Um país corrompido
Em 1985 eu iniciei a minha carreia no setor de vendas de uma indústria. Atendíamos ao Governo Federal, DF e mais oito Estados. Em Brasília eram cerca de 80 empresas ou instituições . Dentre os ministérios ou empresas estatais, mais ou menos uma dúzia tinham funcionários que pediam dinheiro para comprar os nossos equipamentos. Em alguns casos, pediam 10%. Esta conta era bem conhecida em Brasília, desde os tempos da Ditadura Militar. Via sempre comentarem que o ministro gordinho tinha almoçado no restaurante Trapiche para combinar a propina. A cidade era bem pequena e era fácil saber quem estava, aonde e com quem. O general Geisel costumava ir a um culto perto da minha casa, usava o Itamaratí presidencial ou um Galaxie, o embaixador inglês comparecia de Rolls-Royce prata. Como gostava muito de carros, ia ver e estava lá somente o motorista.
Depois do Governo Collor a coisa somente piorou. Passaram a pedir 20%, 30%, 40% As leis mudaram e o procedimento para pedir grana também. Quando a imprensa internacional falou ontem que o Brasil é caso perdido, muitas pessoas ficaram chateadas. Se elas soubessem metade do que se passa, não iriam estranhar. Sem uma profunda modificação no comportamento do Judiciário, o mais corrupto dos poderes, uma vigilância permanente da população, mais preocupada em fazer um self da sua última atividade, nada vai cair dos céus. Nada vai mudar, talvez piorar.