Três erros comuns que Engenheiros Mecânicos cometem ao emitir um Relatório Técnico Independente em Elevadores

Três erros comuns que Engenheiros Mecânicos cometem ao emitir um Relatório Técnico Independente em Elevadores

Fiz uma publicação resumida sobre três erros comuns no feed e resolvi escrever este pequeno artigo, mais completo em informações, que observo no mercado de elevadores quando realizo contra-laudos para empresas de elevadores que me contratam para responder a relatórios irregulares.

A emissão de um relatório técnico independente em elevadores é uma tarefa que requer precisão, conhecimento técnico e compreensão das normas aplicáveis. No entanto, há erros recorrentes que muitos engenheiros cometem durante esse processo, o que pode acarretar problemas tanto para as empresas de elevadores quanto para os clientes.

Erro número 1: realizar a vistoria com base na norma técnica vigente e não na norma de instalação do equipamento

Um dos erros mais comuns é basear a vistoria exclusivamente na norma técnica vigente, sem considerar a norma de instalação do equipamento. Embora haja uma nova norma técnica em vigor, ela se aplica apenas aos elevadores novos instalados a partir de abril de 2024. Para elevadores existentes, a menos que tenham passado ou passará por uma modernização, onde tem uma parte específica para esses casos.

Problemas ocasionados:

  • Custos desnecessários: aplicar normas que não se aplicam ao ano de fabricação do elevador pode resultar em custos adicionais para adaptações e melhorias que não são obrigatórias e que geralmente não há possibilidade de adequação a não ser modernizar ou instalar um equipamento novo. Isso pode gerar conflitos com os clientes, que se veem obrigados a arcar com despesas que não são exigidas pelas normas originais do equipamento.
  • Obrigações indevidas: empresas de elevadores podem ser pressionadas a realizar alterações ou melhorias que, do ponto de vista normativo no ano de fabricação, não eram obrigatórias. Isso pode levar a discussões e a um possível desgaste na relação entre as empresas de manutenção e os clientes.

Erro número 2: não saber qual norma técnica se aplica ao elevador que está sendo vistoriado

Outro erro frequente é a falta de conhecimento sobre qual norma técnica se aplica a um determinado elevador. Muitos profissionais acabam utilizando qualquer norma disponível sem verificar se ela é pertinente ao tipo de elevador, seu ano de fabricação e se ele foi modernizado.

Problemas ocasionados:

  • Relatórios inadequados: a emissão de relatórios com base em normas incorretas pode resultar em conclusões inadequadas ou na identificação de problemas que, na verdade, não existem. Isso pode confundir o cliente e levar a tomadas de decisão equivocadas.
  • Conflitos de interpretação: a falta de clareza sobre qual norma se aplica pode gerar conflitos entre o engenheiro, a empresa de manutenção e o cliente. Cada parte pode ter uma interpretação diferente, levando a discussões e possíveis disputas legais.

Erro Número 3: desconhecer tecnicamente o equipamento

Realizar uma vistoria independente em elevadores requer um conhecimento técnico aprofundado sobre o funcionamento de cada fabricante. Desconhecer os aspectos técnicos e os ajustes necessários resulta em um relatório superficial e suscetível a críticas.

Problemas ocasionados:

  • Qualidade inferior do relatório: um relatório técnico mal fundamentado, sem uma análise adequada das condições do elevador, pode ser facilmente contestado. A falta de referências técnicas sólidas pode levar a um contra-laudo, questionando a qualidade e a credibilidade do trabalho realizado.
  • Risco para a segurança: engenheiros que desconhecem o funcionamento básico do elevador podem deixar passar detalhes críticos que afetam a segurança do equipamento. Isso pode colocar em risco os usuários e resultar em responsabilidades legais e profissionais.

Ser engenheiro mecânico não significa estar apto para atuar em qualquer área. A engenharia por trás dos elevadores é uma especialidade que requer estudos e treinamentos constantes, devido à complexidade e aos riscos envolvidos. Profissionais sem experiência específica nesta área podem comprometer a segurança e a integridade do equipamento, além de colocar em risco a própria vida.

Evitar esses erros comuns é essencial para a elaboração de relatórios técnicos independentes de qualidade em elevadores. Isso inclui compreender e aplicar corretamente as normas técnicas pertinentes, conhecer detalhadamente o equipamento e manter-se atualizado sobre as especificidades do setor.

Não quer dizer, que não possa sugerir uma melhoria ou modernização, mas lembre-se é uma sugestão e não obrigação. Dessa forma, engenheiros podem contribuir para a segurança e eficiência dos elevadores, evitando conflito e custos desnecessários para as empresas e seus clientes.

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Quem é o Carlos Eduardo?

Proprietário da ON Soluções em Engenharia, empresa focada em auditorias/vistorias técnicas, projetos e treinamentos.

Engenheiro Mecânico, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestrando Engenharia em Desenvolvimento Sustentável pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), além de ter os cursos técnicos em Mecânica e Eletrônica.

Profissional com 14 anos de experiência na área de transportes verticais, na qual, trabalhou nas três maiores fabricantes de elevadores e escadas/esteiras rolantes do mundo.

Membro do Comitê Nacional da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de estudos, atualizações e revisões de normas técnicas, pertinentes a Cabos de Aços, Elevadores, Plataformas de Acessibilidade, Escadas e Esteiras Rolantes.

E é Colunista na Revista Manutenção Predial e a Revista Elevador Brasil.

Carlos, qualquer modernização que ocorra, o elevador continua com a fabricacao de origem ou obedecendo as normas mais atuais? Acredito que a maior dificuldade seja essa, saber quando foi “fabricado” uma vez que houveram diversas “modernizações” que muitas das vezes nem é para obedecer as normas técnicas, mas para empurrar tecnologia própria da empresa.

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