Toda empresa tem cultura organizacional?
Antes da pandemia, desde que decidi ser consultora, achei que o tema “cultura organizacional” seria extremamente relevante para as organizações já que no horizonte havia a transformação digital que mexeria com a forma de se fazer negócio, com os modelos de produção, com os comportamentos organizacionais e com o mindset do RH.
O que eu sabia sobre o tema? Nada
Muita leitura de Schein e Barrett e uma certificação em Cultural Transformation Tools – CTT pela Barrett Values Centre, me salvou da ignorância total.
Consegui entender, então, porque alguns projetos que participei ou conduzi quando era gestora não deram certo, se cultura é o "jeito" como as coisas são feitas na organização fazer alguma intervenção significa mexer nela, portanto sem gestão dessa cultura é possível que provoque mais resistência do que aceitação.
Prospects e clientes desejam realizar projetos e eu os ajudo a depurar suas demandas de cultura organizacional. O que escuto no briefing:
- Minha empresa não tem cultura, quero implantá-la;
- Preciso mudar a cultura da empresa.
O que costumo responder vai nessa linha:
- As empresas têm cultura organizacional, talvez não seja a cultura desejada por alguns funcionários, mas ela existe.
- Mudar a cultura organizacional é um processo, às vezes longo, que começa no topo da pirâmide e nas lideranças. Não será o RH, o comercial ou o TI sozinhos que conseguirão realizar a mudança, no máximo poderão apoiá-la.
O modelo de Edgar Schein, o pai do termo cultura organizacional, identificou 3 camadas de conhecimento, são eles:
- Artefatos – visíveis e tangíveis. Os artefatos de Schein aparecem no layout dos escritórios, nos slogans, na logomarca da empresa, no dress code, nas recompensas, nos rituais, nas lendas e nos mitos internos, enfim situações que identificam algumas características da empresa.
O que se pensa sobre uma empresa que tem escorregador na recepção? Que é descontraída, informal, o visitante e/ou funcionário sabe que ali a gestão não é convencional.
O oposto dessa percepção é entrar numa empresa onde o mobiliário é formal, as cores são sóbrias, a recepcionista está uniformizada, logo pensa-se em tradição, hierarquia, rigidez no cumprimento das regras internas.
A cultura está lá, explícita, esperando apenas alguém traduzi-la.
- Normas e Valores – identificados pelo público interno. As normas ou regras da organização refletem os comportamentos permitidos naquele grupo de pessoas e os valores mostram o que é importante.
Se a gestão não tolera desrespeito às normas internas alguma atitude de correção deve suceder a “infração”.
Se a gestão dá importância a construção de relações de confiança, provavelmente, o diálogo, a comunicação de mão dupla e a transparência de gestão são incentivados e recompensados.
Para Richard Barrett as crenças e valores das lideranças passadas e atuais determinam os valores organizacionais.
Para os 2 autores, Barrett e Schein, valores organizacionais marcam a cultura.
- Pressupostos – Praticamente invisível. Funciona como um dogma interno, são as "verdades" que sustentam a gestão da empresa e aqueles que a dirigem.
Se cultura existe em todas as empresas e pode ser mudada, o que fazer para identificá-la e/ou mudá-la?
Me liga!
Recursos Humanos | Gente e Gestão | Especialista RH
2 aexcelente artigo. Vou procurar esses autores pois o tema cultura organizacional muito me interessa.
Office Manager – Latin America / Wood Mackenzie
3 aThelminha ótimo artigo! É uma verdade complexa de se modificar. Quando a cultura da empresa esbarra ou bloqueia de certa forma uma ação ou projeto, acabamos enxugando gelo, difícil ter sucesso em algo sem que haja certa sinergia da organização. 🤗