Tirando a máscara, ave Paulo Coelho!
Bom dia, redes sociais. Vou novamente encher a paciência virtual dos que condenam e não lêem textão por aqui. Fazer o quê? Cada um é como é, e isso não tem nada a ver com idade ou tecnologia. Esta escrita é uma espécie de desfolhamento de máscaras e fantasia das personas que eu, assim como todos nós, somos ensinados a encarnar ao longo da vida. E pasmem: quem me obrigou a isso foi o Paulo Coelho, momentos antes de começar a escrever este texto!
A persona que acaba de sair do palco da minha vida foi a da intelectual que se guiava pelo preconceito contra autores que não frequentavam o Olimpo dos consagrados, mesmo que jamais os tivesse lido. Paulo Coelho? Consagrado pelo mercado? Argh! Como se ouvia dizer e muitos ainda dizem, não era escritor, mas uma fraude comercial, apesar de seus 32 livros publicados e traduzidos em incontáveis idiomas, além de best-seller na maior parte do mundo. Ainda lembro de como fiquei irritada ao ver O Alquimista exposto na primeira fila de uma livraria em uma das ilhas gregas, durante uma viagem de férias.
Agora percebo que a persona da irritação mal conseguia disfarçar o orgulho por ser ele um brasileiro - péssima representação -, “mas apenas por isso”, justificava a cultura imposta ao pensamento. Pois bem. Todas as manhãs tomo café lendo a edição digital da Folha de S.Paulo. E hoje, (19/4), lá estava um artigo do Paulo Coelho sobre a pandemia. Neste momento de crise de abstinência de beijar e abraçar os queridos companheiros e companheiras de jornada familiar, textos esotérios nos atraem facilmente... ou pelo menos a mim, que já vivo meio que olhando para estas profundezas.
E foi aí, fragilizada pelo isolamento imposto pela pandemia, que percebi a minha arrogância infundada e ridícula. Escrever é um ato de amor, sempre, e por isso não se presta a julgamentos obtusos – jamais. Chorei feito criança que chega à conclusão de que a mãe ganhou a parada e não vai conseguir o que reclamava. Então me dei conta de como é necessário admitir que há uma inteligência que regula o relógio das coisas da natureza e que, por mais idiotas que possamos ser, nós também somos parte deste movimento inexplicável - o que nos faz sofrer é justamente uma espécie de negacionismo, para usar uma palavra da moda, que nos incita a negar tudo o que não conseguimos explicar em nossa suposta sabedoria, mas que está na cara.
Chorei - o que para mim também não é muito difícil - e agradeci por ter conseguido ver aquela persona se retirar do palco, com seu brilhante canudo de PhDeusa embaixo do braço. Escrever deve ser antes de tudo um ato de generosidade e escrever bem é a mistura bem chacoalhada de generosidade e sinceridade. E é o que ele faz. Não vou dar spoiler do artigo do Paulo Coelho, mas vou postar o link na expectativa de que este imenso nariz de cera - no jornalismo, significa embromação desnecessária antes do essencial - não canse vocês para a leitura do que realmente interessa. Negar a importância literária de Paulo Coelho é um comportamento muito semelhante ao dos que hoje negam que existe uma pandemia que vai mudar para sempre a vida dos que sobreviverem. As fantasias são inúteis e pesam na bagagem de uma viagem tão longa e acidentada. Espero que leiam o artigo no jornal e que a leitura estimule vocês a interpelarem suas ultrapassadas personas e as descartarem. Se isso acontecer, contem para todo mundo. Dá um alívio danado.
Amor de sempre. Beijos.
* Link de acesso para artigo de Paulo Coelho na Folha: https://url.gratis/KABky
Profissional de vendas. Experiência em prestação de serviço e consultoria imobiliária. Graduado em Comunicação Social.
4 aVocê sempre nos #surpreende 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