Uma revolução silenciosa está
em curso

Uma revolução silenciosa está em curso


Vivemos um momento histórico singular. Não me refiro apenas às consequências geradas pela pandemia de Covid-19. Sobre o pano de fundo da crise do novo coronavírus, profundas transformações econômicas estão em marcha, em virtude das novas tecnologias e do próprio esgotamento de um modelo de produção pautado na exploração indefinida dos recursos finitos do planeta. Não foi à toa que o tema mais discutido nos corredores da última edição do Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro na cidade de Davos, na Suíça, foi o chamado capitalismo de stakeholders. Resumidamente, o conceito coloca em primeiro plano a responsabilidade social das corporações.

O próprio criador do encontro, Klaus Schwab, destaca em seus livros o privilégio de estarmos vivos justamente neste momento tão particular, no qual assistiremos a transformações numa velocidade jamais vista por gerações anteriores. Essa prerrogativa carrega em si uma enorme responsabilidade. O que fizermos ou negligenciarmos agora terá impacto sobre as oportunidades e a qualidade de vida de nossos filhos e netos. Seremos diretamente responsabilizados pelo bem ou pelo mal gestado em nossos dias.

Talvez justamente por isso, os mais jovens estão cada vez mais mobilizados na busca por um propósito na sua atividade profissional. Recentemente, o jornal The Guardian publicou o resultado de uma pesquisa feita com 26 mil usuários do LinkedIn, de diferentes gerações, sobre a relação propósito-remuneração. Entre os respondentes com mais de 51 anos, 48% priorizaram o salário. Já entre os representantes da geração X (36 a 51 anos de idade), apenas 38% colocaram o salário acima do propósito. Finalmente, no grupo mais jovem, o percentual caiu para 30%.

Gestores de recursos humanos e lideranças empresariais como um todo não podem negligenciar esses números, sob o risco de perderem o bonde da história. As pessoas precisam de dinheiro para sobreviver e realizar projetos, mas, ao mesmo tempo, estão em busca de oportunidades para fazer a diferença no mundo. Isso diz muito sobre como as organizações precisarão atuar daqui por diante para manterem-se capazes de atrair talentos.

Mais do que gente preparada e motivada, as chamadas “empresas humanizadas”, abordadas por Raj Sisodia, David B. Wolfe e Jag Sheth na obra com esse título, carregam em si diferenciais básicos para o sucesso neste novo mundo. Em vez de focar exclusivamente na entrega de resultados aos acionistas, elas devem atender às necessidades de todos os públicos fundamentais à sua existência. Neles estão incluídos funcionários, clientes, fornecedores e a própria comunidade em que atuam. O resultado financeiro continua sendo fundamental, mas é preciso ir além.

Como promovem as relações de trabalho em torno de um fator de motivação comum, essas empresas constroem uma cultura corporativa sólida, capaz de fazer frente a períodos de turbulência. Elas também mantêm os melhores quadros e preservam o conhecimento corporativo, tornando-se objeto de respeito e admiração.

Tenho o prazer e o privilégio de trabalhar numa empresa com princípios sólidos, capaz de motivar seus profissionais por meio de princípios e ações. Uma prova do quanto vale esse modelo de atuação veio na pandemia. Do dia para a noite, após a identificação do primeiro caso de Covid-19 na companhia, colocamos em home office todo o nosso time, com mais de 800 profissionais distribuídos pelo país. As condições materiais e tecnológicas já estavam disponíveis porque havíamos atuado preventivamente.

Notamos que as vulnerabilidades das pessoas ficaram mais evidentes, já que  trabalho e vida pessoal se misturaram e tornaram-se mais expostos. Tivemos que evidenciar os princípios de Diversidade e Inclusão que já faziam parte da estratégia da companhia para que fôssemos assertivos em todas as ações durante esse período, isso fez com que conseguíssemos aproximar as pessoas e criar um ambiente mais empático e colaborativo.

O que mais surpreendeu foi o resultado. Nossos índices mostram que somos ainda mais produtivos e criativos na crise, o que jamais seria alcançado sem a motivação e o orgulho pelo que fazemos. Acredito que isso fará toda a diferença no mundo pós-pandemia.


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Lilian Zalazar

Multinational Program Regional Latam Director | Process reengineering and continuous improvement | Business Strategy and Transformation | innovation | Multinational Program Management

4 a

Excelente texto!

Silvia Monteiro

Socia trabalhista na Urbano Vitalino Advogados

4 a

👏👏👏👏👏

Alexandre Federman

Diretor Comercial | Vendas | Seguros | Estratégia | Negócios | Marketing | Liderança

4 a

Muito bom Carla Jacarini É sempre o propósito que vai nos mover e nos fazer diferenciados!

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