Teoria das Disposições de Prioridades
Por Wagner Borba
Resumo: Este artigo propõe uma construção teórica sobre as disposições que norteiam as prioridades, um estudo que se concentra na alocação de recursos limitados em um ambiente com múltiplas demandas. Discutiremos os principais conceitos, princípios e aplicações dessa teoria, demonstrando sua relevância em diversos contextos, como gestão de projetos, economia e tomada de decisões estratégicas. Além disso, exploraremos as contribuições de alguns dos principais teóricos e pesquisadores nessa área.
1. Introdução
Em todos esses anos atuando em um campo onde a inovação é o norteador da maioria das decisões estratégicas, já me deparei com uma série de situações em que o conceito de prioridade assume um grau de subjetividade absurdo. Trabalhar com desenvolvimento de produtos digitais nos leva a entender que toda nova demanda já nasce com um considerável senso de urgência, seja para validar uma determinada hipótese ou para atender ao tão falado Time-to-Market. A teoria das disposições de prioridades é uma disciplina que se dedica a compreender como a alocação eficiente de recursos pode ser alcançada em cenários onde as demandas superam a oferta disponível. Essa teoria é fundamental em diversas áreas, incluindo economia, gestão de projetos, logística, saúde e tomada de decisões estratégicas. Neste artigo, exploraremos os principais conceitos e princípios dessa teoria, bem como suas aplicações práticas.
2. Conceitos Fundamentais
2.1. As prioridades só existem porque em todos os contextos em que elas fazem presentes há recursos limitados e demanda. O resultado desses dois motivadores precede a fundamentação das prioridades.
2.2. Recursos Limitados: A base da teoria das disposições de prioridades reside no reconhecimento de que os recursos são finitos e insuficientes para atender a todas as demandas. Isso pode ser representado por recursos financeiros, tempo, mão de obra, espaço físico, entre outros.
2.3. Demanda: A demanda refere-se às solicitações por esses recursos limitados. Pode ser interna, quando diferentes departamentos ou áreas competem pelos mesmos recursos, ou externa, quando várias partes interessadas externas demandam esses recursos.
3. Princípios da Teoria das Disposições de Prioridades
Há alguns axiomas na teoria das disposições de prioridades que nos faz pensar por que, inevitavelmente, toda organização que opera por demanda precisa direcionar, não só seu esforço físico, mas seu foco intelectual, em resolver como os problemas serão solucionados. E isso se dá porque há três princípios básicos que sustentam essa afirmativa:
3.1. Princípio da Escassez: Esse princípio reconhece que a escassez de recursos é uma realidade inevitável e que as organizações precisam tomar decisões cuidadosas sobre como alocar esses recursos para maximizar seu valor.
3.2. Princípio da Priorização: A priorização envolve classificar as demandas de acordo com sua importância e urgência. Nem todas as demandas são iguais, e a priorização ajuda a garantir que os recursos sejam alocados primeiro para as demandas mais críticas.
3.3. Princípio da Eficiência: Este princípio enfatiza a importância de alocar recursos de forma eficiente, buscando minimizar desperdícios e maximizar o retorno sobre o investimento.
Se pensarmos que toda a organização está sempre buscando priorizar alguma coisa em detrimento de outras, nos cabe avaliar não só se temos recursos suficientes para atender as demandas, mas sim se os recursos são eficientes.
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4. Modelos de Alocação de Recursos
O princípio da escassez nos garante que toda a alocação de recurso precisa de um método para otimizá-los. As decisões sobre o emprego desses recursos precisam seguir um padrão de alocação que evite desperdício e ineficiência.
4.1. Método de Priorização Matricial Esse método atribui pontuações a cada demanda com base em critérios predefinidos, como custo, impacto e urgência. As demandas são então classificadas com base nessas pontuações, e os recursos são alocados às demandas de maior pontuação.
4.2. Método de Programação Linear A programação linear é usada para otimizar a alocação de recursos, considerando as restrições orçamentárias e a maximização de benefícios.
Também podemos considerar a combinação dos dois modelos para trabalhar o emprego de recursos de forma mais assertiva. Considerando que vivemos em uma economia de abundância, onde deixamos de consumir por unidades para consumimos por "quanta" (pacotes), eficiência tem mais valor do que eficácia.
5. Aplicações Práticas
5.1. Gestão de Projetos: Na gestão de projetos, a teoria das disposições de prioridades ajuda a determinar quais tarefas ou atividades devem receber prioridade quando os recursos são limitados. Projetos estratégicos ou de caráter emergencial para atingir um objetivo de curto prazo necessitam de um esforço de priorização constante. Em gestão de projetos, limitação de recursos (financeiros, mão de obra, etc) é uma realidade costumeira. Subindo um nível, na gestão de portfólio de projetos, já existe uma primeira rodada de priorizações (na maioria das vezes usando um método matricial) para garantir que todos os projetos estão alinhados com a estratégia organizacional. Ao passar para a segunda camada (dos programas) uma nova avaliação precisa ser feita, para garantir que temos os recursos adequados para tal.
O mesmo acontece por demandas prioritárias, onde o propósito do projeto vem de algum requisito regulatório (mudança de legislação) ou até mesmo um reposicionamento estratégico da organização. Neste caso as disposições são alinhadas com todas as partes interessadas nos projetos, para que a ordem de priorização seja definida e ações sejam tomadas para garantir a sequência desejada.
5.2. Economia: A alocação eficiente de recursos é crucial na economia, onde as escolhas de alocação de recursos afetam o bem-estar econômico de uma sociedade. Nos deparamos diariamente, por exemplo, que vários casos de má aplicação dos recursos públicos. Isso pode afetar programas de governo e políticas públicas com impacto em toda a população. Ações mal priorizadas geram prejuízo de milhões todos os anos, impactando no poder de captação de investimentos externos e execução de projetos fundamentais para o crescimento da economia, oferta de emprego e renda para a população.
6. Contribuições de Teóricos e Pesquisadores
Vários teóricos contribuíram significativamente para o desenvolvimento da teoria das disposições de prioridades. Entre eles, destacam-se Herbert A. Simon, que explorou a racionalidade limitada na tomada de decisões, e Thomas Schelling, que desenvolveu teorias sobre a cooperação e o conflito na alocação de recursos. O artigo não se propõe a trabalhar as teorias propostas por eles, mas tomou-as como base em sua construção.
7. Conclusão
A teoria das disposições de prioridades desempenha um papel fundamental na alocação eficiente de recursos em cenários de escassez. Ela oferece uma estrutura sólida para a tomada de decisões informadas e é aplicável em uma variedade de campos, desde a gestão de projetos até a economia. Compreender os princípios dessa teoria é essencial para otimizar o uso de recursos limitados e alcançar melhores resultados em diversas áreas.
Referências Bibliográficas
Coordenador de Serviços a clientes e Operações
1 aExelente Artigo.