A transformação está acontecendo, mas então o que ainda está brecando avanços mais significativos?
5 motivos que ainda travam o avanço na transformação digital e agilidade nas empresas e que podem ser melhorados
Vejo muitas coisas acontecendo nas empresas, principalmente no dia a dia com a JUST, trabalhando mais de perto ou mesmo conversando com pessoas que lideram iniciativas de transformação. E com base nesta experiência vinha pensando em como elencar 5 pontos importantes que podem ser potencializados e ajustados para o negócio obter melhor performance. São pontos de dor, os quais ainda vemos nas organizações quando falamos sobre transformação digital, agilidade e inovação.
Mudanças vêm acontecendo e é inegável que existam avanços, mas será que na velocidade necessária? Será que é possível fazer mais por esta transformação? Será que as empresas DE FATO desejam curar todas as feridas :)?
SCRUM vs LEAN KANBAN
Vamos falar a real: SCRUM ajuda, mas não resolve. Não é necessariamente ágil, mas não é que não seja também. Compliquei? Eu sei, mas é exatamente isso.
Scrum traz (ou trouxe) pontos importantes. Ajuda no alinhamento e entendimento de algumas coisas, mas depois de um tempo vira muleta. Se você parar para analisar, muitas vezes verá que está voltando para o ponto inicial, antes do uso.
As empresas ainda usam SCRUM, pois partir para o KANBAN dói mais. Na minha opinião é a verdade, embora alguns vão dizer que não. Eu acho que dói e às vezes parece que ninguém quer comprar a briga da busca real pela agilidade na essência. Nem vou entrar na questão de que se um time resolver entregar todo dia, talvez o restante da esteira não permita tal entrega até o final da cadeia, então vamos deixar este ponto para outro dia :).
Temos visto muitas empresas se organizando com “SQUADS” e nelas tentando padronizar um modelo de trabalho entre estes times, comparando iniciativas completamente diferentes, com perfis, pessoas e complexidades diferentes. Não faz sentido. Isso quando não vemos times com a mesma composição atacando problemas distintos, nos quais o modelo não se encaixa.
Consigo compreender que é um movimento, são tentativas, mas para quem estuda e tem mais vivência com iniciativas ágeis, logo percebe que não muitas coisas não irão funcionar como poderiam.
É preciso coragem para encarar que o SCRUM está longe de te tornar realmente ágil, apesar de poder melhorar algo; é preciso coragem para aceitar que agilidade não te obriga a ter um único modelo funcionando em todos os times; é preciso coragem para de fato criar times com autonomia. Ainda vemos times travados, dependentes de outras áreas, processos e equipes, sem conseguir avançar o quanto deveriam e poderiam.
DESIGN SUBUTILIZADO
Nunca se falou tanto sobre Design, mas ainda vemos seu uso estratégico muito tímido dentro das empresas em camadas executivas, guiando e facilitando visões e grandes mudanças. UX, por exemplo, ganhou muita força, vemos em quase todas as empresas (ok, muitas usam a nomenclatura erroneamente), mas estão trabalhando na construção de produtos digitais. Pouco vemos o uso de Service Design para mapear a jornada e experiência do cliente, por exemplo, seja ele externo ou interno.
Ainda vemos pouco o Design presente em camadas executivas guiando e facilitando visões e grandes mudanças das empresas.
O Design é imprescindível, mais ainda nos dias de hoje, para guiar o negócio, estratégia, inovação, experiência do cliente e experiência do colaborador. É preciso fazer um trabalho cultural de amplificação do design, para que seja usado em mais e mais iniciativas e por pessoas não-designers também, aliando experiência e conhecimento do negócio com pesquisa e metodologias que possam organizar e priorizar melhor o que deve ser feito.
DIGITAL AINDA NÃO CHEGOU AOS COLABORADORES
Quem aí nunca reclamou dos serviços e ferramentas internos e dos processos lentos e complicados na empresa que trabalha?
Este pilar da experiência precisa começar a ser pensado. Em um momento próximo as iniciativas feitas para o cliente externo irão se esgotar e a cultura interna e processos internos serão um grande diferencial para entregar atendimento, personalização, agilidade e um relacionamento mais humano com o cliente. Isso só poderá ser feito quando a sua empresa tiver as próprias pessoas atendidas e satisfeitas com a sua experiência interna.
Já existem algumas poucas empresas com iniciativas de redesign da experiência do colaborador, mas em um futuro próximo isso será mais comum pois se tornará inevitável.
