TRÊS ERROS QUE AJUDAM A ENTENDER A CIÊNCIA

TRÊS ERROS QUE AJUDAM A ENTENDER A CIÊNCIA

 

O conhecimento humano é algo mais amplo do que o conhecimento científico, englobando todas as crenças, as verdades pessoais e a cultura popular. Por sua vez, conhecimento científico, por mais importante que seja, diz respeito àquela limitada parte do conhecimento baseada no método científico. 


Sendo assim, ciência não se propõe enquanto sinônimo absoluto e atemporal de verdade; talvez, curiosamente, a dúvida seja a principal característica da ciência. Nem toda verdade é conhecimento científico. Por exemplo, individualmente, posso crer que exista vida em outros planetas. Isso pode até ser verdade, sem que se constitua em verdade científica, dado não atender, por enquanto, aos pressupostos do método científico.


A ciência moderna do século XVII, ancorada na observação, lógica e experimentação, conforme sintetizado por Galileu Galilei e seus contemporâneos, somada às ferramentas da matemática, a exemplo do cálculo diferencial e integral de Isaac Newton, permitiram conhecer mais sobre o mundo à nossa volta e a desenvolver leis da natureza. Leis estas que nos informam como a natureza se comporta, a exemplo das leis da mecânica, da termodinâmica e do eletromagnetismo.


Foi a partir da ciência moderna que tecnologias e conhecimentos extraordinários foram desenvolvidos nos séculos seguintes. São símbolos desses avanços a máquina a vapor, o saneamento básico, a teoria da evolução de Darwin e a penicilina. Graças a essas e outras fabulosas conquistas, foi possível que a expectativa de vida, que ao início do século passado era de pouco mais do que 40 anos, quase dobrasse nos tempos atuais. A Revolução Industrial, as ferramentas tecnológicas a ela engendradas, o avanço da ciência, pura e aplicada, e as novas visões de mundo colocadas ao nosso dispor representaram, graças, basicamente, ao método científico, enormes possibilidades de superarmos a fome, a miséria e as doenças.


Para destacar a relevância do método científico, Isaac Asimov, um dos maiores mestres da ficção científica e da divulgação da ciência, apresentou um ensaio seminal em 1989 na Revista Skeptical intitulado “A relatividade do erro”. Nele, Asimov esclarece que a ciência contempla espaços abundantes entre os polos absolutos do certo e do errado. Gradações são bem-vindas na ciência, sem estranhezas.


Exemplificando, crer que a Terra é plana é errado (erro 1). Acreditar que nosso planeta é uma esfera perfeita também não é correto (erro 2), dado que a Terra possui um formato geoide, mais próximo da forma de uma elipse, dado os achatamentos dos polos em função do movimento de rotação. Por sua vez, entender que “a Terra é plana” é tão errado quanto “a Terra é esférica” estaria ainda mais errado (erro 3).   


Um dos papeis principais da educação nos tempos atuais envolve preparar cidadãos capazes de entender o mundo à sua volta e a nele se portarem de forma consciente. Para tanto, há que estarem aptos a desenvolver raciocínios analíticos, lógicos e abstratos e a respeitarem a dúvida e o contraditório. Além disso, devem estar preparados para a aprendizagem permanente ao longo de toda a vida (aprender a aprender) e a serem tolerantes, flexíveis e solidários (trabalhar em equipe).


Em resumo, a clareza e o domínio do método científico são essenciais na formação de profissionais e cidadãos contemporâneos que alavanquem um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável.



Ana Laurides Tany

Consultora em Gestão Empresarial | Processos | Novos negócios

6 m

Genial!

Adriana Rivoire Menelli de Oliveira, Ph.D.

Docente, Pesquisadora e Consultora na área da Educação Superior.

6 m

Excelente, professor!! 👏🏻👏🏻

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Ronaldo Mota

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos