Transição de carreira: por que fazer e qual o momento certo?

Falar em transição de carreira remete a mudanças profundas de área, segmento ou estilo de vida profissional. Sair de uma situação de trabalho já conhecida, de uma rotina habitual, ocasiona também transformações na vida pessoal, familiar e digo mais, até espiritual. Uma transição de carreira exige muita determinação, mas se sentir coerente em sua própria história é algo que ninguém pode fazer por você.

Trago a minha própria experiência para respaldar essa declaração. Sempre tive a ambição (antes achava que era ilusão juvenil) de trabalhar com o que eu amo. Esse sentimento me acompanhou desde que comecei minha vida laboral. Eu precisava sentir paixão pelo meu trabalho, ter brilho nos olhos, aquele tesão de acordar, realizar, bater metas, crescer. Aconteceu que eu, assim como muitos jovens, sem uma boa dose de autoconhecimento e com uma ampla variedade de oportunidades no começo da carreira, fui me tornando refém das circunstâncias, fazendo aquilo que dava mais dinheiro no momento, entrando em uma espiral de “acomodação”.

Não acomodação no sentido de desleixo com a carreira, muito pelo contrário! Para estar apta a essas oportunidades, foi preciso dançar conforme a música, investir fortemente em capacitação, cursos, MBA´s, idiomas e muito networking. Não fazia o que eu amava, mas aprendi a amar o que eu fazia e honrar as empresas que me abriram as portas, de onde eu tirava meu sustento. Digo, no aspecto de conformação, quando fazer o que se ama parece utópico demais e improvável de ser suficiente para pagar as contas. A verdade é que deixar de lado seus ideais profissionais, aqueles que estão ancorados no seu dom, sua vocação, ocorre por tantas questões diferentes, que poderíamos passar horas listando as mais distintas desculpas pessoais.

Dentre muitas razões, considero a FALTA DE AUTOCONHECIMENTO a de maior importância. Se você não se conhece o suficiente, não sabe seu propósito de vida, sua missão, seus valores, não investe em desenvolver suas habilidades natas nem naquelas que deseja possuir, qualquer carreira serve! Muitas vezes, esse nível de autoconhecimento chega com um pouco mais de maturidade, quando você já tem bagagem suficiente para saber o que não gosta e que atividades fazem você se sentir VIVO, mesmo com os desafios. Esse foi o meu caso. Precisei passar por muitos segmentos diferentes, muitas cidades, muitos cargos, para fazer um apanhado geral de quem eu sou em essência no que tange minha vida profissional.

Foi uma longa caminhada para dentro de mim. E sabemos, amigos, que não tem como ser diferente. Há respostas que só encontramos dentro de nós mesmos. Precisamos parar de tempos em tempos para ouvir nosso corpo, ouvir nossos sinais, trabalhar nossas angústias e fazer um inventário pessoal da nossa vida. O trabalho ocupa a maior parte do nosso dia, então acho mais do que louvável essa busca por trabalhar com algo que nos faz ser uma ótima versão de nós mesmos. Sinto informar, mas se não fizermos isso, nosso corpo e mente cobra uma conta alta, e muitas pessoas apresentam distúrbios das mais variadas ordens porque vivem em estado de tensão a respeito de suas carreiras.

O momento certo de pensar numa transição de carreira é algo muito individual. Chega a hora em que você se sente deslocado demais para continuar onde está. Nesse ponto entra o planejamento (financeiro inclusive), as conversas com a família, a ajuda especializada (terapia, coach, mentoria etc) e as atitudes práticas, como capacitação para o novo trabalho, novo networking, pedir demissão ou ser demitido dentre outras.

Coragem é um atributo essencial nessa fase. Coragem de se aceitar, coragem para comunicar às pessoas sobre seu novo rumo, coragem para sair do conhecido e começar do zero. Refleti o seguinte: se eu tivesse começado a investir na carreira que eu quero aos vinte anos, eu poderia estar muito longe, estar bem sucedida... Se eu tivesse doado toda a energia que investi em minhas funções nas empresas para meu negócio anos atrás... Quem sabe? A questão é entender que a lamentação não serve para absolutamente nada nesse momento. É preciso entender que você fez o que podia diante do conhecimento que tinha sobre si mesmo e ponto final. E que todas as suas experiências o levaram até onde você chegou, inclusive à decisão de mudar! Então, BINGO! Mas por outro lado, ao se olhar no espelho e ter a certeza de que precisa seguir outro caminho, aí a hora é agora. Sentir medo é normal e muito compreensível. Porém, procrastinar só vai levar a futuras frustrações, pois o tempo urge e ser feliz não pode esperar.

E vocês, meus amigos, já passaram por uma transição de carreira? Vamos trocar experiências?