos negócios e das relações, mas vai mudá-las.
Está se evidenciando que ninguém mais sozinho será capaz de solucionar problemas tão complexos como os que todos estamos vivendo; nenhum país ou empresa, isoladamente, vai conseguir resolver seus problemas decorrentes do coronavírus e/ou semelhantes, como, por exemplo, a crise climática, a crise nuclear, a crise da liberdade-privacidade, a crise da democracia moderna.
A explicação da realidade é complexa e multivariada: não existe um único fator que dá conta completamente dos eventos. Os problemas serão cada vez mais sistêmicos e não adianta culpar uma pessoa ou uma decisão por situações do presente.
O atual modelo de negócio necessariamente terá que ser revisto. Muita coisa terá que mudar. Muitos pressupostos deixarão de existir. Não será mais inteligente pensar apenas no curto prazo, pois não temos mais o domínio sobre o que é curto ou longo prazo. Algo pode acontecer a qualquer momento e tudo mudar: nós já sabíamos disto, mas não tínhamos vivido isto tão intensamente quanto agora e nunca tínhamos experimentado impactos tão dramáticos.
As empresas precisarão repensar pilares estratégicos como, por exemplo, a sua cadeia global de valor. Valerá a pena, para maximizar a redução de custos no curto prazo, correr os riscos de depender do fornecimento de um único país ou fornecedor? Talvez valha a pena se esse país for o que possui a melhor/mais rápida resposta a crises. Mas, talvez, esse mesmo país tenha diretrizes para sua própria população percebidas como não virtuosas por grande parte da opinião pública global. O que fazer? Quais são os efeitos de primeira, segunda e terceira ordem de tal decisão? Quais são os efeitos no curto e longo prazos?
Os países e as empresas têm o direito de colocar seus interesses em primeiro lugar, mas cada vez mais terão muito mais dificuldades para impor isto seja para quem for.
Os novos desafios globais e organizacionais somente se resolverão a partir do compartilhamento honesto de saberes, experiências, recursos, mercado, tecnologias. Mas nada será fácil: o top management e os líderes nas organizações precisarão superar suas tendências de acharem que passado o pico da crise tudo voltará a ser como antes, incluindo as práticas de gestão/liderança e construção de relações.
Poderá custar caro não aprender com eventos como o Covid-19, que não ocorrem por acaso!
Que nossos líderes não sejam como “...aqueles que vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem”.
Está emergindo uma era de possibilidades inauditas para as pessoas e organizações. Por outro lado, inevitavelmente, será uma época de muitos conflitos e, esperamos, de muita negociação. Talvez seja um tempo de muita colaboração criativa, que também gera conflitos no “entorno sistêmico”.
Não mais haverá espaço para soluções unilaterais, absolutas e eternas.
Mario Lucio Machado e Airam Correa. – partners da Wisnet Consulting.
Representante comercial- Trade representative | Ourofino Saúde Animal
4 aSimplesmente excepcional essa linha de raciocínio e visão. Meus sinceros parabéns ao autor Mario Lucio Machado
Keynote Speaker, Facilitador e Coach internacional em L&D com experiências impactantes
4 aExcelente artigo Mario Lucio Machado, como desencadear essa #visãosistémica ? Mudança da #cadeiadevalor? O principal desafio vai ser "compartilhamento honesto de saberes, experiências, recursos, mercado, tecnologias" dado que a origem do fenómeno por parte da China mostrou exatamente o oposto, omitindo e mentindo à #OMS sobre o #covid19 até 31 de dezembro 2019... E as pessoas, as nações, seguem exemplos, modelos! Qual o significado que terá tudo isto nos hábitos já existentes de gerações e de "boas práticas" profissionais na sequência? Como alterar o status quo no pós crise? Que podemos fazer #agora por isso? Abraço e #keepsafe
Filosofia, pela FAI. Psicologia, pela São Marcos Mestrado em Desenvolvimento Organizacional | Universidade de São Paulo
4 aQuestões cruciais, Mario. Para olhar e ver! Compreender e agir!
Gerente de Treinamento e Desenvolvimento | Supervisão de Recursos Humanos | Desenvolvimento Organizacional | T&D | Clima Organizacional | Talent Acquisition
4 aExcelente artigo, meu caro amigo Mario Lucio Machado. Forte abraço.
Leadership Strategist • People & Culture • Certified Trainer • Talent Magnet • Global & Multicultural Mindset • Board Member • Entrepreneur • Visionary • M&A • ROI
4 aQue fonte de inspiração este seu artigo meu Caro Mário Lúcio. Como sempre lúcido, refinado e direto ao ponto. Eu acrescentaria que precisaremos de mais “coração”,para seguir em frente, do que a lógica. Todos os nossos Valores estão sendo desafiados e precisamos aprender coletivamente para um mundo melhor e mais fraterno. Stay Healthy ! Fraternal abraço!