Toda aula precisa ser gamificada???

Toda aula precisa ser gamificada???

Semana passada tive a oportunidade de interagir com professores universitários em um webinar sobre gamificação promovido pela Faculdade Energia.

Depois de 45 minutos de exposição da minha parte veio o que eu estava ansiosamente esperando: as perguntas dos professores. Queria muito saber que tipo de questões são as mais importantes de serem respondidas quando o assunto é gamificação na Educação.

Neste artigo expando a resposta que dei para a seguinte pergunta:

Toda aula precisa ser gamificada?

Resposta curta: não.

Acredite se quiser, mas eu, um especialista em gamificação, defendo que nem toda aula precisa ser gamificada. E mais: que nem toda aula pode ser gamificada!

Gamificação não é uma panaceia. Entendo que há determinados tópicos que são mais fáceis de gamificar que outros... Se você checar há muito mais trabalhos de aulas de Matemática e Computação gamificadas do que de Redação ou Biologia (O que não quer dizer que não exista destas também).

Nem todo objetivo de ensino fecha muito com a linguagem lúdica. Por vezes é necessário que o aluno sente-se e simplesmente leia em silêncio ou realize outras tarefas das quais não dá para extrair muito entretenimento. Lidar com a parte desgastante da aprendizagem, quando não é nada divertido estudar, faz parte da formação, também.

A educação pode ser enriquecida com recursos lúdicos. Mas não centrada neles.

Por sinal, defendo que a melhor forma de introduzir aulas gamificadas não é transformando o ensino padrão imediatamente. Seria melhor, ao meu ver, gerar programas especiais de ensino, atividades extra como feiras de ciência, mostras de arte, temas transversais dados em aulas especiais, clubes de estudo e afins.

Não vejo motivo para pressionar professores a transformarem toda aula em um espetáculo lúdico e interativo. Por vezes a boa e velha "aula expositiva" é a tática adequada.

Se você não pode transformar a aula como um todo e de maneira duradoura, recomendo que use jogos educacionais, e não gamificação. O jogo na sala de aula é uma experiência auto-contida, com início, meio e fim. Quando termina o jogo, a aula dita "normal" volta. Com a gamificação é diferente. Só funciona se você puder gamificar a aula toda, ou uma série de aulas, como por exemplo a "Semana Especial das Ciências" ou "O mês do folclore brasileiro".

Enxergo o jogo educativo como um prato especial no cardápio. E a gamificação na sala de aula como um cardápio novo (que não deve eliminar o já conhecido).
Murilo Henrique Barbosa Sanches

Professor de 3D, jogos e gamificação || Consultor em jogos e gamificação na educação || Projetos Educacionais na Colmeia Educacional || Autor

4 a

Alessandro Vieira dos Reis obrigado por dizer isto, Estudo gamificação a alguns anos, dou um curso no assunto e uso ela de pontual a intensamente dependendo da disciplina que leciono e bato MUITO nesta tecla. Ela é uma ferramenta na sua caixinha de ferramentas. Essa ideia constante das pessoas e do mercado educacional de tentar empurrar 1 metodologia e\ou abordagem específica para 100% dos cenários não poderia estar mais errada. Nossa opinião não é a mais popular ou mais rentável, mas merece ser dita Abraços!

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