Tenho preguiça de ser CEO:
Num mundo tradicional e linear.

Tenho preguiça de ser CEO: Num mundo tradicional e linear.

Já vou começar explicando que não é uma crítica a nenhum CEO. Faz um tempo que penso sobre carreira, sobre como a minha vida profissional deve ser conduzida e qual seria a maior conquista que poderia projetar ou quisesse conquistar.

A velocidade com que as coisas acontecem hoje me fez refletir um pouco sobre tudo o que já planejei e o seguinte pensamento que me deixou perplexo. Eu já almejei ter um alto cargo em uma grande empresa e estar rodeado de pessoas e secretárias com uma sala incrível, com direito a sofá e um frigobar repleto de coisas legais para comer e beber, tendo ainda uma bandeja com copos e algumas bebidas incríveis. Essa referência foi a que formei quando criança vendo filmes, novelas, seriados enfim, esse estereótipo de sucesso foi formado na minha cabeça há alguns anos. Isso não existe mais, isso não é mais possível, isso não me motiva mais e é o típico pensamento que a gente guarda apenas para nós. Como alguns de nós que queriam ser super heróis ou sereias.

O que posso perceber é que as referências de sucesso mudaram. Andar todos os dias de terno e gravata e ter uma sala enorme já não é aspiracional para uma geração que vem por aí querendo mudar o mundo. O propósito vem antes dessas conquistas que caracterizaram gerações passadas. Fazer carreira, ou seja, doar mais de 5 anos à alguma empresa em troca da garantia de salário, benefícios e com a promessa de conquistar “cargos” dentro a organização, deve motivar cada vez menos os novos profissionais. Os jovens querem o mais rápido possível deixar sua marca. Eu mesmo já não me incluo nessa lista de “profissionais de carreira”, o que dirá quem já nasceu com o espírito libertador e no ambiente seguro da experimentação.

Seguro porque vivemos um momento de liberdade criativa nas nossas vidas. O mundo já entendeu que pessoas são cada dia mais inquietas e isso não quer dizer que são irresponsáveis, há muito o que se fazer e há muito com que aprender. Está cada vez mais difícil manter bons profissionais, reter talentos apenas prometendo cargo e carreira, salário e benefícios. Essa regra não cabe mais. Por essa razão, remeto ao título deste texto, a preguiça que menciono é para exaltar que a nova geração não quer esperar 10 anos ou mais para que o cargo que venha a ocupar pelo “tempo de serviço” faça com que sejam ouvidos, todos nós queremos participar de verdade da mudança, mesmo que para isso seja necessário empreender. E é exatamente o que está ocorrendo hoje. O desejo de transformar o mundo está levando cada vez mais jovens para o mundo start up.

Uma das mais conceituadas universidades do mundo, a Singularity University, inspira seus alunos a usar a tecnologia para impactar 1 bilhão de pessoas em uma década. Essa é a nova referência de bilionário que estamos nos deparando. Ser bilionário não é ter um patrimônio de 1 bilhão de dólares, mas, transformar a vida de 1 bilhão de pessoas. Muitos devem pensar, legal, todo mundo podia ser bilionário antes, e na minha vez o mundo muda? Sim, o mundo mudou e precisamos nos adaptar a isso.

Claro, todos precisamos de dinheiro, é necessário se olhar para o nosso universo capitalista, mas, o ponto aqui é que posso ganhar dinheiro ao gerar um impacto desses. Para as novas gerações criar algo exponencial a ponto de que receber por isso é aceitavelmente justo, já que é uma troca e não apenas um lado ganha. Esse é o ponto crucial em tempos de poder da multidão, colaboração e todos os temos moderninhos, que muita gente fala, mas, não faz.

Todo esse discurso romântico para dizer que, o mundo mudou e as pessoas estão mudando. A tecnologia contribui para que toda essa mudança ocorra bem rápido. Estamos nos acostumando com essa velocidade, estamos sedentos para experimentar tudo aquilo que nem imaginávamos que iria existir e despreparados, mas ansiosos, para tudo aquilo que nem temos ideia do que será, mas acreditamos que virá em breve.

E mais, queremos ser a todo momento protagonistas nessa transformação, queremos deixar nossa marca o mais rápido possível no mundo, não queremos esperar 1 ano ou mais traçando os velhos caminhos que gerações anteriores percorreram. Aprendemos rápido e queremos colocar em prática, queremos experimentar, testar, aprender e corrigir o curso em cada vez menos tempo. Por isso, tentar reter um talento lhe prometendo uma promoção ou dizer que será preparado para assumir grandes responsabilidades, com o rótulo de cargo, não vai mais funcionar. Sim, nesse modelo, tenho preguiça de me tornar CEO.

Graziella Rigotti

Comunicação Interna e Partner do Agi 💙💚

7 a

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos