Um ingrediente para a minha receita da felicidade no trabalho.
Flow, um estado de êxtase ou felicidade intenso.
Até parece que algo meio místico ou espirituoso não tem como se misturar a ambientes corporativos que, quase sempre, são representados como vilões da saúde mental, física e emocional por algumas pessoas.
Seria ambição demais querer ser feliz no trabalho? Aliás é algo possível?
Vamos dar um passo atrás. Eu me sentei na cadeira, abri o computador e acessei meu bloco de notas na intenção de entender o que pra mim é felicidade. Vou dividir alguns rascunhos.
Para mim felicidade é:
1. Cultivo de momentos positivos que plantei em decisões que tomei. Não considero felicidade acaso ou sorte;
2. Quando consigo internamente, independente da situação que estou vivendo, impedir que o passado ou o futuro me assombrem com fantasmas de ansiedade, medo ou pânico;
3. Não me sentir perdida ou confusa. Ter metas claras e feedbacks constantes.
Percebi também que meus momentos menos felizes em grande maioria, se resumem a épocas em que eu perco energia psíquica pensando em coisas que não posso mudar efetivamente e que como consequência tenho pensamentos desorganizados e com pouco potencial.
Quanto mais eu crio formas lógicas de organizar e categorizar as coisas que preciso fazer e as metas que quero alcançar, menos ansiosa me sinto (e a meu ver, um dos vilões da felicidade é ansiedade). Seria possível replicar isso no trabalho? Creio eu que sim.
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Ao completar uma lista ou atingir um objetivo, uma descarga de hormônios de bem-estar é acionada quimicamente no cérebro. Pesquisei alguns artigos da ciência da felicidade e descobri que não é só comigo, nossa espécie é assim.
Agora vamos unir este raciocínio ao ambiente corporativo. Não receber uma orientação clara, não saber o que é esperado de você, não saber qual é o principal objetivo do time e da empresa, não ter certeza do seu desempenho, não saber se nossos comportamentos estão adequados, não receber feedback das entregas ou projetos, não saber o impacto do que faz, não entender a importância da própria função e orientações confusas acabam por desviar energia psíquica dos envolvidos para elementos incertos que dificilmente são controlados, tornando cada vez mais distantes a possibilidade de alcançarmos um “estado de flow” no trabalho.
Nossa consciência coleta sensações e percepções que definem como vamos enxergar um ambiente. Se dentro do que eu me proponho entregar, as ações principais de maneira geral não tem um processo minimamente organizado, nossa consciência interpreta o ambiente como desconhecido ativando modo primário de sobrevivência.
O próximo passo é queimar energia tentando pensar em dezenas de ações em possíveis perigos que não se sabe se de alguma forma podem acontecer ou nem se refletem a realidade, nossa consciência foi sequestrada pela emoção, estamos perdidos, inseguros absortos em pensamentos emocionais que aqui, não são úteis para outra coisa a não ser pra gerar medo e ansiedade. Ou seja, cria cenários e cria opções de ações nestes cenários que raramente vão se efetivar. Perca de tempo, energia e saúde emocional.
Ser bem direcionado e saber o desafio que tenho, o que se espera de mim, os pontos que preciso melhorar e o que preciso entregar seriam os primeiros passos para aproximar o estado de flow ao ambiente corporativo? Seria a clareza um ingrediente na receita da felicidade no trabalho? Se sim, esta clareza no relacionamento entre empresa versus colaborador e colaborador versus empresa começa então a ter uma importância maior do que se imaginava anteriormente.
Não se engane é uma via de mão dupla, é um trabalho a quatro mãos. Não é só função da empresa assim como não é só função do colaborador. É um item construído em parceria sob meu ponto de vista.
Eu já reclamei de falta de feedback sem ao menos pedir ou sinalizar que aquilo era importante pra mim. Já reclamei que um chefe antigo era confuso sendo que quando ele me orientou eu não fui transparente ao dizer: Me desculpe, eu não entendi. Eu meio que queria que adivinhassem a minha mente. Meu "estado de flow" estava escasso.
A felicidade de um colaborador no trabalho não se resume a clareza e transparência, obviamente. Mas tem um peso significativo quando somados a remuneração justa, benefícios, ambiente de crescimento e psicologicamente saudável.
Não existe fórmula exata, mas alimentando pilares importantes como nosso sistema biológico, financeiros e sociais iniciamos na direção correta rumo a felicidade corporativa.
E você acha possível ser feliz com um trabalho assim?
Gestão de pessoas/Industria automobilística/Mindset/Formação de equipes/ Foco em resultados
2 aMuito bom Emylin… trabalhei mais de 36 anos em uma empresa e na esmagadora maioria dos dias, eu estava em estado de FLOW… isso sim faz a diferença… até hoje, em tudo que faço procuro estar assim… não me frustro pelas coisas que não dependem de mim…