UM MUNDO BIPOLAR PARA MUDAR.
De norte a sul, de leste a oeste, o mundo tornou-se extremamente bipolar.
Enquanto o vírus tirou as pessoas das ruas, a bipolaridade parece que ganhou terreno na maioria das mentes.
De um lado estão as fotos e vídeos de pratos maravilhosos, corpos belos e sarados, textos pretensamente fofinhos (nos quais incluo os que tento escrever), fotos de pets cute cute (nas quais, incluo as de Zé), lugares paradisíacos, conquistas profissionais e outras mais que mostram coisas alto astral. E nem todas extremamente verdadeiras e sinceras.
Do outro lado temos agressividade nas palavras e textos, autoritarismo disfarçado de democracia, inveja usando roupas de crítica, textos padrões como “se não gostou, me tire da sua rede”, ”o espaço é meu, posso escrever o que quiser”, sem contar os palavrões, lavações de roupa suja, irônias, etc. E nem todos extremamente verdadeiros e sinceros.
E eu estou aqui para julgar? Não, mas dentro do espaço da mesma democracia, mas tentando usar palavras um tanto mais leves, tentar propor uma reflexão que permita, com toda liberdade de decisão de cada um, achar um caminho de mais aproximação e união, com mais respeito e bom humor.
Afinal, como é que tá pra usar a hashtag #tamojunto se, na prática, tamo tudo separado?
Eu realmente acho que o mundo era melhor onde os debates eram movidos a uma boa mesa, olho no olho, argumentação e contra argumentação verbal, compreensão de posicionamentos e até mesmo amizades e relacionamentos profissionais mantidos após decisão por um campo – naquele assunto – específico.
Eu mesmo adoro mudar de opinião, ouvir outros pontos de vista.
E para polemizar, por exemplo, eu não tenho uma posição clara sobre o aborto, e a favor ou contra. Porque tanto entendo que já existe vida ali e isto é algo divino a ser respeitado, como entendo o desejo de tirar de uma pessoa que concebeu contra sua vontade, de alguém pelo qual não pode prever o bom futuro para a criança. Ou seja, acho que são casos e casos. Mas neste ainda assim, na hora da decisão tem que ser sim ou não.
No caso da política, apesar de crer que 100% dos políticos entrem nela pensando em si, assim como nós viramos engenheiros, padeiros, escritores, pintores, namoramos, casamos, separamos, estudamos, deixamos de estudar pensando em nós e na nossa história de vida, eles também fazem o mesmo. O problema são as consequências de seus atos, o ganhar para si fora da lei e da ordem, o ganhar para si tirando do outro, usar o poder para manipular, oequilíbrio de suas decisões e acima de tudo e resumindo tudo: a pendência de seu caráter.
Ou seja, todos eles têm defeitos cabe a nós aprimorarmos nossas escolhas.
Ainda dentro dos exemplos, eu por exemplo adoro discutir qualquer assunto e aprendo com todos. Não entendo de futebol, mas adoro a vibração de cada torcedor, até mesmo seu entusiasmo também exagerado que tira onda dos adversários, mas os bons continuam tomando cerveja na mesma mesa.
Eu gosto de quase todo tipo de música e acho até divertidos os que detestam algum tipo. E to falando sério: gosto de MPB, rock, axé, forró, maracatu, sertanejo, sertanejo universitário, funk, ciranda, clássica, tudo, tudo. Ah, e não entendo nada de nenhuma, rs.
Outro assunto polêmico: eu também sou a favor da defesa das minorias. Acho que o mundo precisa evoluir muito para destruir qualquer barreira de preconceitos, sejam de classe, de pele, de sexualidade, de religião, de raça, tudo, tudo, tudo. Somos todos iguais, sim, e vamos todos para o mesmo lugar. A polêmica é que eu não sei, não tenho capacidade (ênfase no EU) para fazer isto de maneira agressiva, na base quase da porrada. É necessário? Não sei dizer a medida. Mas sei dizer os meus limites.
Outros milhares de exemplos eu saberia dar mas queria mostrar sempre um pouco do meu pensar, para se for bom e do bem, encontrar pensamentos semelhantes.
Eu tenho a pretensão de ser, dentro dos meus limites, uma amálgama que pretende unir e moldar em mim e nos outros conceitos que se movem, mas sempre no sentido da melhoria e evolução. Formar como argila, uma vaso de contornos suaves para colocar flores de uma vida melhor, construída por mãos gentis.
Vou errar? Vamos? Com certeza. Mas se a intenção for melhorar e fazer o outro melhor, já esta valendo.
E na minha maneira de pensar e agir, é melhor fazer isso pelo lado suave, e não áspero, da esponja dos argumentos.
Temos uma grande evolução na comunicação e nos relacionamentos com a inclusão de um mundo cada vez mais digital, onde o distante pode tornar-se próximo. Não podemos fazer o digital cumprir o papel de um imã invertido que repulsa ao invés de atrair.
Estou em uma utopia? Provavelmente.
Mas o que mais fazer quando se esta em um quarto onde o melhor visual é pela janela, onde se avista o horizonte? E ele é bem bonito.