Transição de carreira - Existe um momento certo?

Desde a época da escola eu sempre soube que gostaria de trabalhar com pessoas, ou melhor, com desenvolvimento de pessoas e suas carreiras. Me formei em Psicologia e logo ingressei no mercado de trabalho com o que seria o meu "emprego dos sonhos de qualquer recém formada" - fui contratada como analista de RH (business partner) numa empresa grande e muito conhecida na minha cidade. Aprendi muito, mesmo que em pouco tempo, sobre estilos de liderança, modelos que eu gostaria de seguir e modelos de gestão que eu não gostaria de seguir.

Como a maioria dos jovens, no auge de seus vinte e poucos anos, ingressei no mercado acreditando estar pronta para qualquer desafio, era "pau para toda obra". E de fato era! Me empenhei para participar de todos os projetos da empresa, fui buscar em outras unidades novos modelos de trabalho e de fato, conseguimos atingir resultados incríveis.

Mas o que ninguém te conta quando se é recém ingresso no mercado é que quando você é jovem e se destaca, propostas para o mercado chegam e te fazem sentir muito bem! E você aceita, muda de empresa com facilidade, sem luto, sem olhar muito para trás e segue sua vida profissional. Da mesma forma quando você não se encaixa com a empresa ou com um novo modelo de gestão, você se cadastra nas plataformas de R&S, participa de processos seletivos e vai em busca do lugar perfeito para trabalhar.

E foi assim comigo também, passei por grandes empresas, priorizava meu trabalho acima de tudo e realizava tudo que me propunha a fazer com a maior qualidade possível.

O que ninguém me contou foi que a gente envelhece... e quando esse momento chega a gente começa a priorizar um pouquinho mais a tal qualidade de vida, a família, os momentos de lazer. Deixar de passar um sábado com a família para se dedicar a um projeto de última hora tem um peso maior do que tinha antes e quando isso se repete em todos os finais de semana e em todos os meses, passa a não ser mais tão atrativo.

E quando cheguei neste momento da minha carreira/vida pessoal, com filhos pequenos, marido que também sentia minha falta e pais que começam a envelhecer, realmente comecei a pensar que seria a hora de mudar. E mudei! Sai da empresa que trabalhava com a proposta de cuidar integralmente de uma empesa menor, não só da parte de RH mas de toda a parte administrativa da empresa, o que foi um desafio enorme porque apesar de menor, processos existem em todas as empresas e devem ser mantidos ou melhorados (esquecidos, nunca!).

E apesar das novidades, das novas atribuições, me saí muito bem! Aprendi, conheci novos processos, aprimorei minhas habilidades de liderança (sempre me lembrando do modelo que eu não queria seguir, visto nas empresas anteriores e fugindo desses modelos) e me tornei também uma pessoa melhor, mais completa e com a certeza de que uma empresa pode sim fazer a diferença na vida das pessoas.

O que quero dizer com tudo isso? Que não existe um momento certo para a sua transição de carreira e que você pode sim mudar seus objetivos iniciais ao longo da sua vida, que suas prioridades podem mudar e que o importante é ser honesta com você mesmo.

Hoje, 10 anos depois, continuo nessa mesma empresa pequena, mas com muitos desafios. Me sinto muito mais preparada para as demandas que surgirem e tenho um objetivo todos os dias que continua sendo o mesmo da menina que entrou na faculdade: Cuidar e desenvolver pessoas.

E você, como se sente em relação a sua carreira atual? Já recalculou a sua rota?

Obrigada pela companhia por aqui e nos vemos em breve,

Patricia