Um olhar Olímpico
O melhor programa para as madrugadas gélidas paulistanas de julho e agosto foi ficar em casa enrolado num cobertor assistindo às transmissões direto do Japão, tendo como mote o ideal olímpico do Barão de Coubertin: "O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade".
Foi uma surpresa a realização das competições, pois a pandemia segue muito presente no Japão, e o nível da vacinação muito baixo. O real risco de se ter um crescimento fora de controle era iminente. Os compromissos com os patrocinadores, o financiamento dos equipamentos e a autoestima obrigaram os organizadores a um caminho sem volta, apesar dos enormes prejuízos para a população de Tóquio.
A disciplina oriental, o estupendo show de tecnologia televisiva, a bolha de proteção anti coronavírus na vila dos atletas e os protocolos sanitários nos equipamentos permitiram o belo espetáculo, sem esquecer das medalhas feitas de metais reciclados de produtos eletrônicos inutilizados, uma brilhante iniciativa.
Um total de 93 nações foram premiadas, um enorme salto qualitativo e quantitativo
Um dos pontos altos da competição foi o desempenho esportivo. Embora a maioria dos atletas tivessem uma preparação não tão adequada, face às incertezas e postergação do evento, assim mesmo diversos recordes mundiais e olímpicos foram atingidos.
Durante a pandemia, a desigualdade social ficou mais exposta. Porém, tivemos ótimas surpresas nos jogos. Países com pouca tradição esportiva ganharam medalhas, chegando a um total de 93 nações premiadas, um enorme salto qualitativo e quantitativo, com cenas emocionantes.
Nossa delegação se apresentou com alegria, simplicidade, jovialidade e diversidade, nos dando uma luz de esperança para o futuro. O desempenho dos nossos atletas foi superior às expectativas, graças a uma preparação realizada em vários países no exterior, buscando uma excelência competitiva internacional. Para mantermos acesa essa nossa Pira Olímpica, é necessário atrair o setor privado para financiar os atletas.
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Vejo duas oportunidades. A primeira, na esteira da febre do ESG, em que as empresas estão se capacitando, para alavancar o S do social, com um programa focado no desenvolvimento do esporte. A outra aproveitando a discussão no Congresso sobre a reforma do Imposto de Renda, com sugestão de uma dedução para pessoas físicas e/ou jurídicas, limitado a um valor (como hoje é dado para a educação), com a visão que esporte é um processo educacional.
Brasil se apresentou com alegria, simplicidade, jovialidade e diversidade
A disputa paralela entre os países pela efêmera supremacia no quadro de medalhas está longe de sublimar a beleza da competição entre os atletas, em confraternização nas pistas, piscinas, ginásios, campos e mares nipônicos.
Nada mais belo e sensível que ver os atletas cantando os seus hinos com lágrimas nos olhos, extravasando suas alegrias nas vitórias, como o belo exemplo dos amigos da Itália e do Catar no salto em altura, dividindo a medalha de ouro.
Para ser campeão, é preciso superar a si mesmo.
Muito em breve, daqui a só dois anos, teremos novas emoções. A partir de 20 de outubro de 2023, com os jogos Pan-americanos, em Santiago do Chile, e em 21 de julho de 2024, na próxima Olimpíada, em Paris.