Tendências da mineração para 2023: gerando valor e liderando a transição energética

Enfrentamos hoje uma grande contradição quando falamos do papel da mineração no Brasil e em todo o mundo. Por um lado, temos um crescimento vertiginoso da população global – a estimativa é a de que seremos 8,5 bilhões de pessoas em 2030, segundo a ONU – e isso exige investimentos pesados em indústrias que se baseiam fortemente em minerais e metais, como tecnologia, transporte, agricultura e infraestrutura. 

A demanda por esses produtos também vem crescendo por um outro motivo: a transição energética. Isso porque à medida que a economia verde avança, também cresce a procura por produtos minerários usados nessa transição. Um dos exemplos mais claros vem da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que estima que a demanda por minerais usados em veículos elétricos e armazenamento de baterias crescerá dez vezes até 2040.

O outro lado dessa moeda, no entanto, traz um cenário bem diferente, ou seja, nada favorável à indústria da mineração. Isso porque apesar de essa busca por metais e minerais nunca ter sido tão grande, a oposição pública à mineração também nunca esteve tão alta. Há uma forte e crescente cobrança para que essa indústria assuma seu papel na nova economia verde, adotando medidas sustentáveis e que ajudem a mitigar os efeitos da emergência climática.

Por conta disso, iniciativas que poderiam ser importantes fornecedoras de minerais críticos, como o lítio, estão sendo prejudicadas em todo o mundo devido à pressão de parte da sociedade. É o caso do projeto do grupo Rio Tinto de exploração de lítio na Sérvia, cuja autorização foi revogada após  protestos de ambientalistas.

Podemos dizer que, por muito tempo, as histórias envolvendo a indústria da mineração se concentram, em sua maioria, nos aspectos negativos. No entanto, acreditamos que as empresas de metais e mineração têm um vasto potencial para reverter esse quadro. Afinal, esse setor sustenta aproximadamente metade da economia global e, por isso, está bem posicionado para influenciar positivamente o desenvolvimento social, ambiental e econômico, criando um ecossistema saudável e regenerativo que inclua pessoas, planeta e indústria.

Prova disso são as oportunidades identificadas no relatório “Tracking the Trends 2023”, que traz as principais tendências que revelam o valor indispensável que o setor pode oferecer. Mais do que isso, elas trazem exemplos concretos de como as organizações de mineração e metais podem não apenas obter uma vantagem competitiva no mercado, mas também podem fazer a diferença no mundo.

O relatório, chamado de “O papel indispensável da mineração e dos metais”, traz 10 tendências do mercado para este ano, sendo uma delas – bastante relevante para o contexto brasileiro – detalhada abaixo. 

De acordo com a tendência “Valorização da natureza: gerando uma vantagem estratégica por meio do capital natural”, as empresas de mineração devem incorporar metas ambientais, sociais e de governança (ESG) em suas estratégias e operações. No Brasil, players importantes estão se destacando por valorizar conceitos de ESG no centro de suas atividades. São iniciativas que promovem interações sustentáveis com a natureza, como preservar e plantar milhões de árvores na área da sua fábrica, ajudando a reduzir as emissões e a poluição sonora, preservando também a boa relação com as comunidades locais. Esse fator se torna ainda mais preponderante no País, pela questão das ameaças e ataques promovidos por garimpeiros ilegais contra indígenas, o que acaba prejudicando a reputação do setor, mesmo que as empresas em si não estejam envolvidas.

Outras tendências citadas no relatório incluem circularidade consciente, a descarbonização do setor, a criação de cadeias produtivas mais resilientes e o uso de relatórios de impostos e contribuições econômicas para mudar a percepção da mineração. Essa última também é especialmente importante no cenário brasileiro, já que pode ajudar na construção da confiança das comunidades locais e de outros stakeholders para se obter a chamada licença social para operar. Afinal, é cada vez mais importante que a sociedade tome conhecimento de forma clara e transparente das ações das mineradoras e siderúrgicas que beneficiam a economia e as pessoas. 

Não deixe de ler o relatório completo!