TINTAS ANTICORROSIVAS E A ECOLOGIA

TINTAS ANTICORROSIVAS E A ECOLOGIA

Até há pouco tempo, uma marca consolidada no ramo de anticorrosivos necessitava principalmente de ótimo desempenho de seus produtos e aumento significativo de tempo de vida útil do equipamento ou da estrutura aplicada. Poluição, efeitos comprometedores em trabalhadores e no meio ambiente não eram levados em consideração. Pouca relevância era dada à poluição e seus efeitos potenciais à saúde de trabalhadores e ao meio ambiente.

As constantes pesquisas relacionadas à degradação de nosso meio ambiente, assim como a preocupação com o contato com produtos nocivos, fez com que a indústria de tintas anticorrosivas passasse a buscar um avanço tecnológico direcionado para a qualidade e minimização dos efeitos nocivos aos trabalhadores e ao meio ambiente. Para isso era necessário haver sinergia entre as etapas de preparação de superfície, a mão de obra e os produtos. Cada um destes itens constitui parcela importante na proteção anticorrosiva.

As restrições impostas no exterior, principalmente nos EUA e na Europa, em relação à quantidade de solventes emanados (VOC) fizeram com que fabricantes e usuários optassem por produtos com baixo VOC, obviamente visando minimizar a poluição com solventes. Além dessas restrições a VOC, a pigmentação com metais pesados também vem sendo restrita e proibida em várias empresas com foco na qualidade operacional e ambiental.

Outro dado importante relacionado a tratamento de superfície refere-se ao jateamento abrasivo com areia seca, que é um dos mais tradicionais e eficientes métodos de preparação de superfície. A doença operacional causada pelo método silicose, inutiliza o operador. Ante a esta agressividade, outros métodos foram sendo implantados, como o jateamento com areia úmida, e a substituição da areia por outros abrasivos como granalhas de aço óxido de alumínio, escórias de cobre, etc. A mais recente alternativa, o hidrojateamento, vem sendo utilizado cada vez mais devido aos ótimos resultados obtidos e por seu apelo ecológico.

Ressaltamos porém que o hidrojateamento somente regenera o perfil de rugosidade da superfície adquirida na pintura original e remove a corrosão e pinturas em mau estado. O hidrojateamento pode ser executado em paralelo com serviços de caldeiraria, reparos elétricos e pintura. Isto leva a uma redução do prazo da obra e consequente diminuição nos custos. Outro fato relevante é o fato dos sais solúveis, como cloretos e sulfetos, ficarem na faixa de 0,97a 2,10 mg/cm², enquanto no jateamento com areia seca variam entre 15,00 e 25,00 mg/cm². A contaminação do substrato com sais solúveis é um dos fatores mais importantes no caso de corrosão prematura.

Em um momento decisivo, resolvemos direcionar esforços para a produção de produtos menos agressivos, garantindo durabilidade e facilidade de aplicação. Entre as várias fases de estudos comparativos entre produtos base água e aqueles menor teor ou isentos de VOC foram feitos de produtos de baixo VOC e No VOC. Além de uma performance infinitamente superior dos produtos No VOC, acreditamos ser muito melhor produzirmos tintas com produtos especialmente fabricados para a finalidade de "coatings" ao invés de utilizarmos água, um bem de consumo cada vez mais raro, contribuindo, assim, para nosso ecossistema.

A produção de produtos de baixo VOC não é novidade na Renner. Produtos com altos níveis de sólidos em epóxi são produzidos há mais de 15 anos, como o Oxibar DST 535 com 80% de sólidos por volume. O histórico de obras onde forma utilizados produtos como o Oxibar é bastante expressivo. Citamos, ainda, como outras vantagens a aplicação em altas espessuras, até 200μm, e sobre tratamento St3. Esta foi a 1° geração de produtos "user friendly".

A preocupação em ofertar ao mercado produtos cada vez menos agressivos, tanto em solventes quanto em pigmentação, gerou sucessivas pesquisas e procura por matérias primas alternativas que pudessem melhorar a qualidade nos locais de aplicação e do meio ambiente, garantindo boa aplicabilidade e performance. A evolução deste tecnologia de altos sólidos levou a uma nova geração de produtos.

Hoje oferecemos ao mercado o produto revran ECO NVC 997, com mais de 400.000m² de aplicação em obras offshore, ambientes hospitalares, refeitórios e tanques de água potável.

A aplicação sobre superfícies úmidas o faz totalmente compatível com o hidrojateamento, permitindo que seja aplicado logo após sua execução sobre a superfície úmida, evitando a recontaminação da superfície pelos sais solúveis. A aplicação wet on wet (úmido sobre úmido), permite que se complete um esquema de pintura de 600μm em apenas uma jornada de trabalho sem prejudicar a performance anticorrosiva. Outro dado importantíssimo é a aplicação até 100% de URA.

A mudança foi possível com a utilização de matérias-primas diferenciadas, de menor peso molecular, moléculas de características reativas e baixa viscosidade, assim como aditivos convencionados "superdispersores". Com estas inovações hoje oferecemos ao mercado produtos diferenciados em mecanismo e agentes de cura, atendendo a uma enorme gama de aplicações específicas ou generalizados.

A obtenção de resultados significativamente positivos com produtos isentos de VOC, em sinergia com pigmentação isenta de metais pesados e tratamento de superfície utilizado com umidade residual e superfícies totalmente molhadas, demonstram a possibilidade de aplicação de um sistema anticorrosivo e de alta resistência química com performance superior, mantendo total respeito ao ser humano e ao meio ambiente. A superioridade destes produtos ante aos anteriores são visíveis e constituem uma quebra de paradigmas em um sistema de pintura quanto a URA, tratamento de superfície e durabilidade. Conseguimos alias estes novos conceitos a produtos de tecnologia totalmente desenvolvida em nossos laboratórios.


Texto de Adauto Riva, engenheiro químico.

Publicado na revista ALCOOLbrás, edição de Janeiro/Fevereiro de 2004.


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