Tudo é uma questão de preço
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Tudo é uma questão de preço

Inicio a minha Newsletter fazendo uma reflexão, de que no final das contas, tudo se resume a preço. Um cacho de bananas é barato, mas não se ele for vendido a R$ 1.000,00 o kg, da mesma forma que uma Lamborghini é cara, mas não se ela for vendida a R$ 10.000,00.

Essa reflexão também se aplica perfeitamente à realidade das bolsas (da nossa e das internacionais). O Ibovespa a 96 mil pontos pode parecer "barato", mas não se a SELIC estiver a 20% e com perspectiva de subir ainda mais, da mesma forma que pode parecer "caro" a 130 mil pontos, mas não com a SELIC a 7% e com perspectiva de cair ainda mais.

A seguir irei explorei como a valoração das ações pode influenciar as decisões de investimento. Farei um paralelo entre as bolsas brasileira, europeia e norte-americana, destacando seus altos e baixos, além de fornecer exemplos de dois períodos distintos em cada uma delas.

I. Bolsa Brasileira: oportunidade em meio ao caos

O Ibovespa tem enfrentado diversos desafios ao longo dos anos. Em momentos de pessimismo e negatividade, não faltam momentos que se mostraram excelentes oportunidades de investimento, com ações sendo negociadas a preços abaixo do seu real valor intrínseco.

Crise Financeira de 2008

Durante a crise financeira global de 2008, a Bolsa brasileira sofreu fortes quedas. Investidores que tiveram visão de longo prazo encontraram oportunidades únicas de comprar ações de empresas sólidas por preços significativamente reduzidos. Empresas de setores resilientes, como energia e varejo, apresentaram descontos expressivos, possibilitando a construção de carteiras lucrativas.

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De 24 de outubro de 2008 até 12 de março de 2010 o Ibovespa subiu 120%


Incertezas Políticas e Econômicas

Em períodos de incertezas políticas e econômicas, como ocorreu no Brasil em 2016, os mercados acionários ficaram voláteis e desvalorizados. Investidores que conseguem identificar empresas com fundamentos sólidos podem aproveitar a oportunidade para adquirir ações a preços convidativos. Empresas do setor de infraestrutura e exportadoras podem se tornar atrativas nesse cenário.

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De 12 de fevereiro de 2016 até 10 de janeiro de 2020, o Ibovespa subiu 190%

II. Bolsa Europeia: muito hype, pouco valuation

A Bolsa de Valores europeia é composta por diversos mercados acionários, cada um com suas particularidades. Em momentos de otimismo e ânimo com a economia, é importante analisar cuidadosamente o preço das ações antes de tomar decisões de investimento.

Em momentos de euforia, como ocorreu durante a "bolha da internet" no final dos anos 1990, as bolsas europeias também experimentaram valorizações exageradas. Muitos investidores pagaram preços exorbitantes por ações de empresas com modelos de negócios questionáveis, levando a perdas significativas posteriormente. Identificar bolhas e evitar a superavaliação dos preços é essencial para uma alocação de capital prudente.

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De 3 de março de 2000 até 7 de fevereiro de 2003, o Eurostoxx caiu 60%

III. Bolsa Norte-Americana: no longo prazo pode te dar muito dinheiro, mas não será um passeio no parque

A Bolsa de Valores norte-americana, representada por Wall Street, é considerada uma das mais desenvolvidas e influentes do mundo. No entanto, mesmo em momentos de grande otimismo e entusiasmo com a economia, é fundamental ter cautela em relação aos preços das ações.

Boom das Empresas de Tecnologia nos anos 1990

Durante o boom das empresas de tecnologia nos anos 1990, muitas ações do setor atingiram valores astronômicos, sem fundamentos sólidos para suportar essas valorações. Investidores que reconheceram essa superavaliação evitaram pagar preços exorbitantes e se protegeram das perdas substanciais que ocorreram com o estouro da bolha.

Um otimismo exacerbado com o advento da internet (que de fato foi uma grande invenção) levou empresas sem qualquer fundamento sólido a atingir valuations completamente absurdos. Ao final de uma década, o Nasdaq acabou tendo 3 anos pesados de correção nos preços.

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De 5 de janeiro de 1990 a 25 de fevereiro de 2000, o Nasdaq se valorizou incríveis 901%

Pandemia

A crise pandemia abalou a confiança dos investidores e resultou em quedas acentuadas nos mercados acionários. Com lockdowns sendo implementados no mundo todo, nenhuma vacina à vista e várias empresas fechando, o S&P500, um dos principais índices acionários dos EUA, chegou a cair 30% em pouco mais de 1 mês.

Em meio ao pessimismo generalizado e um cenário de terra arrazada, algumas ações de empresas que sequer estavam sendo afetadas pelos lockdowns e pela pandemia (algumas até estavam se beneficiando disso, como várias do setor de tecnologia) começaram a negociar em valores muito descontados, se mostrando verdadeiras joias raras em meio ao caos.

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De 20 de março de 2020 a 31 de dezembro de 2021, o S&P500 se valorizou 106%

Conclusão

Como investidores, é crucial entender que tudo é uma questão de preço ao tomar decisões de investimento. Tanto em momentos de pessimismo quanto de otimismo, é essencial avaliar cuidadosamente os preços das ações nas bolsas de valores.

Oportunidades podem surgir em períodos de negatividade, quando ações sólidas são negociadas abaixo de seu valor intrínseco, da mesma forma que é importante evitar superavaliações em momentos de euforia.

Lembre-se sempre de analisar os fundamentos das empresas, considerar a relação entre preço e valor intrínseco, e ter uma visão de longo prazo ao tomar decisões de investimento. Ao fazer isso, você estará melhor posicionado para identificar oportunidades de investimento em momentos desafiadores e evitar alocações de capital prejudiciais em momentos de euforia.

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