Um corredor de vida para a Mata Atlântica e Rio Paraíba
Há 12 anos, o Corredor Ecológico promove ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, social e econômico da região do Vale do Rio Paraíba do Sul; foco é o engajamento da sociedade no reflorestamento da mata nativa
Já pensou em quantas ações cabem dentro do verbo reflorestar? Antes mesmo de plantar a primeira muda, é necessário refletir sobre o tipo de relação que queremos ter com as florestas. Afinal, somos parte da floresta também.
Pois, foi este caminho de reflexão sobre a floresta, o escolhido pelo Corredor Ecológico Vale do Paraíba, organização da sociedade civil que completa 12 anos de atividades em 2021.
O projeto nasceu com o objetivo de criar – como o nome já sugere – um corredor ecológico para interligar diferentes fragmentos de Mata Atlântica na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, conectando 150 mil hectares de floresta.
Para tanto, foi desenvolvida uma metodologia chamada “Linhas de Conectividade”, em parceria com a Empresa Júnior da Faculdade de Engenharia da Unesp Guaratinguetá, para investir de forma estratégica em linhas de conectividade, criando um corredor de 6.000 hectares de área reflorestada.
As linhas de conectividade são como fios condutores, que unem os fragmentos da mata nativa na região. Desta forma, o que se pretende é interligar o que antes estava isolado, permitindo o fluxo biológico de animais e sementes, além de conciliar conservação da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos e desenvolvimento ambiental e socioeconômico da região.
Entretanto, atualmente há diferentes visões sobre corredores ecológicos, sendo possível entender que corredores ecológicos não precisam ser estabelecidos, necessariamente, por meio do plantio de árvores a ponto se ter uma floresta praticamente linear. A dinâmica de uma região pode ser intensa e não se limitar a áreas florestais, ocorrendo trocas entre diferentes componentes da paisagem. Desta forma, o aumento de habitat oriundo de atividades de restauração também pode influenciar no fluxo biológico, proteger áreas sensíveis e auxiliar no desenvolvimento socioeconômico da região. Vale ressaltar que existem diferentes formas e técnicas de restauração, não sendo o plantio de árvores a única maneira de recuperar áreas degradadas. Desta forma, o ganho ambiental pode ocorrer mesmo quando os plantios não estão efetivamente interligados, mas que façam sentido tanto para o meio, quanto para a sociedade em seu entorno.
Diálogo com o produtor rural
Só um bom projeto, no entanto, é insuficiente para garantir o sucesso das ações. A equipe acredita que é fundamental promover o protagonismo dos produtores rurais nos contatos com o Corredor Ecológico.
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Corredor, Sergio Esteves, o reflorestamento é um processo que se constrói em conjunto com o homem do campo.
“É fundamental que a sociedade esteja integrada às decisões envolvendo restaurações ambientais, arranjo produtivo e organizações econômicas locais. Não posso querer que as pessoas vivam uma realidade que o projeto pensou para elas, como um mecanismo da sociedade civil; devemos estar a serviço da comunidade”, diz.
Esse diálogo é determinante nas ações de reflorestamento e educação ambiental. O método assegura que as demandas da população local sejam supridas – sempre, é claro, considerando práticas sustentáveis.
Mais florestas, mais água
Restaurar paisagens e florestas é fundamental para conservar os solos e promover a segurança hídrica. O reflorestamento ajuda a proteger as áreas de mananciais e nascentes dos rios e é um aliado contra a crise hídrica – que, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, está no topo da lista de impactos mais temidos em escala global.
Com 39 cidades, a região do Vale do Rio Paraíba do Sul carrega a nascente do rio – que percorre aproximadamente 180 cidades. A bacia abastece cerca de 15 milhões de pessoas de três estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No estado fluminense, suas águas são responsáveis por 90% do abastecimento da região metropolitana da capital.
O Corredor Ecológico incentiva proprietários de terra a preservar e recuperar nascentes, garantindo que os mananciais que nascem no Vale do Paraíba continuem oferecendo água em abundância e qualidade.
A atuação do Corredor Ecológico, nos três eixos da sustentabilidade
Social:
O processo de restauração florestal começa com o protagonismo local, a partir da mobilização da comunidade. O reflorestamento inicia com ações de educação ambiental, seja com o público diretamente envolvido, seja com a população dos arredores.
Ambiental:
O Corredor Ecológico desenvolve e aplica metodologias específicas, conforme a necessidade: conexão dos fragmentos isolados da Mata Atlântica; restauração convencional ou plantio de muvucas de sementes; agroflorestas. O foco é sempre na ampliação da oferta de serviços ecossistêmicos relacionados à água e à biodiversidade.
Econômico:
A colaboração do Corredor Ecológico tem um olhar especial para o futuro, associando a iniciativa ambiental ao desenvolvimento econômico. Estudam-se manejos inteligentes para a propriedade rural, auxiliando o proprietário na geração de renda, sempre com respeito à cultura da região.
Números
O Corredor Ecológico já promoveu a recuperação de 430 hectares (o equivalente a 430 campos de futebol), com 717 mil árvores plantadas.
