Tudo certo! Será?
Tudo certo! Você está escalado para um desafio importante no qual sempre sonhou fazer parte. Diante de um cenário em transformação, o ambiente se mostra hostil e sua juventude e habilidades estão postas à prova. As expectativas em você são altas e todos percebem a sua posição de destaque. Mas você não está sozinho! Há integrantes do mesmo time que dividem experiências e responsabilidades com você e isso de certa forma lhe transmite mais segurança para avançar.
O resultado ainda não é favorável e todos se empenham para o alcance do desafio. Até que em certo momento, você é solicitado, suas habilidades são demandadas e anos de preparo e dedicação serão testados.
O cenário mudou radicalmente e você olha para o lado e percebe que está sozinho, os seus parceiros corriqueiros não estão próximos para auxiliá-lo naquele momento e você precisa executar com precisão a sua atividade.
A responsabilidade que então era do grupo, mesmo que momentaneamente, recai sobre uma única pessoa, você!
Isso pode acontecer com qualquer pessoa no mundo corporativo, correto? Sim! Mas esta reflexão é inspirada na situação vivida pelo jovem atleta do Corinthians ontem (22.06.16) em uma partida realizada contra o Atlético MG pelo campeonato Brasileiro. O rapaz acabou saindo de campo chorando. O desdobramento desta situação em partes foi desastroso.
Por outro lado, aconteceram manifestações de solidariedade e estímulo, inclusive por parte de seus adversários. Algo que deve sempre ser estimulado na prática esportiva.
No universo corporativo encontro semelhanças com o vivido pelo jovem atleta e que naquele momento buscava se desempenhar em campo.
Algumas reflexões:
- Tudo muda o tempo todo e cada vez mais rápido! No caso do jovem atleta, que até então contava com o apoio do seu time, de repente se deparou com uma situação crítica e talvez sem a bagagem necessária para conduzir aquela situação.
Formas alternativas de solucionar um problema, principalmente em momentos críticos de tomada de decisão torna-se mais possível para quem possui repertório, vivência e experiência.
Pense de uma forma figurada, onde os profissionais com mais bagagens emolduram a essência dos mais novos, mantendo rígida a estrutura organizacional. Desta forma ambos se tornam necessários e eficazes. Cada um tem o seu papel, e quem deveria “suportar o peso” deveria ser a moldura (representada aqui pelo profissional experiente).
- O fato do resultado não ter sido o esperado não deveria recair apenas sobre o jovem atleta. O papel do “bode expiatório” tem sido comum em vários momentos da nossa história, mas que no fundo revelam a fragilidade na realização de uma análise muito mais profunda sobre o que vem acontecendo.
A situação gerou uma pressão muito grande no atleta e que visivelmente não conseguiu suportar o momento. Com tudo isso, a exposição demasiada poderia abreviar sua jovem promessa.
- Como resgatá-lo diante do acontecido? Visivelmente abatido e tendo que dar continuidade ao seu trabalho, o consolo talvez tenha vindo na hora errada. Ainda com o jogo em andamento, trouxe sensibilização que não se transformou em reação e sim em mais abatimento.
Nas empresas dispomos de formas estruturadas de feedback e que muito contribuem para o amadurecimento profissional. Se visto como um presente, o feedback precisa se estudado, embalado e em uma ocasião específica ser entregue a quem de direito. Durante um momento de tensão, uma alternativa é buscar a concentração e regatar o foco do desafio, “esquecendo” por hora da análise individual ou da vitimização.
Assim como no futebol, a experiência corporativa produz mais resultados coletivos do que individuais. E na maioria das vezes há mais sentido quando independente do que aconteça, venham carregados aprendizados e de inspiração.