Três razões para a Enfermagem Brasileira abraçar a pauta das Doenças Raras
As doenças raras, também conhecidas como doenças órfãs, afetam uma pequena porcentagem da população, mas, quando somadas, impactam milhões de pessoas ao redor do mundo. Estima-se que existam cerca de 7.000 doenças raras diferentes, e embora cada uma afete uma pequena parte da população, juntas elas representam um desafio significativo para os sistemas de saúde. No Brasil, assim como em outros países, a atenção a essas condições é muitas vezes fragmentada e insuficiente, deixando muitos pacientes sem o suporte e tratamento adequados.
Conforme a Linha de Cuidado Pessoas com Condições Raras na Rede de Atenção à Saúde (RAS), a ordenação da atenção à saúde deve seguir a lógica de cuidados em rede, promovendo assistência de forma sistêmica e dinâmica, centrada no usuário. Para isso, a assistência deve ser ampla e focada nas necessidades específicas de cada paciente.
Na área de doenças raras, as equipes assistenciais desempenham um papel crucial, contando com profissionais de enfermagem, médicos especialistas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais.
Os enfermeiros, em especial, possuem um papel fundamental na coordenação e execução do cuidado, garantindo que as necessidades dos pacientes sejam atendidas de maneira integrada e humanizada.
Para a enfermagem brasileira, as doenças raras apresentam uma oportunidade única de exercer um papel crucial na melhoria da qualidade de vida desses pacientes. A complexidade e a diversidade dessas condições exigem um conhecimento especializado e uma abordagem multidisciplinar, tornando a contribuição dos enfermeiros essencial para a equipe de saúde. Além disso, o envolvimento da enfermagem no cuidado de pacientes com doenças raras pode fomentar a humanização do atendimento, fortalecer a educação em saúde e promover a advocacia por políticas públicas mais inclusivas.
Neste artigo, apresento três motivos pelos quais as doenças raras devem ser de interesse para a enfermagem brasileira, destacando a importância do conhecimento específico, do atendimento personalizado e do apoio contínuo aos pacientes e suas famílias. Espero que esses pontos inspirem a comunidade de enfermagem a se engajar mais profundamente com este tema vital e a promover mudanças positivas no cuidado de pessoas com doenças raras no Brasil.
1) Apoiar as famílias
As famílias de pessoas com doenças raras enfrentam desafios únicos no acesso a serviços de saúde de qualidade, equidade e integralidade, muitas vezes tendo que "negociar" seus direitos desde o início . Os enfermeiros podem ajudar essas famílias a navegar o sistema de saúde.
No meu artigo, intitulado "NECESSIDADES PRIORITÁRIAS REFERIDAS PELAS FAMÍLIAS DE PESSOAS COM DOENÇAS RARAS", exploro como a enfermagem pode avaliar e monitorar comportamentos de risco que dificultam a integração social dessas famílias. Sentimentos de isolamento, autodepreciação, marginalização, insegurança, ansiedade, labilidade afetiva e depressão são algumas das questões abordadas.
Neste artigo, apresento uma análise detalhada e baseada em estudos sobre a importância do papel da enfermagem no apoio e cuidado a essas famílias. O objetivo é promover sua adaptação e integração social, garantindo um cuidado mais humano e abrangente.
2) Descentralização dos serviços
A descentralização permite levar os serviços especializados mais próximos às comunidades, facilitando o acesso e o acompanhamento das pessoas com doenças raras e suas famílias. Isso promove a integração social dessas famílias, evitando o isolamento, e permite um cuidado mais integral e longitudinal.
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Os enfermeiros podem contribuir ativamente para a implementação de uma política de descentralização dos serviços, atuando na organização da rede de atenção e na capacitação das equipes da atenção básica. Essa atuação da enfermagem é fundamental para qualificar o atendimento a pessoas com doenças raras e suas famílias em todo o território.
Portanto, a descentralização dos serviços especializados em doenças raras, com o apoio da enfermagem, é essencial para ampliar o acesso e promover a integração social das famílias afetadas por essas condições.
