Terraformar o planeta Terra
Este é um termo que passou a estar no nosso vocabulário, como sinónimo de intervenção programada em mundos extraterrestres, de modo a transformar esses planetas ou luas, em “habitats” favoráveis à presença de vida humana ou ao aparecimento de vida semelhante à que conhecemos no nosso planeta.
Não quero me debruçar sobre as várias perspectivas que esta intervenção pode levantar, até porque, por ora, está ainda no campo da ficção científica.
Por razões de urgência imperiosa, devemos abordar a perspectiva de terra-formarmos o nosso próprio planeta, anulando, na medida do possível, os efeitos da intervenção humana.
Sabemos que o nosso planeta Terra ou “Gaia”, no sentido mais amplo de mãe ancestral de toda a vida, pauta o seu caminho inexorável com uma tendência cega para o equilíbrio, é dotado da sabedoria acumulada em milhares de milhões de anos de evolução. O programa da vida ainda é insondável, por muito que a ciência já domine algumas das suas ferramentas e daí a Terra tenha encontrado sempre forma de ultrapassar as várias extinções em massa já ocorridas nos seus 4,54 mil milhões de anos. Seis extinções em massa, pelos menos, mas a sétima já está em curso….
Seja com esta formulação atual ou com outra, o nosso planeta “sabe” como se regenerar melhor sozinho, do que sabe o Homem, fazendo recurso a toda a sua ciência. Ou seja, se nada fizermos e dentro de certos limites, decerto que a Terra irá fazer desabrochar a vida novamente, muito provavelmente sem a presença do homem ou reduzindo a sua presença a valores mínimos, possivelmente insustentáveis à prossecução da espécie e em particular, da civilização.
Hoje em dia é mais ao menos consensual que Marte já terá em tempos, apresentado condições para acolher vida. A comprovar-se, este assunto pode ser cientificamente relevante, pois pode-nos fazer compreender os mecanismos de aquecimento insustentável de um planeta, ao ponto de quase fazer desaparecer a sua atmosfera e, nesse sentido, a ciência aplicada à compreensão desse fenómeno, pode vir a auxiliar-nos, aqui na Terra, neste momento tão grave. Mas teremos tempo para isso?
Em meu entender, muito mais importante e premente do que conjeturar com a Terra-formação do planeta Marte ou de outro qualquer planeta/lua, do nosso sistema solar, é refletir e atuar rapidamente em como Terra-formar o nosso próprio planeta, ou seja, devemos refletir como reverter o aquecimento global a que o nosso planeta está sujeito por efeito da transformação humana da sua ecologia e, nesse sentido, os objetivos principais para já, são:
- restabelecer os seus ambientes naturais, ou seja, renaturalizar;
- desenvolver a reengenharia necessária para ajudar o próprio ambiente a nos salvar dos efeitos do aquecimento global;
- atuar de forma minimalista no ambiente atual o que implica a modificação de estilos de vida;
- encontrar formas alternativas de produção de energia;
Temos que compreender que a roda já corre pela colina abaixo e existem efeitos que se vão conjugando para transformar este período na tempestade perfeita. Não só temos sido incapazes de encontrar em tempo útil outras formas de energia, na fonte, que possam suprir a totalidade das nossas necessidades atuais depredatórias dos recursos naturais, como se conjugam outros fatores:
- o aparecimento dos negacionistas do aquecimento global em posições de poder (Trump, como chefe de governo do país responsável por um quarto das emissões globais acumuladas desde o inicio da revolução industrial e atualmente, o segundo maior emissor gases com efeito de estufa, o maior produtor de petróleo devido à “revolução do xisto” e de gás, do planeta; Bolsonaro como chefe de governo da maior floresta tropical e local de enorme bio-diversidade, além do quarto emissor de gases com efeito de estufa atual);
- libertação de bolsas de metano do permafrost acima do círculo polar ártico, como na Sibéria e no Alasca e sob o oceano glacial ártico; o metano ou hidrato de metano é um gás com efeito de estufa muito superior ao dióxido de carbono, com potencial de nos conduzir, rapidamente, além do ponto crítico;
- como foi previsto pelo Painel Anual de previsão Espacial da NOAA, estamos neste momento a passar pelo mínimo solar, 24 e o que se segue, será sensivelmente semelhante, ou seja, assistiremos a períodos de baixa atividade solar ou seja, com poucos ou nenhuns flares solares e poucas ou nenhumas manchas solares; poderíamos pensar que uma nova mini-idade do gelo pode acontecer, à semelhança do já que sucedeu com o mínimo de Mauder e isso seria uma boa notícia em relação aos efeitos anteriores, mas é pouco provável que tal suceda. Porém, o dínamo magnético do sol, nos períodos de mínimos solares, provoca alterações nos fenómenos de vulcanismo, ampliando-os e, por conseguinte, neste momento registamos um aumento da atividade vulcânica, com a emissão de mais gases com efeito de estufa.
