Tesarac: de que forma o imprevisível pode ser o impulso para estabelecer uma mudança profunda no indivíduo?
"Um mar calmo nunca fez um marinheiro habilidoso", ditado popular.
Quem atua como coaching executivo sabe que um dos maiores receios do indivíduo que está no mundo corporativo, em especial na escala C-level, é lidar com o imprevisível. Isso vale tanto para o desenvolvimento da sua jornada pessoal como a dos negócios. Acostumado com a ideia fixa de que controlamos absolutamente tudo, a busca do pensamento linear se observa em larga escalada com a tentativa de planificar cada movimento ou estratégia idealizada. Até o ponto em que isso faça parte do planejamento natural de qualquer corporação, tudo bem, é parte do jogo. Entretanto, sabemos que o mundo não funciona da mesma forma que funciona um gráfico ou uma planilha, e inúmeros fatores desestabilizam de tempos em tempos e abalam aquilo que havia sido minuciosamente esquematizado. Por isso, aprender a vivenciar consciente cada momento da turbulência pode ser prenuncio de uma profunda e consistente transformação.
De que forma proceder quando você está no “olho do furacão”, vivendo o caos e sem previsibilidade? Como entender o conceito Tesarac pode ajudá-lo a orientar a sua transformação consciente? Como o processo de coaching executivo é capaz apoiá-lo nesse momento determinante?
O termo “Tesarac” foi criado pelo escritor americano Sheldon Allan Silverstein e significa literalmente "mudança profunda". A palavra é usada para descrever um episódio terrível que transforma a vida do indivíduo de forma significativa, criando um vácuo de incerteza e precede um período de mudança. No momento de um Tesarac o modo de viver que se conhecia acaba, desconstrói-se o presente e ainda não é possível fazer alguma previsão do futuro. É o período no qual todos os paradigmas são questionados para permitir o nascimento de novos paradigmas sociais, culturais e econômicos. No entanto, por mais caótica que seja, esta nova ordem ela traz novas oportunidades de transformação. Esse é o ponto central que todos deveriam observar com mais consciência para cruzar a fronteira do medo.
Boa parte das pessoas quando vivenciam momentos assim se sentem desgastadas emocionalmente e incapazes de visualizar qualquer possibilidade de enxergar a luz no fim do túnel. O imprevisível acaba com o alicerce que o individuo construiu ao longo do tempo. Não é coincidência que muitos executivos, por exemplo, quando enfrentam situação semelhante em sua jornada, recorram ao coaching executivo para sair o mais rapidamente possível dessa incerteza. Contudo, sair do caos o mais rápido possível não é exatamente o principal objetivo traçado, embora também seja um dos grandes objetivos. É importante notar que esse processo é algo como a teoria do caos, na física, em que pequenas variações nas condições iniciais de um sistema caótico podem resultar em diferenças significativas nos resultados a longo prazo.
É importante perceber que toda a ideia ou conceito perdem a sua relevância, em um processo lento e silencioso de transformação gradual ao longo dos anos. Sem dúvida que algumas mudanças ocorrem mais rápido do que outras, mas raramente somos capazes de perceber todas as forças que nos impactaram e transformaram no que somos hoje. Isso significa que a transformação nem sempre é imediata, mas rigorosamente acontece. Com isso eu quero dizer que o grande insight para quem atravessa um momento como esse é desenvolver a habilidade de se adaptar constantemente e responder com a mesma agilidade ainda que essa ainda não seja a solução definitiva.
Para exemplificar o argumento eu relembro aqui o caso da empresa americana Kodak. A marca passou por dois momentos distintos. Em 1888, quando foi fundada, ela revolucionou ao desenvolver o primeiro rolo de filme flexível e a primeira câmera fotográfica com essa tecnologia numa época em que se registrava tudo em placas de vidro, mais caras e pouco acessíveis. Entretanto, no início dos anos 2000, a empresa atravessou um Tesarac com a chegada e popularização dos celulares com tecnologia de câmera digital acoplada. A empresa vivenciou a incerteza do mercado que ainda se ajustava sem saber se a tecnologia seria bem aceita. Resolveu não apostar em pesquisas, não inovou, não apresentou nenhuma resposta ao novo momento. Em 2012, após 124 anos de sua fundação, decretou falência. Embora ainda esteja no mercado, mudou completamente o seu business.
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Historicamente há centenas de exemplos ou de momentos de Tesarac que eu poderia mencionar. Desde a revolução industrial, Pós-guerra mundial, Era Digital, Pandemia de Covid-19, entre outras. Talvez hoje com a chegada da Inteligência Artificial se popularizando algumas organizações ou executivos estejam vivenciado a incerteza em seus respectivos contextos. Para outros a incerteza é o conflito de gerações, a diversidade, a maneira de se comunicar com as pessoas. Cada um vive um Tesarac diferente, único, e provavelmente mais de uma vez na vida. Mas o que podemos fazer agora para enfrentar esses momentos com um olhar otimista? De que forma atravessar o novo sem descartar todo o aprendizado acumulado até aqui como recurso primordial? Como desenvolver a capacidade de adaptação em novos cenários? Como perceber a imprevisibilidade em sistemas dinâmicos?
Qual o Tesarac que você vivencia hoje? Como eu posso ajudá-lo a aprender a conviver com esses momentos?
Se você deseja saber mais sobre o assunto leia no meu blog outros artigos sobre inspiradores. Se deseja ter apoio de coach executivo para se desenvolver e amadurecer neste tema, entre em contato comigo:
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Jorge Dornelles de Oliveira
Julho de 2024