Trans-humanismo e as gerações

Trans-humanismo e as gerações

Como profissional e pesquisadora em Comunicação, que alimenta há décadas um "flerte" com a Filosofia, leio absolutamente tudo o que vejo envolvendo o tema da tecnologia e seu impacto na sociedade. Como mãe de uma adolescente de 15 anos e orientadora de muitos outros jovens adultos no meio acadêmico e corporativo, me interesso também por tudo o que diz respeito às mudanças comportamentais das gerações.

Os dois temas podem ser encontrados no livro Viva o Fim - Almanaque de um novo mundo, de André Carvalhal (Editora Paralela, 2018). A obra aborda como a aceleração dos avanços tecnológicos e científicos está nos levando a um movimento de superação da condição humana, chamado de trans-humanismo. Com os aparatos tecnológicos criados pela humanidade, aumentamos nossas capacidades intelectuais, físicas, psicológicas e humanas, para além dos nossos limites.

O autor discorre sobre uma possível nova consciência conectada com softwares inteligentes, ampliando nossa memória e capacidade de regeneração. De certa forma, este é um conceito que dialoga com Mc Luhan, que profetizava que os meios são extensões do homem, e também com Pierre Levy, que aponta para o surgimento de uma inteligência coletiva, a partir da tecnologia.

No Trans-humanismo, é possível vislumbrar a erradicação de qualquer forma de sofrimento causado por doenças e pelo envelhecimento. Nossas capacidades serão exponencialmente expandidas. Mas o próprio autor também questiona o limite de tudo isso, o que queremos para o nosso futuro.

Carvalhal também comenta sobre a geração de transição - os millenials - e suas características de conexão, liberdade, fluidez e disrupção, entre outras. Mas me chamou a atenção, em especial, o capítulo que trata da geração Z - aqueles nascidos a partir da virada do século, e que já correspondem a 20% da população brasileira.

Fazem parte desta geração a minha filha de 15 anos, nossos estagiários e trainees nas empresas e grande parte dos jovens que estão nas salas do ensino fundamental e médio e universidades. Pela primeira vez, li um texto que ousou aprofundar sobre as características destes jovens.

Na visão do autor, ao mesmo tempo em que estes novos habitantes agudizarão características dos millenials, são e serão ainda mais coletivos, ativistas, questionadores e construtores. Também não se encaixarão em rótulos em algumas áreas (como a sexualidade, por exemplo).

Isso tudo me levou a pensar que as organizações - da área da saúde, educação, comércio, serviços e as marcas em geral - precisarão estar ainda mais atentas a estas características dos millenials e Z´s ao fazer a gestão de sua comunicação.

O mundo que nós, da geração X, e nossos pais baby-boomers conhecemos está em ruínas. Alguns valores importantes precisam ser preservados, mas eles serão questionados a todo momento por essa geração que nos sucede. Ao mesmo tempo, nunca estes jovens precisaram tanto de nossa orientação, como âncoras, de um mundo em transformação.

Vale muito a leitura para quem atua com comunicação corporativa ou simplesmente para quem curte exercícios de uma futurologia não tão distante assim.


Laura é Glüer é Jornalista, especialista em Comunicação Organizacional, mestre e doutora em Comunicação. Assessora de Comunicação há mais de 20 anos, autora do livro Assessoria não é Acessório. Atua na área de comunicação corporativa, é docente universitária e publisher na plataforma Café Combustível.

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