Transferência de conhecimento: uma estrada que leva ao sistema de produção e sistema de gerenciamento lean
A ostra é o único animal capaz de produzir uma jóia: a pérola. Essa beleza nasce da dor, da reação à entrada de um corpo estranho, um grão de areia, que entra acidentalmente na concha. Para aliviar o incômodo desse cisco, uma camada de nácar, substância branca e brilhante ao qual reveste o interior da concha, vai gradativamente envolvendo esse grão, dando nobreza, brilho e forma até se tornar uma jóia. De modo similar todo ensinamento é como uma camada de nácar agregada sobre quem o recebe. No processo de aprendizagem lean não é diferente.
O gemba é o local real de agregação de valor e o sensei tem uma preocupação constante em desenvolver pessoas para enxergar os três MU’s Muda (desperdícios), Muri (sobrecarga ou insuficiência) e Mura (desnivelamento ou inconsistência) bem como estimular a busca de alternativas simples que possibilitem a eliminação ou mitigação dessas perdas.
Na jornada de construção lean há de se supor a necessidade de alguém experiente, presente na mudança. A Toyota chama esse especialista de Sensei, um professor que possui mão firme e decidida com elevado espírito crítico e persistente que ensina e traduz o entendimento de conceitos abstratos em aplicações reais efetivas e tudo isso com brilho nos olhos. O sensei adota a máxima do filósofo chinês Confúcio (551 aC - 479 aC ) “O que eu ouço eu esqueço. O que eu vejo eu lembro. O que eu faço, eu entendo”. Em outras palavras, a melhor maneira de aprender é fazendo. Claro que o sensei dedica certo tempo em sala de aula para passar conceitos, mas é no gemba que está o vasto campo para a observações e aprendizado.
Gemba Walk ou Lean Walk, a metodologia peripatética de ensino dentro da manufatura
O método socrático consiste em ensinar pelo questionamento. O sensei ensina seus alunos por esse método para provocar neles a reflexão esperando que surjam novas possibilidades. O sensei acredita que é mais importante dar-lhes as perguntas corretas do que as respostas corretas.
O gemba é o local real de agregação de valor e o sensei tem uma preocupação constante em desenvolver pessoas para enxergar os três MU’s Muda (desperdícios), Muri (sobrecarga ou insuficiência) e Mura (desnivelamento ou inconsistência) bem como estimular a busca de alternativas simples que possibilitem a eliminação ou mitigação dessas perdas.
Por meio do ensino peripatético, o “aluno” é estimulado a pensar, a enxergar as oportunidades
Esse desenvolvimento e estímulo são feitos por meio do ensino peripatético que quer dizer ambulante ou itinerante. Essa forma de ensinar era aplicada pelo filósofo Aristóteles e também por Jesus de Nazaré (só para citar alguns). Dentro do universo lean o ensino peripatético assume outro nome: gemba walk também conhecido como lean walk (andar pelo chão de fábrica com visão lean).
O gemba walk consiste na prática de ensino adotada pelo sensei aos seus alunos ao longo do processo para melhorá-lo continuamente. A idéia é que os alunos, dentre os quais estão os líderes, aprendam como se faz o gemba walk para que em outro momento essa prática seja aplicada rotineiramente entre os diversos níveis de liderança até o operacional.
O gemba walk permitirá a verificação da eficácia das atividades dos times de melhoria; identificar o comprometimento com a filosofia lean; movimentar atividades através de discussões na própria área de trabalho; tornar a fábrica enxuta e comprometer as pessoas com a mentalidade do não-desperdício.
Por meio do ensino peripatético, o “aluno” é estimulado a pensar, a enxergar as oportunidades. Taiichi Ohno (1912-1990) fazia isso como ninguém. Conta-se que ele desenhava um círculo no chão em frente a um determinado processo da fábrica da Toyota e colocava seus pupilos dentro com a missão de observar durante o dia todo. De hora em hora ele passava e questionava o aluno sobre o que ele estava enxergando. Se a resposta fosse insatisfatória, ele recomendava ao aluno que ficasse mais um tempo. O gemba walk praticado no formato ideal se choca com a cultura ocidental e demanda tempo, pois a cultura ocidental valoriza o resultado em um curto período, mas quem se dispor a fazer esse exercício obterá um profundo conhecimento do processo e das oportunidades para melhorá-lo.
No gemba walk, o sensei força a disciplina, ou seja, estimula seus alunos a usarem o gerenciamento visual como fonte de informações para entendimento do processo. Impele os alunos a consultarem os padrões e compará-los com a execução real. O sensei cutuca a todo o instante o sistema de gerenciamento da fábrica agindo como um verdadeiro grão de areia incomodando a parte interna da ostra até que todo o sistema de produção e de gerenciamento lean se torne a jóia da coroa do negócio.
Ósculos e Amplexos a todos.
Gerente | WCM | Especialista Lean | Consultor
2 aMARCELO PINTO Thiago Olinto
Excelência em négocios de saúde e gestão de mudanças
6 aMarcus Tirich indico a leitura!