Uma fórmula perigosa

Uma fórmula perigosa

Na última sexta (24), assistindo a uma conferência do aclamado professor israelense Yuval Noval Harari, autor de livros best-seller como Sapiens, Homo Deus, 21 lições para o século XXI, chamou minha atenção uma fórmula que aparecia bem clara na tela ao fundo de sua apresentação. Ela era descrita dessa forma:

B x C x D = AHH

As letras significam, respectivamente: B de Biological knowledge, C de Computing power, D de Data sendo igual a AHH, Ability to hack humans.

Aparentemente essas letras representam apenas alguma descrição perene do que estamos vivendo atualmente. Porém, se olharmos mais precisamente ao que elas significam, podemos entender porque o autor intitulou essa equação como uma fórmula perigosa.

Biological knowledge

Vivemos no paradigma informacional. Isso quer dizer que a forma de pensar as coisas parte da informação e é encarada a partir disso. Lá no ano 2001, com o mapeamento do genoma humano o ser humano conseguiu alcançar um feito inacreditável: entendeu suas estruturas microscópicas, o que permitiu-o desbravar novas interferências no corpo, cada vez mais internas, com cada vez mais informações.

Atualmente, já contamos com um conhecimento avançado de processos bioquímicos, reproduzimo-os em laboratório, criamos outros no mesmo local. Ou seja, nós desenvolvemos essa capacidade de conhecer profudamente nosso corpo em seu caráter biológico, justamente por estarmos transformando ele em informações.

Computing power

Em 1965, quando Gordon Moore profetizou sua Lei de Moore, no qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses, será que poderia imaginar todo o poder computacional que chegaríamos nesse exato momento?

Ainda não chegamos, mesmo que coloque-se o ano de 2045 como o ano da singularidade tecnológica, perto de uma inteligência artificial senciente, que pense igual, ou mais, do que um ser humano. Porém, não podemos negar que nossos smartphones já faz coisas que nossos computadores pessoais precisam de um tranco para realizar.

Todo esse poderio computacional é colocado pelo autor como uma das variáveis da equação, não pelo que ele pode nos causar, mas pelo que ele cria ao longo do tempo.

Data

Os dados. Dados são a nova moeda de troca das grandes empresas nesse oceano de informação que estamos imersos. Estima-se que, diariamente, produzimos 2.5 quintilhões de bytes gerados por dia. O equivalente a 531.914.892 DVD’s (com capacidade de 4,7 GB cada). 

Por isso, é tão emergente a busca por pessoas que consigam filtrar, interpretar e utilizar os dados de uma forma lógica e traga rentabilidade. Quem dominar essa capacidade terá nas mãos um tesouro não explorado e que tem a capacidade de fazer tanto o bem quanto o mal.

Imagine, então, os dados que foram criados no projeto Genoma humana, ou que são estudados diariamente pelos pesquisadores. Estimar algum número se tornará logo obsoleto diante de uma mudança tão veloz.

Ability to hack human

Todas essas variáveis resultam na habilidade de hackear seres humanos. Mas hackear de que maneira? Simples. Quanto mais entendemos do corpo humano, de suas nuances, mais desenvolvemos a capacidade computacional de nossos aparelhos e, consequentemente, de conseguir dados, podemos filtrar, interpretar e apresentar resultados do que quisermos, até do controle dos corpos humanos.

Apesar de parecer bastante ficção científica - e não se engane se o cenário parecer cada vez mais com as grandes obras das décadas 1950 e 60, é interessante que um pensador esteja colocando sua atenção em temas tão atuais, e pregressos da humanidade.

Esse texto é apenas uma opinião que tive após assistir a palestra, mas você pode assistir ela completa no vídeo abaixo.

Até a próxima! 🤖

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