Transcendência # Maria Teresinha Faraco
Olha-se no espelho.
Fica a ver as rugas e talhos
que lhe mascaram o rosto.
Tenta enxergar além.
Tenta vislumbrar nos vincos,
os campos,
o frescor jovem
e a infância
pela casa de engenho
e pelo sótão.
Fosse possível,
o pensamento centrado
e batizado,
num átimo de lucidez,
modelaria as fendas.
Cavalgaria
cavalo baio,
troteando.
Seria outra vez,
a juventude
em estado bruto
e em ebulição.
Esse mundo de sonhos
que galgado se almejam.
Tão distantes!...
Mas, o corpo, mastigado
pela soma de tempos,
impele o espírito
para outra esfera.
Abre-se
nova janela, assinalando vida.
Abre-se a alma
numa flor de campo,
desatando nós.