Um breve vislumbre do futuro
Muitos conjecturam como será o futuro, suas hipóteses, seus novos caminhos e tecnologias. Na década de 70, talvez um pouco antes (me corrijam os mais experientes), se imaginava os anos 2000 a uma distância inimaginável, onde a paisagem urbana seria dominada por carros voadores, trajes de roupas extremamente diferentes, prateados e outros acessórios extravagantes, ou até mesmo aqueles que já fariam o homem ser capaz de voar. Se quiser materializar tal visão, basta assistir alguns poucos episódios de “Os Jetsons”, da saudosa Hanna-Barbera e, além disso, não são poucos os filmes que explicitam essa visão.
Ok... Talvez eu esteja exagerando um pouco, mas é o que esses filmes e desenhos me dizem. Porém, não é esse o mote principal do presente texto julgar a assertividade desses filmes e desenho. Uns acertaram mais do que outros, isso é fato, mas também é fato, que nenhum deles foi capaz de consolidar uma visão de uma rede “invisível” que conectaria o mundo inteiro, possibilitando uma infinidade de coisas!
Há alguns meses atrás, refletindo sobre isso, e em como a internet, e sua popularização, o principal divisor de águas dos milênios, não era algo tão flagrante na cabeça das pessoas daquela geração, comecei a me questionar quais seriam as tecnologias e dispositivos que existirão no futuro, até um espaço de tempo de uns 100 anos e que os filmes de hoje não mostram, e talvez nenhum de nós imaginemos.
Não necessitando ter tanto rigor científico, liberei minha imaginação para se livrar dos grilhões das limitações tecnológicas que hoje existem, e vislumbrar situações que nossa ciência ainda não nos permite, ou, pelo menos, não em sua totalidade, ou, talvez ainda, sem eu saber que já é capaz, porém tentando não ir longe demais, a ponto de se tornar um roteiro de filme C de ficção científica.
O primeiro ato desse vislumbre foi imaginar como será a vida, no dia a dia. Como que a maior parte da população estará vivendo. Ficou evidente para mim, e isso seja um fato óbvio, que a internet e a computação ainda não alcançaram todo o seu potencial. Partindo disso, projetei mentalmente como será seu avanço.
Já há alguns poucos anos, vimos o crescente desenvolvimento da internet das coisas e como que com apenas um dispositivo somos capazes de controlar diversos objetos e sistemas, revolucionando assim, nossa forma de consumir (em todos os sentidos) e de compreendermos o mundo.
Mais recentemente, estamos começando a viver a realidade aumentada. Já vemos suas credenciais nos jogos e em softwares voltados para projetos de engenharia, por exemplo. Enxergo que é nela que está o embrião do novo boom tecnológico. Com todo certeza, essa tecnologia se expandirá para outros setores, em especial a comunicação e, finalmente, se popularizará.
Paralelamente a isso, nossos smartphones estarão avançando e aderindo o progresso da realidade aumentada. Chegaremos a um ponto que tal objeto não mais será um smartphone como conhecemos. Caminhará para que o aparelho único e principal de comunicação sejam os smartwatches, projetando as funcionalidades e conectividade na palma das mãos. Algo bem próximo aos dias atuais.
Com as projeções o e-commerce alcançará um novo patamar. Será um busca frenética para mostrar mais detalhes e cores para melhorar exponencialmente a experiência e satisfação do consumidor. Os negócios que melhor utilizarem as projeções despontarão como os principais, e isso não se restringe apenas mostrar os produtos, mas a promoções projetadas, animações e atendimentos com IA’s poderosas. Na minha mente vem sempre a Magalu (bonequinha do Magazine Luisa) ou o Ricardo (Ricardo Eletro) aparecendo numa imagem holográfica e atendendo o cliente, e entregando o código do produto para ser impresso numa impressora 3D.
Não somente o e-commerce ascenderá a esse novo nível. Uma série de outros segmentos serão altamente impactados. Imagine a medicina. Diversas consultas, em especial aqueles casos que são mais simples, como uma faringite, por exemplo, com o atendimento sendo feito de maneira remota, projetando o corpo do paciente no consultório, ou até mesmo na casa do médico. O quanto nossos hospitais não estariam mais vazio e o quão mais rápido não seriam atendimentos e agendamento de consultas?
