Um primeiro balanço da viagem presidencial a China
Olá, em artigo anterior buscamos levantar quais seriam as expectativas da viagem presidencial a China e nesta matéria vamos responder sobre as primeiras evidências veiculadas nas mídias, mas faremos isso respondendo a três perguntas, vamos a leitura? Espero que gostem...
1 - Esses acordos firmados durante a viagem tendem a ser positivos para o Brasil?
Conforme dados disponibilizados sobre os quatro dias de viagem do presidente Lula à China, mas também aos Emirados Árabes Unidos, evidencia-se que obteve significativos acordos, da ordem de R$ 62,5 bilhões firmados com os dois países, respectivamente, R$ 50 bi com os chineses e R$ 12,5 bi com o país árabe. Logo economicamente são positivos, porém compete refletir se politicamente o saldo também tenha sido.
2 - A China é um país que vem crescendo economicamente a cada ano, é importante para o Brasil ter um parceiro econômico com esse potencial ?
É certo que sim, tanto para o mundo como para o Brasil, essa visita rendeu cerca de 15 acordos comerciais, contabilizando cerca de R$ 50 bilhões em diversas áreas. Compete destacar que desde o segundo mandato presidencial do presidente Lula, mais especificamente em 2009, a China ultrapassou os EUA e se tornou o principal parceiro do Brasil. Em 2020, por exemplo, a China respondeu por 33% de nossas exportações e por cerca de 20% de nossas importações, assim é importantíssimo. No entanto, é preciso compreender que o cenário é de estarmos em uma disputa entre americanos e chineses que competem economicamente, tecnologicamente e militarmente, se quando tornaram-se nossos maiores parceiros a relação era, basicamente, econômica, hoje não é.
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3 - Existe alguma chance desses acordos gerarem algum problema com os EUA, outro parceiro comercial do Brasil ?
Conforme comentado anteriormente a China não busca somente acordos comerciais, mas ampliar sua influência, assim também o interesse do presidente brasileiro é de trazer protagonismo internacional para o Brasil, porém vamos falar sobre o que irá predominar junto aos receptores das mensagens.
Para começar uma das mensagens colocadas pelo presidente é que o motivo destas viagens não é unicamente econômica, pois conforme suas palavras a proposta é que “transcenda a questão comercial” assim sinalizando pretensões políticas, afirmando o desejo de protagonismo internacional para o Brasil.
O presidente chega a falar sobre a necessidade de rever a “governança global” a exemplo da ONU, defendendo a necessidade de reformá-la para torná-la mais representativa. As impressões quanto à fala anterior do presidente são as de fortalecer os países em desenvolvimento, em especial os países da América Latina, mas também de destacar a importância de fortalecer o bloco que compõe o BRICS.
No entanto, essa não foi a única fala veiculada nas mídias, pois outra declaração pode gerar maior impacto e especial antipatia dos países desenvolvidos, a exemplo dos EUA e União Européia, como a proferida em entrevista em Abu Dhabi em que falou “O presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra” E após esta fala transmitiu fortes sinais que colocam em cheque se a busca do protagonismo vêm com a manutenção da posição histórica de neutralidade do Brasil, ainda mais com a vinda recente (17/04) do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.
As repercussões e coincidências podem ser um problema para a imagem do Brasil, de tal forma que o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que Lula “está reproduzindo propaganda russa e chinesa” e seus comentários foram “simplesmente equivocados”. Isso pode gerar dificuldades para as pretensões do Brasil em conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança.
Representante Comercial Autônomo
1 aMuito bom o artigo! Parabéns Cláudio👏👏👏