Um Olhar Sobre a Integração de Gerações no Ambiente de Trabalho, a partir de alguém da Geração X sobre a Z.

Trabalhar com pessoas da geração da minha filha de 24 anos, pertencente à Geração Z, tem sido ao mesmo tempo desafiador e enriquecedor. Essa geração, nascida em um contexto de hiperconectividade, carrega um olhar mais ágil e crítico para o mundo. Contudo, o choque geracional não pode ser ignorado. Um dos desafios reais que enfrentamos no dia a dia é a diferença na forma de encarar hierarquia e processos. A Geração Z valoriza a autonomia, mas muitas vezes tem dificuldade em aceitar as estruturas tradicionais que exigem mais paciência e experiência antes de assumir grandes responsabilidades.

Um aspecto importante a ser resolvido é a forma como eles lidam com frustração. A Geração Z cresceu com a ideia de resultados rápidos e, por isso, muitas vezes, subestima o valor da persistência e da paciência — virtudes que as gerações mais maduras dominam. O filósofo Zygmunt Bauman, em sua obra sobre "modernidade líquida", explica que vivemos em um mundo que valoriza o imediatismo, o que pode fazer com que os jovens tenham dificuldade em se adaptar a contextos onde o sucesso é construído a longo prazo. O que pode ser feito aqui é um trabalho de mentoria, onde gerações mais experientes ensinam a importância de processos e da construção de conhecimento de forma gradual.

Por outro lado, essa fusão de gerações traz lições valiosas para todos. Enquanto os mais velhos podem compartilhar uma visão mais estratégica e madura do mercado, os jovens ajudam a trazer inovação e renovação. É preciso reconhecer que, embora as gerações mais maduras possam reclamar dessa “impaciência” dos mais jovens, isso não leva a lugar algum. A aceitação das diferenças é essencial, e o convite aqui é para que essa convivência se torne construtiva. Em vez de reclamar, o ideal é criar um diálogo aberto, onde ambos os lados possam aprender.

Ainda estamos longe de resolver todas as barreiras geracionais. Há, por exemplo, a resistência de alguns mais velhos em aceitar a necessidade de constante adaptação tecnológica, algo que a Geração Z já domina com facilidade. O desafio que fica para o futuro é: como aproveitar o melhor de cada geração e construir um ambiente de trabalho mais colaborativo? A discussão sobre o tema está aberta, e o ponto de partida é aceitar as diferenças e construir um espaço para que todos contribuam com suas perspectivas.