3. Aconselhamento genético
O aconselhamento genético emergiu na literatura de Enfermagem a partir do início da década de 60, quando se enfatizava a responsabilidade dos enfermeiros em fornecer suporte psicossocial e acompanhamento dos casos. Naquela época, o foco estava principalmente no papel dos enfermeiros. Atualmente, acreditamos que a política do SUS reflete uma abordagem multiprofissional, integrando diversos profissionais de saúde nesse processo.
Com o tempo, o aconselhamento genético tornou-se uma parte essencial da linguagem sistematizada de Enfermagem. Isso se consolidou especialmente após sua inclusão na Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC, Nursing Interventions Classification), onde é definido como um processo interativo de ajuda focado na assistência a indivíduos, famílias ou grupos que manifestam ou estão sob risco de desenvolver ou transmitir um defeito congênito ou uma condição genética.
"(...) destacamos que os enfermeiros, devido à sua abordagem holística, possuem conhecimentos, recursos e ideias valiosas para aprimorar o cuidado na era genômica. Eles podem oferecer informações claras e sistematizadas no aconselhamento genético utilizando o processo de Enfermagem e a taxonomia NANDA, em ambientes variados, desde os mais tecnológicos até comunidades carentes no Brasil. Embora médicos geneticistas liderem o processo clínico e diagnóstico, a Lei do Exercício Profissional respalda a atuação dos enfermeiros no aconselhamento genética (COFEN, 2014).
Portanto, o aconselhamento genético é essencial para pessoas e famílias afetadas por doenças genéticas, e a enfermagem desempenha um papel fundamental tanto na expansão desses serviços quanto na prestação direta de cuidados especializados.
Considerações Finais
As doenças raras apresentam desafios únicos e complexos, tornando essencial a atuação da Enfermagem Brasileira. Ajudar as famílias, atuar de forma multiprofissional e na coordenação do cuidado são apenas algumas das áreas em que os enfermeiros podem fazer a diferença significativa.
Para ampliar o impacto e a colaboração global, recomendo fortemente que os profissionais de enfermagem se registrem à plataforma Global Nursing Network for Rare Diseases. Esta rede oferece um espaço para compartilhar conhecimento, experiências e recursos, fortalecendo a prática da enfermagem em todo o mundo e proporcionando um suporte essencial para pacientes com doenças raras. Junte-se a esta comunidade global e faça parte de um movimento que está transformando a assistência a pessoas com doenças raras.
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Enfermeira Oncológica / Suporte ao Paciente com Doenças Raras / Auditoria e Análise de Contas Hospitalares
6 mSempre tão bom ler você Geisa! Parabéns!!
Especialista em Imagem & Comportamento | TOP HR Influencer 2023 e 2024 - Gestão de Pessoas | Palestrante | Treinadora | Mentora | Desenvolvimento Pessoal & Carreira - LinkedIn Top Voice & Creator
6 mQue artigo 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 Parabéns pela abordagem Geisa Luz
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6 mPontos muito importantes Geisa Luz 👏🏻👏🏻
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6 mParabéns, pelo artigo, Geisa Luz gratidão por compartilhar conosco um conteúdo excelente.
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6 mAs doenças autoimunes e síndromes são doenças raras? Minha mãe tem neuropatia periférica e fogo selvagem. Ambas controladas e medicamentos caros sendo um para combater os efeitos colaterais do outro. A cura nunca ouvi falar mas as raízes das doenças sim. A neuropatia periférica é a perda da gordura que encapa os nervos do corpo, os fios elétricos que conduzem os comandos dos membros e a pessoa passar a sentir choques porque os nervos são como fios elétricos desencapados e vai perdendo a sensibilidade dos membros e parece uma teia que vai vestindo a pessoa até ela não conseguir mais andar por não sentir as pernas e vai levar a cadeira de rodas e ao leito. O Fogo selvagem teve origem no desmatamento para construir cidades planejadas como BH e Brasília. Doença auto imune, tem controle, mas o medicamento prejudica mais do que alivia. Também nunca ouvi falar sobre cura. A neuropatia começa a dar sinais com a pessoa sentindo pés quentes, formigamento e também atinge outros membros como braços e a fisioterapia ajuda na qualidade de vida do paciente, mas o SUS não oferece esse tratamento. O Fogo selvagem não escolhe idade e ambos podem se manifestar pelo fundo emocional que vai de encontro a importância de manter a saúde mental em dia.