Por isso, defendo a Terraformação urgente do nosso próprio planeta e não estarmos, quais lunáticos, a desenvolver planos que só se poderão desenvolver a longo prazo, para terraformarmos planetas distantes.
Se conseguirmos reverter ou amenizar o efeito das alterações climáticas por via da aplicação da ciência de Terraformar, ao nosso planeta, seja lá o que isso implica, já será um feito gigantesco.
Afinal, não existe, por ora, o planeta B.
Terraform the planet Earth
This is a term that has come into our vocabulary as a synonym for programmed intervention on extraterrestrial worlds to transform these planets or moons into habitats favorable to the presence of human life or the appearance of life similar to the one we know in the our planet.
I do not want to dwell on the various perspectives that this intervention may raise, because, for now, it is still in the field of science fiction.
For reasons of overriding urgency, we must approach the prospect of earth-forming our own planet, nullifying as far as possible the effects of human intervention.
We know that our planet Earth or "Gaia", in the broadest sense as the ancestral mother of all life, guides its inexorable path with a blind tendency towards equilibrium, endowed with the accumulated wisdom of billions of years ofevolution. The program of life is still unfathomable, no matter how much science has mastered some of its tools, and Earth has always found a way to overcome the many mass extinctions that have occurred in its 4.54 billion years. At least six mass extinctions, but the seventh is already underway….
Whether with this current formulation or another, our planet “knows” how to regenerate better on its own than man knows, making use of all his science. That is, if we do nothing and within certain limits, surely the Earth will make life bloom again, most likely without the presence of man or reducing its presence to minimum values, possibly unsustainable for the pursuit of our species and, in particular, of our civilization.
Nowadays it is at least consensual that Mars once have presented conditions to welcome life. If proven, this issue may be scientifically relevant, as it can make us understand the unsustainable heating mechanisms of a planet, to the point of almost disappearing its atmosphere and, in this sense, the science applied to the understanding of this phenomenon, can help us here on earth at this very serious moment. But do we will have time for this?
In my view, far more important and pressing than conjecturing with the Earth-formation on planet Mars or any other planet /moon, of our solar system, is to reflect and act quickly on how Earth-form our own planet. We must reflect on how to reverse the global warming to which our planet is subjected by the effect of human transformation of its ecology and, in this sense, the main objectives for now are:
- restore their natural environments, ie renaturalize;
- develop the necessary reengineering to help the environment save us from the effects of global warming;
- act in a minimalist way in the current environment which implies the modification of lifestyles;
- find alternative forms of energy production;
We have to understand that the wheel is already running down the hill and there are effects that are coming together to make this period the perfect storm. Not only have we been unable to find other forms of energy at the source in a timely manner that can meet all of our present depredatory natural resource needs, but other factors are combined:
- the emergence of global warming deniers in positions of power (Trump, as the country's head of government responsible for a quarter of the accumulated global emissions since the start of the industrial revolution and currently, the second largest emitter of greenhouse gases, the largest oil producer due to the planet's “shale revolution” and gas revolution; Bolsonaro as head of government for the largest rainforest and place of enormous biodiversity, and the fourth-largest emitter of greenhouse gases);
- release of methane pockets from permafrost above the Arctic Circle, as in Siberia and Alaska and under the Arctic Glacial Ocean; methane or methane hydrate is a greenhouse gas far superior to carbon dioxide, with the potential to quickly lead us beyond the critical point;
- as predicted by the NOAA Annual Space Forecast Panel, we are currently going through the solar minimum, 24 and the following will be roughly similar, ie we will see periods of low solar activity ie with little or no solar flares and few or no sunspots; We might think that a new ice mini-age could happen, as it did with the Mauder minimum, and that would be good news from the previous effects, but this is unlikely to happen. However, the magnetic dynamo of the sun during periods of solar minimum, causes changes in volcanic phenomena, amplifying them and, consequently, we now have an increase in volcanic activity, with the emission of more greenhouse gases. Therefore, I advocate the urgent terraforming of our own planet and we are not, as lunatics, developing plans that can only develop in the long run to terraform distant planets. If we can reverse or mitigate the effect of climate change by applying the science of Terraformar to our planet, whatever that implies, it will be a huge achievement. After all, there is not planet B.