Mais de 90 propriedades privadas participaram desse processo, mobilizando 7.000 pessoas, entre produtores, agentes públicos, escolas e comunidade.
As toneladas de carbono sequestradas pelo Corredor Ecológico, ao longo desses 12 anos, correspondem às emissões geradas por 1.622 voltas ao mundo de caminhão ou 73 mil viagens, considerando ida e volta, de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Parceiros
Nossa caminhada nunca seria completa, nem tampouco teria êxito, sem a participação de nossos parceiros, que acreditaram nesta iniciativa e construíram conosco nossa história. Parceiros como o Santander, Banco Votorantim, Fibria, Suzano, Odontoprev, Salvador Logística, Brucai Logística, Cargo Modal, Yázigi, Escola Esfera Internacional, Univap, Concessionária Tamoios, Ecopistas, Save Brasil, WRI Brasil, TNC, Prefeitura de Guaratinguetá, Prefeitura de Paraibuna, Prefeitura de Jacareí, dentre tantos outros que estiveram e estão conosco nessa estrada.
Destaque para os projetos construídos em parceria com a Concessionária Tamoios, Prefeitura Municipal de Jacareí e Save Brasil. O primeiro pela inovação e pelo impacto, pois foram 238 hectares de áreas reflorestadas, mais de 413 mil mudas plantadas, 45 produtores rurais envolvidos em 14 municípios do Vale do Paraíba. Ainda nesse projeto, no Programa de Mobilização Socioambiental O Verde e o Azul no Vale - Caminhos da Mata Atlântica, foram mobilizados aproximadamente 95 professores, 3.450 alunos nas redes públicas de ensino, anos iniciais do Fundamental e ainda em uma escola da rede particular, nos municípios de Paraibuna, Jambeiro e São José dos Campos.
Já o projeto em parceria com a Save Brasil é um grande desafio. Desenvolver, em conjunto com sua equipe e de outros parceiros, como a WWF Brasil, um planejamento da paisagem para formação de corredores entre a Serra do Urubu, no Estado de Alagoas e a Estação Ecológica de Murici, em Pernambuco, bem como contribuir no desenho e na implantação de ações de mobilização social nessas duas regiões.
O projeto em parceria com a Prefeitura de Jacareí está somente no começo, mas já podemos comemorar...... Após 4 anos de desenho de projeto em parceria com a equipe da Secretaria de Meio Ambiente do município, o Programa Renascentes se concretiza com o intuito de restauração as principais nascentes de abastecimento público do município, convergindo ações de compensação ambiental para essas áreas prioritárias, bem como desenvolver um planejamento estratégico da paisagem, considerando áreas urbanas e rurais prioritárias para o plantio de árvores, somado ainda às ações de mobilização e engajamento social. E ainda podemos contar com a parceria e articulação de parceiros como Ambev e TNC, já em atuação conjunta com Corredor Ecológico, na mobilização de áreas para plantio.
Os ODS da ONU
O trabalho do Corredor Ecológico também está baseado na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma lista de tarefas para todas as pessoas com o objetivo de colocar o mundo em um caminho sustentável.
Responsável pela área de articulação e mobilização do Corredor Ecológico, Tatiana Motta afirma que a vocação do Corredor Ecológico ao diálogo com diferentes setores da comunidade, a fim de trocar experiências para promover ações sustentáveis, está intimamente ligada aos ODS.
“Preservamos essa característica em todos os lugares onde atuamos. Na prática do reflorestamento, não há uma fórmula pronta para que as coisas aconteçam. É nessa troca de experiências que conseguimos um trabalho mais efetivo”, afirma Tatiana. “Inclusive, um dos ODS que trabalhamos nesta ação é o de fortalecer parcerias para buscar o desenvolvimento sustentável”, completa.
Os outros ODS ligados à atividade são: saúde e bem-estar; educação de qualidade; água potável e saneamento; ação contra a mudança global do clima; reflorestamento e uso sustentável dos ecossistemas.
É assim que a equipe do Corredor Ecológico atua no Vale e para o Vale, buscando a cada atuação cumprir com seu propósito, definido pela equipe no ano de 2020......
“ Propor a conectividade florestal e a articulação de diferentes atores sociais, por meio do estudo da dinâmica da paisagem do Vale do Paraíba e do diálogo junto à comunidade, respeitando a cultura local e à serviço da vida. ”
Founder & Co-CEO - ATLAS Florestal e Diretor Comercial HIFA| Restauração Florestal | Agrofloresta | Soluções Baseadas na Natureza | Mercado de Carbono
3 aParabéns Tatiana Motta Grillo Guimarães, excelente iniciativa, estamos começando um projeto chamado conectando florestas que pretendemos unir ações de restauração do o Alto Tietê e Vale do Paraíba. Contaremos com você!
Estudos e serviços ambientais | Geologia I Mineração I Gestão do Conhecimento
3 aParabéns, Tatiana, pra você e pra toda a equipe do Corredor! Eu conheço de perto a importância e grandeza desse trabalho.