Transformação digital no Brasil profundo
"Nem toda casa tem internet, mas toda casa tem um rádio" disse o diretor Alberto de França, da escola Milton Façanha Abreu em Mulungu, Ceará. Esta afirmação me motivou a escrever este artigo. São tantas as lições deste caso, vale o convite à reflexão. Primeiro, o insight orientado a dados do diretor da escola. Ele percebeu que 1/3 dos alunos não estava entregando os trabalhos e tarefas. Foi mais fundo na análise e viu que estes não possuíam computador, celular ou acesso à internet. Hoje temos a tendência de desenhar produtos e serviços sempre pensando naquele consumidor mais conectado, com smartphone de última geração e conexão 4G. Mas ainda há no Brasil milhões de excluídos digitais. Mesmo com avanços significativos nos últimos anos em infra-estrutura e distribuição de renda, ainda há muito por fazer. A segunda lição que tiro é que a escola tentou implementar o modelo de ensino à distância via internet, modelo natural e óbvio, largamente aplicado neste contexto de pandemia. Quantas vezes, em nosso dia-a-dia, buscamos soluções que funcionam em algum lugar mas nos esquecemos de testá-las completamente à nossa realidade? Simplesmente assumimos. Terceira lição: a importância e necessidade da curiosidade de obter feedback constante do seu cliente e monitoramento de seu produto ou serviço. O diretor poderia ter percebido esta lição apenas ao final do isolamento, quando seus alunos voltassem às aulas e contassem sobre suas experiências. Ele poderia apenas ter assumido que aquele 1/3 de faltas era normal. Quarta lição: a coragem de mudar quando nem tudo está indo bem. O diretor "pivotou" sua solução adequando-a à realidade que o cerca e atingindo seu objetivo original. Penúltima lição: a simplicidade é amiga da eficiência. Alguns de nós poderiam pensar em resolver este problema com um link de internet via rádio, ou desenhando um modelo de smartphone "low cost", um modem 4G especialmente projetado para tal uso, etc. Enfim, soluções mil. Última lição: inovação e transformação digital não necessariamente requerem a última tecnologia de ponta disponível no mercado. Despir-se deste paradigma pode nos ajudar a construir soluções mais simples, mais baratas e que satisfaçam seu cliente ou consumidor. Afinal este é seu objetivo, não é? A solução para o problema pode estar ali presente, tão óbvia mas tão distante se não nos livrarmos de alguns vieses. Afinal de contas, o rádio também é digital! E para finalizar, como toda transformação digital é essencialmente sobre gente, vou tomar uma licença poética de Euclides da Cunha para dizer que "o brasileiro é, antes de tudo, um forte!
Head Comercial | Estratégia Comercial | GTM | Merchandising
4 aLendo seu artigo, lembrei da frase de Jobs em uma formatura de turma em Stanford: conecting-the-dots. Talvez a jornada de tranformacao da informação e da educação nos faça ampliar o que chamamos de conexão. Tomara! 🙏🏽
Tecnologia | Gerente de Distribuição SP & Parcerias em Grupo Globo - Mídia e Conteúdo
4 aAh, o Brasil profundo... belo texto!
Delivering the experience B2B buyers demand.
4 aFazer do jeito certo o que é certo! Silvio Veloso, acho que você ilustrou bem o que nós adotamos por aqui como "ambidestria organizacional". Entregar aquilo que as pessoas precisam, inclusive aos brasileiros fortes que precisam de nossa ajuda!
Career Counselor | Headhunter | Senior Talent Acquisition Manager I Human Resources Business Partner I Tech Recruiter
4 aConcordo o antigo Supletivo passava no Radio e nas TV Culturas de cada estado e era acompanhado por que na Epoca nem tinhamos essa TEcnologia. Parabens pela reflexao.
Supervisor Regional de Inventários no Grupo Mateus | Desenvolvedor Business Intelligence
4 aÓtima reflexão.