Os investimentos ainda estão muito centrados em novas plataformas e novos processos para o cliente e pouco tem sido feito sobre a experiência digital do colaborador.
INOVAÇÃO COMO OS ANTIGOS TIMES P&D
As iniciativas de inovação hoje são mais visíveis, grandes empresas têm adotado, mas ainda estão muito concentradas na TI, digital ou mesmo em uma área isolada em uma área chamada de inovação ou garagem.
Entendemos como um embrião, um primeiro passo para se tentar criar uma cultura de inovação, porém a forma como vemos muitas vezes gera pouco impacto para o negócio e para outras áreas.
Muitas vezes as iniciativas são vistas como interessantes, legais, mas poucas vezes são vistas como aplicáveis ou que possam de fato trazer inovação com valor para o negócio se aplicadas agora.
Acreditamos que ainda existem muitas iniciativas de inovação desconectadas dos objetivos estratégicos do negócio e vemos aqui uma oportunidade grande de uso do design para auxiliar na hora de escolher que tipo de solução tem mais potencial para ser aplicada hoje no negócio.
SQUADS SEM AUTONOMIA
Bom, agora quase todo mundo já ouviu o termo SQUAD nas empresas, ou que estão usando o modelo Spotify, a pergunta que fica é: quanto este modelo está de fato funcionando e não sendo só mais “cool”?
O que vemos por aí são modelos fechados de formação de SQUADS, baixa autonomia e alta dependência ou interdependência de outras SQUADS.
O conceito de SQUADS justamente nasceu para criar times (ou células, chame como preferir) com autonomia e sem dependência. Dentro de SQUADS deveriam estar todos os papéis necessários para resolver a cadeia de valor completa daquele pilar do negócio.
Não vemos isso acontecendo. Vemos times SCRUM sendo chamados de SQUADS, modelos pré-determinados sem olhar para o contexto, vemos que faltam papéis de negócio nas SQUADS, vemos que algumas SQUADS ficam paradas por blocks que ela não consegue resolver. No final vemos falta de visão clara do gargalo, seja ele no negócio, em Devops, em outras squads ou em processos.
A intenção de formar as SQUADS é muito boa, mas para isso, precisa ser analisado se hoje, nas estrutura atual, faz sentido ou mesmo tudo o que precisa ser feito para que isso realmente aconteça.
Não podemos aceitar um modelo fechado, dizer que SQUADS são formadas por X, Y, Z na empresa sem sequer saber qual o desafio irão encarar. Digo isso, pois já vi times sem conseguir entregar porque as entregas previstas na SQUAD não são skills fortes dos integrantes da SQUAD.
Continuo achando que o modelo de squads faz sentido, mas precisa ser pensado, precisa ser contextual, precisa ter claro qual o desafio e objetivo e também precisamos parar de chamar de squad o que não é squad :)
Ah Rafa, como você está muito ácido :) …
Não… não estou, eu de verdade só quero ver todo o potencial que as empresas têm acontecendo na prática, que estes times seja realmente bem montados, que possam entregar todo dia, que tenham autonomia, que possam entregar tudo aquilo que podem.
Sei e vejo também casos em que alguns destes pontos estão bem resolvidos, ou mesmo caminhando para uma solução, não estou dizendo que todas as empresas sofrem de todos estes pontos que levantei, mas o meu objetivo aqui é sinalizar que existem pontos cruciais para atingir a tão desejada transformação e ela passa por uma reflexão destes pontos levantados e como pode-se extrair mais resultado destas mudanças.
Sabemos que muita coisa é nova, que mudar empresas gigantes não é fácil, mas existem coisas óbvias ou mesmo simples de serem resolvidas que podem ajudar a acelerar as mudanças e os resultados.
Coordenador de Dados na Clamed
5 aBons questionamentos, Rafael. Concordo com alguns pontos que você cita (e outros "desconcordo") mas acho que o questionamento é justo e merece discussão, sim. Acho que muitas empresas abraçaram "melhores práticas - dos outros(!)" mas não entenderam os princípios do movimento ágil (de validação rápida de hipóteses - tudo são hipóteses!) e também não olham para os "outcomes" de negócio - se estão atingindo - se focando apenas em entregar pedaços de software. E também concordo que Service Design ainda está engatinhando e tem muito a acrescentar nessa história.
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5 ashow! Excelente artigo para refletir se estamos de fato sendo "ágeis"