A tomada de decisão como agente paralisante da sua carreira na Engenharia
Neusa Coelho
Mentora e Estrategista de Carreiras na Engenharia | Diagnóstico, Planejamento e Transição de Carreira | Linkedin e Currículo | Preparação para Entrevistas | Palestrante e Treinadora de Soft Skills | Nexialista
Você já sabe que a engenharia é uma profissão que demanda uma combinação de conhecimentos técnicos aprofundados e habilidades interpessoais refinadas. E entre as diversas hard e soft skills essenciais para o sucesso nesta área, a tomada de decisão é uma das mais cruciais.
No contexto da Engenharia, a tomada de decisão envolve a seleção de alternativas entre várias opções, baseando-se em análises técnicas, econômicas, entre outras. Cada decisão pode ter implicações significativas, desde o sucesso de um projeto até a segurança dos usuários. Por isso, a capacidade de tomar decisões informadas e assertivas é vital nessa área.
Decisões tomadas durante o planejamento e execução de um projeto de engenharia podem determinar seu sucesso ou fracasso. Escolher os materiais adequados, definir métodos de execução e prever problemas potenciais são exemplos de decisões críticas.
Tomar decisões rápidas e eficazes pode aumentar a eficiência e produtividade da equipe. Identificar e resolver problemas com agilidade evita atrasos e desperdícios de recursos. Na engenharia, a gestão de riscos é fundamental. Tomar decisões informadas ajuda a antecipar e mitigar riscos, garantindo a segurança e a integridade dos projetos.
A capacidade de decidir sobre a adoção de novas tecnologias e metodologias pode colocar um profissional ou empresa à frente no mercado. A inovação frequentemente depende de decisões corajosas e bem fundamentadas.
O fato é que você já está bem consciente sobre a importância da tomada de decisão para atuação no mercado da Engenharia.
Mas e quando a tomada de decisão impacta não só o seu trabalho, mas também o futuro da sua carreira na engenharia?
É sobre isso que vou falar neste artigo.
Sobre tomar decisões na carreira
Nós detestamos ter poucas opções na vida. Queremos e preferimos ter um cardápio inteiro delas. Exemplos? O Tinder, cardápio humano para pegação e relacionamentos, o Ifood é um cardápio de comida, o Instagram é um cardápio da vida alheia, o Netflix um cardápio de entretenimento, o Booking um cardápio de serviços para viagens.
E o que isso tem a ver com a sua tomada de decisão profissional e com o fato de que você se sente perdida e não consegue agir para mudar sua situação atual?
Tudo.
Da mesma maneira que amamos ter muitas opções, nossa mente costuma travar frente às incertezas da escolha. Por isso é normal você passar muito tempo tentando escolher um prato no Ifood. Por que você quer garantir o melhor prato, a melhor experiência, o melhor tempo de entrega, o melhor custo benefício, etc, etc.
Por que você acha que tanta gente sonha em construir uma reserva financeira mas não consegue construir uma carreira sólida e sustentável para bancá-la? Ou estão cursando uma graduação com a qual não se identificaram mas não abandonam o curso? Assim como várias pessoas estão infelizes em seus empregos mas não conseguem sair deles? Tomar decisões e agir significa correr riscos, admitir erros, mas principalmente descartar opções.
Por exemplo, quando você escolhe uma graduação ou pós-graduação, você abre mão de todas as outras infinitas possibilidades do mercado e assume riscos como não dar certo, se arrepender, não ser feliz com a escolha, o futuro da profissão ser incerto, etc.
E se você for uma Engenheira?
Se você for uma mulher a questão se agrava ainda mais. Mulheres não foram estimuladas a errar, receberam estímulos para serem boazinhas, perfeitas, cuidadoras, se sacrificarem pelos outros, e por aí vai. Daí quando uma mulher precisa fazer escolhas e decidir para poder agir, ela se sente perdida. O que se passa na cabeça dela:
E se eu decepcionar alguém?
E se eu não der conta?
E se me criticarem e me julgarem? E se me abandonarem por que eu estou me priorizando?
E se eu não conseguir conciliar tudo?
E se tiver uma opção melhor para mim?
E se ninguém me apoiar?
Mas eu não me sinto pronta…
Mas eu não tenho certeza…
Como ser perfeita nisso?
Eu preciso estudar mais por que sento que ainda me falta algo?
Essa decisão vai criar um conflito com a minha família?
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Já sentiu isso? E na esperança ilusória de achar que em algum momento ela terá certeza ou que algo vai acontecer, ou ainda que as condições perfeitas irão se revelar, ela trava. Não decide. Não vai nem pra frente, nem pra trás.