As mudanças impactarão toda nossa sociedade. Diversos debates surgirão, diversos tabus serão quebrados, novos modelos de negócios serão criados. Os mais críticos atacarão a “remoticidade” cada vez mais presente em nossas vidas e relacionamentos a distância ganharão um elemento a mais para sobreviverem num mundo em que os sentimentos serão cada vez mais breves e superficiais. Por outro lado, engenheiros e cientistas trabalharão mais ainda para melhorar as projeções, suas conexões e se empenharão para que o raio de sensações nas transmissões seja ampliado.
O mundo será cada vez mais curto. Ainda não teremos inventado o tele transporte, mas estaremos descobrindo que sim, é possível estar em dois lugares ao mesmo tempo. Não no sentido físico-material da expressão, mas sim no contexto das experiências. Todos esses avanços farão com que inauguremos, em seguida, uma nova etapa, e é nela que a neurociência se fundirá com a internet. Isso deverá ter seu início daqui há uns trinta anos.
Os primeiros sinais do avanço da neurologia aparecerão na capacidade de transmitirmos cheiros e temperatura (sensação térmica) virtualmente.
Hoje só exploramos a visão e a audição quando consumimos conteúdos digitais. Entretanto, no futuro, seremos capazes de entrar num ambiente, nos conectarmos com outros que estão a quilômetros de distância e sentirmos todos os aromas e temperaturas presentes nele, ou programados para você sentir.
Tudo isso será possível porque o cérebro estará profundamente mapeado, sendo possível visualizar e replicar como cada cheiro é identificado, por exemplo. Vale ressaltar que não é como cada cérebro reage ao estímulo, e sim, somente como determinado objeto é identificado (uma banana será sempre vista como uma banana, independente da sua reação a ela).
Inicialmente, serão necessários alguns os aparatos um pouco mais complicados para isso, com operadores externos, cabos e fixadores ao longo do corpo, mas não tardará para que uma solução simples e móvel seja implementada.
Sites de e-commerce mudarão consideravelmente. Teremos de fato lojas de e-commerce, e não apenas páginas na web. Será possível “entrar” nelas de forma virtual, visualizar, tocar e sentir os objetos em todas suas perspectivas. E tudo isso sem elas nem precisarem existir fisicamente. Ao escolher o produto, o consumidor receberá um código para impressão 3D e terá o produto em mãos, sem precisar esperar pelo frete.
Será uma completa sinergia entre o mundo físico e o virtual. Nada mais será exclusivamente físico ou exclusivamente digital.
Com esse avanço, acredite, ainda pequeno, mudaremos nossas dinâmicas de movimentação pelas cidades.
Esse conjunto de mudanças, será responsável por mudarmos significativamente nossa relação com a cidade, nossa forma de consumo, de interagirmos e conhecermos pessoas novas. Acredito que até mesmo as relações sexuais serão afetadas.
Com o passar dos anos, essa tecnologia se expandirá, se popularizará e evoluirá a ponto de nosso corpo biológico já estar também conectado.
Nosso cérebro terá conexão automática à internet, sem precisar de dispositivos. Ficaremos 24/7 conectados. Isso será uma vida completamente diferente e um passo para comunicação sem precedentes.
Não teremos mais ruídos nas nossas comunicações e todo o conteúdo já produzido pelo homem estará ao alcance de um piscar de olhos e numa capacidade de aprendizado que nos permitirá a aprender dormindo. Chegaremos num nível que começa a ficar difícil de imaginar como serão os próximos cinco anos, uma vez que a cada dia será possível viver uma revolução do conhecimento.
Alcançaremos, sem dúvida, o nível máximo de integração da humanidade. Literalmente sem barreiras, onde o tempo é instantâneo e a velocidade quase que a da luz para tudo.
O que será que nossa engenhosidade nos reserva? Será que seguiremos nesse ritmo em busca de uma extrema conectividade?
Bom... Enquanto enquanto o futuro não chega, o que vocês acham que será o futuro? Quais serão nossos principais avanços? Nossas novas barreiras e dogmas?