Uma nova era da humanidade ou da tecnologia?

Uma nova era da humanidade ou da tecnologia?

Impulsionada pela tecnologia, cientistas avançam em soluções para entender, potencializar e expandir os alcances do cérebro humano. Parece enredo de livro, digno de Flores para Algernon, de Daniel Keyes, ou de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley ou do filme Matrix. Porém, essa é uma realidade cada vez mais próxima, graças ao avanço de pesquisas como as da Neuralink, uma das empresas de Elon Musk.

O trabalho da companhia chama a atenção por seu potencial transformador e [aparentemente] incalculável, para além de qualquer polêmica. Para resumir, ela está trabalhando em implantes cerebrais com chips capazes de ler os pensamentos e transformá-los em ações. Aliás, o primeiro teste em humanos já está em curso, desde o começo do ano e, apesar de alguns problemas, parece estar sendo relativamente bem-sucedido.

Como é o implante cerebral?

O primeiro paciente a ser submetido a um teste real pela Neuralink é Noland Arbaugh, norte-americano que ficou tetraplégico em 2016, depois de um acidente em um lago. Sem movimentos, ele se inscreveu com o objetivo de recuperar parte de sua independência diária usando a tecnologia. E é isso que o chip Telepathy busca fazer, ao permitir que se use dispositivos com a força da mente.

O neurotransmissor é do tamanho de uma moeda e fica implantado do lado de fora do crânio. A conexão com o cérebro fica a cargo de 64 fios ultrafinos, introduzidos e ligados por um robô. Embora não seja exatamente uma novidade, esse tipo de cirurgia assistida por máquinas, a notícia aqui, é o resultado que ela pode trazer para a vida de Noland, hoje e quem sabe para milhões no futuro.

Uma nova era para potencializar o humano

É preciso destacar que essa não é a primeira iniciativa do tipo ou com objetivo parecido. Na verdade, estamos diante de uma enorme gama de ações de biohacking, com soluções que buscam criar hacks para otimizar o desempenho, a saúde e o bem-estar de nosso corpo. Há, sem dúvida, muita inovação tecnológica embarcada desde as roupas que usamos até os cosméticos, passando também por smartwatches, alimentos, óculos inteligentes, monitores de dados e por aí vai.

O debate em torno dessas ideias, como um bom episódio de Black Mirror nos lembra, é notório – e inescapável. E está tudo bem. No entanto, é possível dizer que o avanço de cases como esses levará essa conversa cada vez mais a um patamar inédito, suscitando questões como a privacidade de dados, uso ético da tecnólogia, impactos à individualidade e até sobre a disponibilidade do corpo humano para testes.

Por outro lado, trata-se de uma possibilidade ímpar que pessoas como Noland sonham realizar. Como ele bem disse em uma de suas entrevistas, quem é paraplégico deseja duas coisas: recuperar os movimentos e, fundamentalmente, retomar a própria possibilidade de agir independentemente.

O caminho é a praticidade

Nesse sentido, a tecnologia é importante para o desenvolvimento de uma nova era de saúde e bem-estar para mais pessoas. Assim como foram os óculos, exames, remédios e antibióticos? Talvez. Fato é que nós não podemos desprezar os caminhos e oportunidades que a evolução das áreas da ciência pode nos oferecer, e nem negar a chance a quem anseia por uma recuperação.

O segredo, portanto, assim como em tantas outras tecnologias, é o equilíbrio e a assertividade. Guardadas as devidas proporções, é como uma empresa que trabalha apenas com dados sensíveis, por exemplo, querer migrar tudo para a Nuvem só para seguir uma tendência. É possível mudar? Sim. É necessário fazer correndo? Certamente não.

Vale a pena ponderar, avaliar os cenários e amadurecer as discussões. Assim, a gente potencializa o que há de melhor em nós e na tecnologia.

Digo sempre que a tecnologia tem de ser prática e eficiente. E é isso que devemos colocar em primeiro plano, avaliando avanços e propostas de forma adequada. Há razões para ficar otimista e esperançoso de que muita coisa boa está por vir e nos ajudará a viver melhor.

Mas o momento é de acompanhar e entender as chances que a inovação nos trará para, assim, fazermos bom uso desse novo horizonte: pelo bem de todos e, fundamentalmente, para quem mais precisa.

Ariel Schimidt

Esposo, Pai e Executivo de Contas Setor Público e Privado na Compwire Informática Ltda

6 m

Ótima Reflexão!!

Cristina Duclos

Chief Marketing & Experience Officer no Sicredi/Co-founder & advisor na greentable/Woman to Watch/Mãe do Theo e da Sofia

6 m

💚

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