Um Conto Chinês

Um Conto Chinês

Atendendo a pedidos (furiosos) e adaptando-se aos novos hábitos de consumo, vamos limitar nossa lista de “grandes filmes ignorados por público e crítica” apenas aos títulos disponiveis no Netflix.

Desta forma, sai de cena “Um Plano Simples” (A Simple Plan, 1998, Sam Raimi), retirado do catálogo há alguns meses, entra “Um Conto Chinês” (Un Cuento Chino, 2011, Sebastián Boresztein), disponível desde março. 

Ressalva para o fato de o filme portenho ter alcançado relativo sucesso na América Espanhola e Europa (Prêmio Goya de melhor filme Ibero-Americano), contudo, no Brasil não recebeu a atenção merecida, habilitando-o a figurar em posição de destaque na nossa lista.

Então, vamos lá: 

“Um Conto Chinês” é uma fábula (inspirada em episódio real) sobre o encontro de Roberto (Ricardo Darín), um metódico e ranzinza comerciante da periferia de Buenos Aires, com Jun (Ignacio Huang), um viajante chinês à procura do tio. O detalhe é que o oriental não fala uma palavra em espanhol e não faz ideia de onde encontrar o parente, já o portenho detesta qualquer fato ou pessoa que atrapalhe sua rotina. O inevitável choque cultural, uma curiosa identificação, e um relutante espírito hospitaleiro, são os temperos para a jornada de episódios absurdos, mas incrivelmente verossímeis.

Boreszteintem a sensibilidade de transformar o roteiro “de situação” - enxuto e preciso, como é a regra no cinema Argentino - em um “filme de atuação”, com atmosfera teatral, onde o fantástico funciona apenas como pretexto para um antológico duelo de interpretações entre Darín - o tipo que apresentou ao mundo o lado romântico que, abaixo das camadas de orgulho e ironia, domina a alma portenha - e Huang, extremamente confortável no papel de estopim e desfecho de toda ação - a cena ao telefone com o tio desconhecido seria digna de abocanhar o Oscar de Ator Coadjuvante que foi entregue a Christian Bale em 2011. Sem falar no brilho discreto de Muriel Santa Ana, no papel de Mari, o desafortunado, mas perseverante, par romântico de Roberto. 

Um filme calculado para ser mínimo - caberia muito bem em um dos legendários palcos da Avenida Corrientes, em Buenos Aires - mas que comprova e amplia a expertise argentina em contar histórias universais.

Assista e comente. E viva o cinema latino-americano!


Mara Loureiro

Locutora e narradora senior para Publicidade, Web, IA, Uras, Videos Institucionais

6 a

Esse filme é genial!! Produção simples pra uma linda história de aprendizado de vida! Bem lembrado! Tá no Netflix, por incrível que pareça.....

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