Um Novo Normal no Digital
by Evandro Pereira

Um Novo Normal no Digital

Quem lidera negócios no Brasil vive rotineiramente com uma alta adrenalina devido as incertezas econômicas e impactos sociopolíticos, onde a cada quatro anos podem não dar um direcionamento correto ao país, mas certamente trazem mudanças completas no planejamento estratégico de nossas empresas.

Em 2019, fomos bombardeados com informações de que na próxima década 20/30 teríamos uma virada no mundo digital e que nesta era em que vivemos do pós-digital seria notável pelo o crescimento exponencial. Mas quem pensaria que tudo isso jamais aconteceria de forma rápida e precocemente no início do primeiro ano através de uma pandemia viral.

Não estou dizendo dos grandes investimentos da era pós-digital, onde as transformações digitais já estão sendo desenvolvidas em inteligência artificial e nanotecnologia, mas o básico em que ainda não estávamos preparados para a grande demanda digital.

Enquanto os países Asiáticos, Europeus e da América do Norte, incluindo o Canadá, que têm uma imagem muito mais promissora, que diferentemente dos outros, baseiam-se em seus estudos nos séculos anteriores para projetar o próximo século digital, mesmo assim ainda não estamos prontos para uma sobrecarga de uma demanda digital e não estou falando da velocidade da conectividade, mas sim de uma cultura digital.

“ainda não estamos preparados para a grande demanda digital por falta de cultura digital"

Somente isto cobre todas as nossas atividades diárias?

As revoluções digitais ocorreram mediante ao crescimento demográfico que nos últimos 200 anos passou de 1 bilhão de habitantes para aproximadamente 8 bilhões em 2020.

Imagine se todas as 8 bilhões de pessoas ainda usassem hipermercados e lojas de varejo para comprar seus bens de consumo e / ou comprar seus eletrônicos ou roupas. Ou procurasse nas páginas amarelas ou imãs de geladeira para pedir uma pizza para o jantar. Seria um caos, assim como também ocorreu no uso básico do digital em uma grande escala de demanda. Mesmo já tendo um grande percentual de usuários de compras on-line (E-commerce), o sistema logístico das empresas não estava preparado para atender a uma demanda em aquisições massivas. O que deveria ser ágil tornou-se lento, as compras que chegavam em até 24 horas começaram a ser entregues em 21 dias e as lojas que retiravam suas trocas de produtos ou retornavam em 72 horas, passaram a executá-las em semanas.

Lembro-me que minha esposa e eu sempre compramos on-line os ovos de chocolate no feriado da Páscoa para entrega automática aos amigos e familiares e neste ano mesmo com 3 semanas de antecedência, até hoje não recebemos o produto, sendo ressarcidos com a devolução da compra no cartão de crédito. Um desastre!

Gosto muito da forma em que o Jornalista, Doutor-professor e Escritor Carlos Nepomuceno define as empresas nesta nova era digital:

  • TRANS → Empresas que já são formadas em uma visão de transformação digital, já tem um legado, tem equipe preparada e de alta eficiência digital e processos digitais
  • BI → Empresas tradicionais que pensam em empreender em inovação bimodal, porém ainda não vive 100% no digital.
  • PÓS → empresas de start-up que estão iniciando no digital e vão empreender do nada, mesmo que ainda não tenham legado, mas já tem uma cultura.

E o Brasil mediante a este processo evolucionário, como se enquadra? 

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Somos um grupo maior de empresas BI, onde existem grandes pretensões de investir no digital, mas ainda não temos isto como parte de nossa cultura e estamos com grandes dificuldades para encarar o básico pela falta de investimento do país.

O Brasil está muito lento para criar subsídios ou investir em empresas para uma melhor infraestrutura ou até mesmo disponibilizar acesso digital a todos, e vivemos em uma realidade distorcida, forçados a entrar em um digital precoce mediante a uma pandemia viral, onde ainda ¼ da população não tem acesso a internet ou não sabem navegar.

Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018, divulgada no dia 29 de Abril de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em números totais, isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros que não acessam a rede, segundo fonte da agenciabrasil.ebc.com.br

A pesquisa segundo a fonte acima menciona que em áreas rurais, o índice de pessoas sem acesso é ainda maior que nas cidades, chega a 53,5%. Em áreas urbanas é 20,6%. E quase a metade das pessoas que não têm acesso à rede (41,6%) diz que o motivo para não acessar é não saber usar. Uma a cada três (34,6%) diz não ter interesse. Para 11,8% delas, o serviço de acesso à internet é caro e para 5,7%, o equipamento necessário para acessar a internet, como celular, laptop e tablet, é caro.

Mas como isto realmente impacta o nosso novo dia a dia? 

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O distanciamento social será o trampolim para um avanço do digital em nosso dia a dia?

Indiferentemente, uma mudança na cultura dos investimentos no digital deverá ocorrer, alterando a visão de um gerenciamento de possíveis oportunidades para a contingência de riscos, mitigando o atual despreparo de toda cadeia a uma demanda em massa excessiva.

Pequenas empresas tradicionais que relutaram para entrar no digital, agora são compelidos a se associarem a uma das plataformas digitais para sobreviverem a crise da pandemia e manterem suas vendas.

Todas organizações, sejam elas, multinacionais, nacionais, religiosas, governamentais ou privadas de grande ou pequeno porte, executam suas reuniões, mesmo as mais simples e locais, através de vídeo chamadas, utilizando dezenas de diferentes plataformas para evitar o contato humano e respeitando o novo distanciamento social.

Educamos nossos filhos não mais como somente pais, mas agora como professores particulares no sistema de homescholling, através de diversos recursos on-line utilizados pelas escolas.

O que era uma nova experiência nas compras on-line, hoje se tornou uma necessidade, mesmo que ainda estejamos em um processo de melhorias no sistema logístico para atender as expectativas dos consumidores. 

E você está pronto para o “futuro de hoje” do Novo Normal Digital?


Ou da mesma forma em que o brasileiro se adapta fácil, também se esquece fácil e voltaremos ao antigo normal novamente?

Por favor, dívida seu ponto de vista e comentários neste artigo, para que possamos juntos aprender mais sobre os impactos em curto prazo do processo digital do novo normal.


Domingos J. Freitas

Diretor na AEAMBES-PE - Associação dos Engenheiros Ambientais e Sanitaristas de Pernambuco

4 a

Muito bacana o artigo..... A transformação digital de fato passou a ser algo inevitável em nossas vidas e em nosso dia a dia. O momento em que vivemos, está exigindo muito de cada um de nós e ainda assim, acredito que o momento pós-pandemia inevitavelmente vai nos deixar algumas lembranças dolorosas, mas tambem lições tanto nos negócios quanto nas oportunidades de nos tornar melhores enquanto seres humanos.

Anderson Menezes

Manager – South America Packaging Development at Plastipak

4 a

Ótimo artigo, trazendo a realidade atual na qual estamos, e onde o crescimento acelerado/forçado do digital em meio a pandemia foi necessário, mas também mostrou gaps tal como infra onde não acompanhou na mesma proporção, surgindo oportunidades para o alinhamento entre aplicações x usuários. De modo geral, o novo normal no digital impacta cadeias e ramificações, onde antes não era possível alcançar e com esta mudança de conexão, um novo futuro normal trará frutos e ganhos maiores, graças a implementação acelerada e forçada do novo normal e digital.

Renata Castro Leite

Customer Success | Experiência do Cliente | Engajamento

4 a

Parabéns pelo texto, Evandro! O volume de dúvidas é grande mesmo... Mas imagino que mesmo que o brasileiro queira voltar ao "normal" de antes, isso não será possível e teremos mudanças em alguns segmentos, que estão parados agora, na retomada pós fim do isolamento social.

Marcos T.

Diretor de Gente e Gestão

4 a

Boas reflexões!

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