UM MORTO A CADA SEIS MINUTOS

         

De acordo com o Governador de São Paulo, uma pessoa morre a cada seis minutos, vítima da Covid19, nos hospitais paulistas. Isso significa dez mortos por hora, ou duzentos e quarenta por dia. Qualquer das três contas coloca na nossa frente um número para ninguém botar defeito. É um absurdo e o dramático é que essa realidade pode se prolongar por mais tempo, em função da falta de cuidado de parte da população, que insiste em lotar praias, frequentar pancadões ou se aglomerar nas ruas de comércio popular sem qualquer tipo de prevenção, a começar pela máscara, que, em conjunto com a higiene das mães, é a mais eficiente forma de defesa contra o coronavírus.

Nós estamos falando de sete mil e duzentos mortos por mês ou oitenta e seis mil e quatrocentos por ano só no Estado de São Paulo. São vinte mil pessoas a mais do que o total anual de homicídios em todo o território nacional. Ou do dobro do número total de vítimas fatais de acidentes de trânsito no Brasil. E nós somos campeões mundiais nesses dois tipos de mortes violentas.

A sensação que dá é que estamos anestesiados ou que nos habituamos com mais essa tragédia e por isso não cai a ficha do tamanho do horror que é a devastação da Covid19 na sociedade brasileira. Nós somos os segundos colocados no número de mortes causadas por Covid19 no mundo. Na nossa frente apenas os Estados Unidos. E o retrato fica ainda mais duro quando temos que nossa população representa menos de três por cento da população mundial, mas o número de mortos por Covid19 no Brasil representa dez por cento do total dos mortos no planeta.

Na origem do quadro temos, primeiro, o desinteresse e, pior, depois, a ação deliberada do Governo Federal para minimizar a pandemia. E, em segundo, a enorme bagunça fruto da falta de competência do Ministério da Saúde no trato do assunto. O estrago feito pelo Governo Federal tem consequências negativas diárias, que agravam a situação, principalmente porque não temos, nem teremos no curto prazo, as vacinas necessárias para imunizar ao menos os grupos de risco.

Mais do que isso, não temos os insumos necessários, nem a rede hospitalar capaz de atender eficientemente o número crescente de casos graves, que lotam as UTI’s de todos os estados brasileiros. E isso significa mais mortes, algumas delas particularmente cruéis, como a asfixia por falta de oxigênio para os pacientes.

Com panelaços pipocando pelo país inteiro e pedidos de impeachment do Presidente, o Governo Federal parece ter acordado, mas há muito pouco que ele possa fazer neste momento ou mesmo no médio prazo. Isto quer dizer que, se parte da população não mudar seu comportamento, a situação continuará séria e o número de pacientes infectados pela Covid19 e de mortes prosseguirá elevado.

Para o setor de seguros este é o pior dos mundos. Parte relevante das vítimas de Covid19 tem seguro de vida e isso significa pagar um número maior de indenizações não previstas quando as apólices foram desenhadas. Ou seja, haverá a piora do resultado das carteiras de seguros de vida, bem como do resultado dos planos de saúde privados, que, desde o início da pandemia têm atendido seus beneficiários vítimas do coronavírus e, agora, estão atendendo, além deles, os demais segurados, cujos procedimentos estavam represados e voltaram a acionar seus planos.

Mas não são apenas eles que estão com os resultados ameaçados. A demora na vacinação implica na demora da retomada da atividade econômica. Enquanto outros países, com a vacinação adiantada, já se preparam para retornar a um cenário de equilíbrio social e crescimento econômico depois da pandemia, o Brasil continuará por mais tempo condenado a não conseguir sair do buraco, porque não tem vacina e, sem ela, não tem como reaquecer a economia. Com a retração econômica, não tem como o setor de seguros crescer mais do que em 2020.

Desemprego alto, empobrecimento social e falta de insumos para a indústria indicam que 2021 será um ano muito difícil para o país e complicado para a atividade seguradora, que terá pouca margem para um desempenho melhor do que o do ano passado.  

               

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