Transição de Carreira
Em tempos de pandemia mais do que nunca há pessoas que resolveram se reinventar ou apostar em outro ramo. Muitas vezes não é uma escolha das mais fáceis a se tomar, mas sim deveras necessária.
Um engenheiro de produção que entra numa organização como supervisor de operações e depois vira coordenador de manutenção, e assim por diante. Este está na mesma trajetória, embora em cargos diferentes, o trabalho dele continua sendo da mesma natureza.
Através de pesquisas é possível perceber que as pessoas não mudam de carreira tão facilmente, porque sempre que há uma transição de carreira vive-se também uma transição de identidade profissional. Nós desenvolvemos uma identidade profissional dentro da trajetória que nós elegemos. Por isso, que quando as pessoas "transitam", elas por sua vez passam por cargos semelhantes que condizem com a sua especialização inicial, ou se mudam de empresa, não mudam de trajetória.
Embora mude de cargo, não muda a sua essência. Como corrobora Joel Dutra: "Sempre que a gente muda de trajetória tem uma mudança de identidade profissional, e esta trás um estresse psicológico muito forte". Algumas teorias associam esta alteração, este 'estresse psicológico' a uma separação conjugal. "Dói muito!"
Através destes estudos é possível verificar quatro fases, sendo elas:
Fase 1: Refere-se a uma etapa carregada por estresse psicológico, e ansiedade resultantes da mudança de identidade profissional. Quando se decide fazer a transição de carreira, sempre é uma decisão muito difícil. Nesta fase se sai da zona de conforto e vai rumo ao desconhecido.
Muitas vezes isso ocorre, pelo profissional não ver mais perspectiva na carreira a qual abraçou. Então chega-se o momento de fazer esta tomada de decisão.
Fase 2: Este segundo momento, de repente o mais difícil é o momento em que se renuncia a identidade a qual o sujeito pertencia até o momento. O profissional não é mais "aquilo", pois não se sente mais pertencente ou motivado a continuar no mesmo nicho de atuação.
Fase 3: No momento em que se faz esta renúncia da identidade profissional, inicia-se uma nova etapa, pois é sabido que o desconhecido esta em construção, e o sujeito ainda não tem certeza no que resultará de fato, porque ainda não se consolidou uma nova identidade profissional. Neste momento fica-se "sem chão", onde é chamado de limbo. O profissional lança perspectivas positivas frente suas novas realidades, mas em contra partida de certa maneira ainda possui muitas inseguranças em relação ao seu futuro.
Fase 4: Aqui é onde começa a se consolidar uma nova identidade profissional, e se percebe então, que ainda não se tem todo o conhecimento, e nem todas as habilidades necessárias para executar este novo papel. Neste momento é comum se sentir incompetente, a autoestima fica baixa, podendo haver momentos de tensão, ímpeto a desistência, sensação de sobrecarga e sentimentos de angústia nesse processo.
Mas afinal, por que trazer isto para vocês?
A relevância de trazer a luz este tema para o leitor, refere-se a quando um profissional da área técnica, de cargo funcional migra para um cargo gerencial, ele está fazendo uma mudança de identidade profissional. Você pode estar se questionando o por quê a posição gerencial não é uma continuidade natural da carreira de um profissional técnico ou um cargo funcional?
Em resposta a esta pergunta, o que caracteriza o gerente não é o fato de ele estar gerenciando pessoas, mas sim estar administrando recursos escassos dentro de uma organização. Portanto, o que implica em um cargo gerencial é o fato do profissional estar na "arena" política da organização.
Então vejamos, posso ter um líder que influencia pessoas, independente de seu perfil de comando, mas ele não está na "arena política" da empresa, porque este dirigente não está disputando recursos. Embora o líder possa conduzir operacionalmente e tecnicamente, há uma pessoa acima dele que está na luta por recursos, e tem o poder de decisão naquele momento. Então sempre que uma pessoa assume uma posição gerencial, ele vai para a "arena política", exercendo uma liderança hierárquica ou por influência.
De modo geral pode ser então observado, que a transmutação de área profissional, gera no trabalhador em um primeiro momento ansiedade, incerteza e angústia em relação ao seu futuro dentro do mercado de trabalho, mas encorajado pela defasagem natural de alguns cargos, este vê como melhor possibilidade a transição de carreira. Percebe-se que existem etapas, pois é um processo, e cada fase possui seus desafios, contribuições e tornam o profissional mais seguro sobre os próximos passos a seguir e o início de um novo ciclo, que irá gerar maiores possibilidades e satisfações profissionais e por conseqüência realizações pessoais.