Treinamentos Comportamentais: Cabem Métricas?

Treinamentos Comportamentais: Cabem Métricas?

"Muitas das coisas que se pode contar, não contam. Muitas das coisas que não se pode contar, realmente contam". #Einstein

Os profissionais de qualquer empresa precisam ser treinados nos mais diversos “skills”, seja para melhorar o desempenho de suas funções ou para crescimento profissional.

Alguns casos são bem simples. Se alguém precisa aprender a fazer tabelas dinâmicas no Excel, um curso avançado nesta plataforma é rápido e suficiente. A eficácia desse tipo de treinamento é bastante objetiva, portanto, fácil de ser medida. 

A coisa fica muito diferente quando os profissionais apresentam dificuldades no âmbito do comportamento, a saber:

Atuar com espírito de equipe, oferecer um “feedback” adequado, manejar conflitos, faltar foco, dificuldade em liderar ou fazer a gestão de times, resistência a mudanças, falta de empatia, engajamento aos valores da empresa, enfim, questões puramente humanas que realmente dificultam a construção de resultados efetivos.

É possível medir eficácia dos treinamentos que visam transformar estes comportamentos? Medir? Bem, é possível observar mudanças de comportamento. Todavia, essa observação pode ser muito subjetiva e imprecisa. 

Minha experiência de 20 anos em sala de treinamento me assegura do valor transformador da abordagem dos treinamentos comportamentais. Também sei que muitos são os fatores que podem prejudicar essas transformações.

Crenças e valores ocultos e incompatíveis com os da organização. Falta de compreensão dos benefícios que serão construídos. Não reconhecer a necessidade de transformar comportamentos. Experiências passadas frustrantes. Sentimento de que é visto como um “número” ou uma “coisa”, até puro medo que se manifesta na forma de “resistência” estão dentre os fatores mais comuns da baixa “efetividade”.

O Dr. Paulo Gaudêncio dizia que as pessoas mudam instantaneamente quando são tocadas no coração, ou seja, no nível emocional, não no intelectual.

Temos que reconhecer que dentro do ambiente de trabalho é muito difícil introduzir uma abordagem eminentemente emocional. Sequer existem profissionais suficientemente maduros e adequadamente capacitados que possam segurar uma barra emocional caso apareçam. 

Por conta da dificuldade em se criar “métricas” a partir dos treinamentos que visam transformar comportamentos, estes acabam sendo os primeiros alvos dos cortes de despesas quando da chegada de alguma crise ou da queda do desempenho da empresa.

A meu ver, a reação deveria ser totalmente oposta. Ao partirmos da premissa de que são as pessoas que fazem o resultado, depende delas, em grande parte colocar ou não a "faca nos dentes". Ou seja, encontrar dentro de si mesmas a força motivadora que as façam revelar o melhor que elas têm para oferecer em momentos de crise.

A falta dessa compreensão faz com que muitas empresas tirem das pessoas o que elas têm de pior.

A necessidade é a mãe de todas as transformações. Ninguém muda simplesmente porque quer. Pessoas mudam comportamentos quando reconhecem uma necessidade ou uma grande ameaça.

Cabe à liderança perceber e comunicar claramente essas necessidades. Cabe à alta liderança encorajar o coração das pessoas para que possam manifestar o que elas têm de melhor para oferecer.

Medimos coisas e, pelo que me consta, pessoas não são coisas. Não se “mede”, por exemplo, amor, tristeza ou alegria. 

Se você é líder, pense nisto. Aproxime-se das pessoas. Use de empatia.

Sobretudo, diga sempre a verdade. Você se surpreenderá ao perceber o quanto as pessoas são capazes de lidar bem com ela.

Isto sim, é transformador. 

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