E você precisa ser capaz de sair desse looping de paralisia transitória. Para uma mulher começar a agir, ela precisa mapear importantes variáveis: suas crenças limitantes, seu grau de ansiedade frente às incertezas naturais da vida, seu perfeccionismo e a busca idealizada por um momento perfeito, nas condições perfeitas dentro da escolha perfeita, seu medo de falhar e sua fuga da dor.
Esse último eu quero explicar melhor.
A fuga da dor
A falta de tomada de decisão na carreira muitas vezes está ligada a um desejo de evitar a dor ou o arrependimento. Essa inércia é uma estratégia de defesa comum e inconsciente para se proteger de potenciais sentimentos negativos que podem surgir de decisões difíceis ou de resultados inesperados. Mas como esse comportamento se manifesta e as implicações para os profissionais de engenharia?
Um dos principais motivadores para a falta de tomada de decisão, indiferente da área, é o medo do fracasso. E como a engenharia é um campo onde decisões estratégicas podem ter grandes consequências, o medo de tomar a decisão errada pode ser paralisante, seja profissional ou pessoalmente falando.
Além disso, a incerteza sobre o futuro e as possíveis mudanças no mercado de trabalho da Engenharia acabam levando à indecisão. Esse medo se torna tão poderoso que muitos profissionais optam por não tomar nenhuma ação, preferindo permanecer em uma zona de conforto percebida, mesmo que ela seja altamente prejudicial.
Existe também o arrependimento antecipado, que nada mais é do que um sentimento de lamentação ou culpa que uma pessoa antecipa sentir no futuro, caso uma decisão específica leve à um resultado negativo. Para muitos profissionais, a possibilidade de arrependimento acaba repelindo a tomada de decisão. Isso pode levar à paralisia como uma forma de evitar o desconforto emocional que acompanha o arrependimento.
Importante citar também a famosa procrastinação, que é uma resposta comum ao medo do arrependimento e do fracasso. Ao adiar decisões importantes, os profissionais tentam adiar o desconforto que pode vir com a necessidade de enfrentar consequências ou responsabilidades. A procrastinação acaba sendo uma aliada na proteção emocional, onde o tempo adicional é usado como uma justificativa para a inércia.
É do perfil dos profissionais de engenharia ter altos padrões para si mesmos, ativando o modo perfeccionista. Esse perfeccionismo o coloca na espera por uma "decisão perfeita", que raramente é possível em um mundo incerto e complexo. A busca por essa decisão ideal paralisa a ação, pois qualquer escolha que não cumpra com essas expectativas elevadas pode ser vista como uma falha.
A falta de confiança nas próprias habilidades acaba se tornando um grande impedimento para a tomada de decisões. Profissionais que duvidam de sua capacidade de tomar decisões acertadas optam por não agir, temendo que suas escolhas resultem em mais danos do que benefícios.
E por último, mas não menos importante, tomar decisões de carreira muitas vezes exige confrontar realidades desagradáveis, como a necessidade de adquirir novas habilidades, mudar de emprego ou enfrentar conflitos no trabalho. Evitar essas decisões é uma forma de escapar do desconforto associado à mudança ou à confrontação de problemas. Mas, certamente resultará em uma tendência a permanecer em situações insatisfatórias ou a evitar o desenvolvimento pessoal e profissional necessário.
Riscos de não tomar decisões na carreira
A falta de tomada de decisão em relação ao futuro da carreira gera consequências significativas para profissionais de engenharia. A ausência de um direcionamento claro e estratégico resulta em estagnação, frustração e oportunidades perdidas. E quais os principais riscos associados à falta de decisão consciente na gestão de carreira na engenharia?
A maioria das grandes decisões irá gerar algum nível de dor e desconforto. Cruzar o limiar é o ato corajoso de abandonar o que nos é familiar em busca de algo novo que desejamos muito. E mesmo que o familiar seja um sofrimento, como um relacionamento tóxico ou um emprego ruim, ainda assim aquilo é uma certeza, de algo bem familiar, “estável e seguro”. Logo, precisamos de coragem para deixar tal situação para trás.
A falta de tomada de decisão como uma fuga de uma possível dor ou arrependimento de carreira é uma armadilha comum que muitos profissionais enfrentam. Esse comportamento, embora compreensível, limita o crescimento pessoal e profissional, impede o desenvolvimento de novas oportunidades e leva a uma sensação prolongada de insatisfação.
Reconheça esses padrões de pensamento e comportamento como o primeiro passo para superá-los. Ao desenvolver a resiliência emocional e a coragem para enfrentar o desconhecido, você começará a tomar decisões informadas e proativas que te ajudem a alcançar seus objetivos e a viver uma carreira mais satisfatória e alinhada com seus valores pessoais.
E esse artigo, além de informativo, é uma ferramenta de incentivo para que você comece a tomar decisões de carreira a partir de agora.
E se você estiver determinada a começar hoje mesmo, mas precisa de suporte para tomar sua decisão de mudar algo na sua carreira, clica no link abaixo:
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