TERMINAÇÃO DE BOVINOS A PASTO
A produção de carne bovina no Brasil em 2024 deve alcançar a quantidade de 10 MM de toneladas equivalente carcaça, quantidade recorde para os últimos 10 anos. Nessa projeção deverão ser abatidas 36 mm de cabeças em 2024 o que registrara um aumento de 4,8% de abate ante 2023. No primeiro semestre de 2024 registrou-se um abate de 5,4 mm de fêmeas o que representa um aumento de 18% no abate de fêmeas ante o mesmo período de 2023. No primeiro semestre de 2024 já foram abatidos no total 19 mm de cabeças 0 que representa um aumento de 17,8% ante o mesmo período em 2023. Esses registros colocam o Brasil como segundo maior produtor mundial de carne bovina ficando atrás apenas dos EUA. Toda essa oferta agregada tem um efeito nos preços da arroba de boi gordo que segue em preços médios baixos completando mais um ano do chamado Ciclo de Baixa. O destaque nesse processo é o forte aumento do abate de fêmeas aumentando a oferta agregada. Os fatores a elevar o abate de fêmeas são os preços baixos e também a melhora na eficiência da atividade de cria nos últimos anos gerando mais colheita de bezerros por quantidade de vacas.
Dentro deste cenário de alta produção o abate de bovinos tem sido feito com animais terminados a pasto, em confinamento e mais recentemente nos últimos anos o confinamento a pasto que vamos discorrer aqui suas principais características.
Para 2024 projeta-se uma quantidade de 7,4 mm de cabeças terminadas em confinamento o que representa um crescimento de 2,5% ante 2023. Nesse total de animais confinados o abate de fêmeas tem crescido significativamente evoluindo de 6% em 2021, para 14% em 2022 e 16% em 2023. Projeta-se que pelo menos 18% dos 7,4 mm de abates de confinamento em 2024 sejam fêmeas.
Não existe ainda estatísticas do total de animais terminados em confinamento a pasto também chamado de TIP, Terminação Intensiva a Pasto. Nas estatísticas de animais confinados podem estar também os animais terminados em confinamento a pasto e estima-se que ao redor de 15% do total considerado de confinamento venham da TIP, o que equivale a 1,1 mm de cabeças terminadas em TIP.
A evolução da técnica de engorda a pasto veio da técnica do semi confinamento quando eram fornecidos concentrado na base de 1% até 1,5% do peso vivo. Este nível de fornecimento não atendia a demanda diária nutricional e os animais buscavam mais pasto para completar o consumo o que resultada em ganhos de pesos diários mais modestos, ao redor de 0,900 kg/cabeça /dia. No semi confinamento registrava-se a substituição do consumo de pasto por concentrado, mas sem a compensação nutricional em termos quantitativos do concentrado oferecido.
A técnica de confinamento a pasto evoluiu para fornecimento de concentrado equivalendo a 2% do peso vivo animal. Muitos trabalhos técnicos direcionaram a elaboração de concentrado para esta prática com a inclusão de tamponantes e inóforos sempre seguidos de uma adaptação rigorosas dos animais ao concentrado em média durante 14 a 21 dias, desta forma os animais atingem o nível de consumo desejado de concentrado sem apresentar problemas digestivos como acidose, empanzinamento ou laminite. O consumo residual de capim é muito importante para completar a dieta e fornecer fibras. É recomendado em média 5 cabeças/há, em pastos diferidos, para uma engorda de 90 a 120 dias.
Um aspecto importante desta pratica consiste então em ter oferta de pastagens aos animais mesmo que residual. Há referencias na literatura da necessidade de ao menos 6 a 8 toneladas/há/cabeça de matéria seca de forragem durante o período de engorda. Porém como essa métrica é difícil de ser feita na grande prática o manejo da disponibilidade de pastagem passa a ser visual que de acordo com a oferta de forragem faz-se o ajusta de uma até 5 cabeças/há, mantendo-se o fornecimento diário de concentrados 2% do peso vivo animal diariamente.
Um aspecto muito importante é o balanceamento do concentrado. Recomenda-se receber a orientação de um nutricionista para isto. Em geral o concentrado terá uma fonte de energia, ou mais, como milho, polpa cítrica, sorgo, a fonte de proteína como farelo de soja ou algodão mais ureia e, muito importante, um núcleo mineral com todos macro e micro minerais incluindo um tamponante, em geral o bicarbonato de sódio, e um ou dois ionóforos que irão manter o ambiente ruminal equilibrado sem distúrbios digestivos. Em geral o concentrado deverá ter de 70 a 75% de NDT (nutrientes digestíveis totais) e 12 a 14% de PB (proteína bruta) na matéria seca do concentrado. O ganho médio diário na TIP fica ao redor de 1,2 a 1,4 kg/cabeça/dia e seu período de engorda dependerá do peso vivo de entrada dos animais variando entre 60 até 120 dias. A literatura mostra que o rendimento de carcaça (RC) médio de animais terminados em confinamento a pasto é semelhante aos animais terminados em confinamento, registrando números entre 54 e 56% de RC.
Resumimos a seguir as principais características para um bom manejo do confinamento a pasto ou TIP:
1. Formar lotes homogêneos quanto sexo, peso e era.
2. Definir o consumo alvo de concentrado de 2% do peso vivo do lote como a meta para o início da engorda após a adaptação;
3. Fazer uma adaptação que pode variar de 14 a 21 dias. Essa fase é muito importante para adaptação da flora ruminal. De acordo com o tempo de adaptação escolhido fornece-se 50%, 75% e finalmente 100% da meta definida. (item 2).
4. O fornecimento do concentrado deverá ser parcelado em 2x ao dia, sempre no mesmo horário.
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5. A área de forragem deve ser calculada como 1 a 5 cabeças/há de acordo com a avaliação inicial do pasto ou um eventual diferimento.
6. Disponibilizar 40cm de cocho por cabeça.
7. Observações rotineiras do lote diariamente incluindo a observação do pastejo, isto pode dar informação, pelo comportamento dos animais, se o manejo está indo bem.
8. Disponibilizar água em forma abundante e de qualidade de preferências em bebedouros estrategicamente colocados, em geral na medianeira do pasto
Estas são as principais características do confinamento a pasto ou TIP, terminação Intensiva a Pasto. Essa pratica pode ser feita tanto para terminação de machos como fêmeas.
Para um maior sucesso em sua propriedade é recomendável planeja e conduzir esta técnica com o apoio de um técnico especializado.
Ari José Fernandes Lacôrte
Msc Engenheiro Agrônomo
Julho de 2024