Transformação digital? Não! A gente precisa mudar o mindset e passar a ter um pensamento digital

Transformação digital? Não! A gente precisa mudar o mindset e passar a ter um pensamento digital

O que fazer para “digitalizar” uma empresa? Foi essa a pergunta que norteou meu pensamento nas últimas semanas. Em meio a reflexões, conversas e análises, percebi que o entendimento de como fazer essa transformação dentro de companhias mais tradicionais depende em parte do entendimento do que vem a ser um negócio tradicional, e esse conceito só vem se modificando na última década. Mesmo sendo um tema nebuloso na mente de algumas pessoas, a verdade é que todo mundo precisa se transformar e entender as novas expectativas dos seus clientes e consumidores, por isso pensei em escrever esse artigo.

Como muito bem posto nessa matéria da Você S/A, a transformação digital é diferente da mudança digital. "Quando visa a mudança, a organização está mais focada no processo. Quando trabalha tendo a transformação no horizonte, engloba a passagem de um estado para outro de forma fluida e constante" - é dessa forma que conseguimos passar a ter um pensamento digital dentro das empresas.

É fundamental entender e definir como esse mindset e essa nova cultura vão te dar agilidade, mais capacidade de experimentar, inovar e se diferenciar, melhorar processos internos, aumentar sua competitividade em custos ou melhorar a experiência do seu cliente, para então ter clareza dos objetivos a serem perseguidos.

Vamos partir da ideia de que as companhias tradicionais são aquelas baseadas em conceitos convencionais, como formalidade, controle, hierarquia e gestão vertical. Geralmente atuam em segmentos consolidados, têm posição estabelecida nos segmentos em que atuam e têm pensamento e planejamento de longo prazo. Até aí, tudo certo, porque funcionou por muito tempo. Mas o mundo tem mudado e os clientes e consumidores estão cada vez mais exigentes, esperam mais das marcas que consomem, inclusive posicionamento. Quando uma companhia assim deseja transformar seu pensamento, precisa se livrar de algumas amarras, mas nem sempre dá certo. Geralmente quando dá errado é porque a organização se baseou em mudança e não em transformação, tentando coisas diferentes sem processo nem planejamento para essa renovação que é, acima de tudo, cultural.

O jornalista, doutor em Ciência da Computação, empreendedor digital e autor de diversos livros sobre o assunto, Carlos Nepomuceno, fala que muita gente erra porque na hora de tentar mudar segue modelos “que estão dando certo” em outro lugar, sem levar em consideração fatores específicos do seu negócio / empresa.

Ter um pensamento digital, na verdade, é pensar nessa transformação para o digital. Não é fazer o seu negócio virar o próximo “Uber”, é ir além. É agir diferente. É transformar a cultura da empresa. Se a gente olhar para trás, dá para entender como esses unicórnios surgiram. Segundo pesquisa da ACE Cortex, para 81% das empresas, a inovação é prioridade, porém, 45% dos entrevistados pontuaram como a principal barreira a cultura presente dentro das próprias organizações. O que isso quer dizer?

Esse pensamento digital tem que partir de cima para baixo, tem que estar no dia a dia da liderança e dos cargos com poder de decisão para que ele impacte diretamente a cultura da organização. Como pontua muito bem Luiz Gustavo, CEO da ACE Cortex: “É necessário assimilar uma nova mentalidade, mais criativa e empreendedora, voltada para o risco e realização de experimentos, inclusive promovendo a disrupção do próprio modelo de negócios da companhia, sendo a tecnologia um meio e não um fim para alcançar os objetivos da corporação".

Dentro de algumas organizações tradicionais, hoje em dia, ainda existe um modelo forte de “comando e controle” baseado nas revoluções de mídia passadas (oral e escrita), o que é incompatível com o modelo atual das startups, por exemplo. A dificuldade não está na tecnologia, está em abandonar esse controle.

O que antes era considerado disruptivo, hoje já é uma demanda essencial. E a forma também importa. Estamos sendo reformatados como população, e por isso é difícil quando nos categorizamos em modelos tradicionais.

Como partir para a prática?

Segundo a ABEINFO, essa transformação vem se tornando cada vez mais presente em empresas de tamanhos diversos, principalmente com a presença da pandemia e a necessidade de digitalizar o que antes era feito manualmente, como processos de recrutamento e seleção, entrevistas, interação entre os colaboradores, cotação de fornecedores e outras diversas necessidades.

Mas antes de dar o próximo passo, é importante responder duas grandes questões: por que e como. A digitalização deve ser algo organizado. Não é sobre estar presente nas redes sociais ou ter um e-commerce e um site, e sim sobre criar processos internos e transformar a cultura para que ambos avancem junto com as necessidades da empresa.

Pensando nisso, separei algumas dicas práticas que podem ajudar na mudança desse pensamento:

1)   Top-down

Como já mencionei, essa mudança não vai partir dos colaboradores. Tem que ser de cima pra baixo... É necessário que a liderança tome essa responsabilidade para si e implemente, com metodologia, essa nova cultura que tem que estar presente em todas as áreas e níveis da empresa.

2)   Diagnóstico interno

O quão familiarizado e confortável seu time está com o pensamento digital dentro e fora da sua empresa? O que é necessário para que esse novo mindset seja bem implementado? Como o digital impacta a cadeia de valor do seu negócio? Como estão os processos e ferramentas da companhia? É preciso ter um diagnóstico claro de como a companhia está nessas frentes para definir prioridades, planejamento e os KPIS que vão direcionar essa transformação.

3)   Time e parceiros capacitados

Ter um quadro de pessoas capacitadas para fazer isso é fundamental. O tema é técnico e precisa de gente que conheça em profundidade o assunto. Capacitação deve ser uma prioridade nesse momento e saber identificar os parceiros certos para que essa mudança aconteça é fundamental.

4)   Experimentação

Conhecer e experimentar novos aplicativos, programas, modelos e formas de chegar ao mesmo lugar, só que de forma mais tecnológica. A mudança aqui, novamente, é cultural... É importante passar a testar rápido e ajustar rápido. Aceitar mais os erros e sempre aprender com eles.

A evolução para um pensamento digital é um projeto sem fim... O foco deve ser em como diminuir cada gap que aparece no meio do caminho para sustentar uma vantagem competitiva no mercado.

E vocês, o que vocês acham do assunto?

Fantástico Chris! Eu concordo demais no ser topdown e no experimentar… e de livrar das “amarras “ , é facil falar e difícil fazer ne? Nosso desafio como liderança! Obrigada por compartilhar

Leonardo Tonini

Co-Fundador na Emerge Ventures | ex CMO Mondelez

2 a

Belo texto Christianne Rego. Acredito que ficamos tanto tempo presos ao modelo comando e controle que um desafio grande é sair da inércia, e o seu último ponto sobre experimentação é chave. Começar com pequenos experimentos, com a cabeça do cientista em busca de validar uma hipótese, é uma maneira rápida e sem dor pra começar a ganhar fluidez no pensamento digital e expandir o olhar. Continue escrevendo que está bem legal de acompanhar! abs

Alexandre Caramaschi 🔔

Generating… ██████▒▒ 80% complete - Stanford 🎓 VP da Herreira Joias Brazil | Co-founder AI Brasil | Startups | Sales and Business Development | Marketing Executive | AI

2 a

Caríssima Chris ... creio que o pensamento será inserido em doses terapeuticas nas empresas, não nascerá dentro delas 'organicamente'. Mais por necessidade do que por opção. Christianne Rego A cultura dominante por hora tem sido de 'pleitos' e não de renúncias ... infelizmente. Peter Drucker: Culture eats strategy for breakfast

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