União e cooperação econômica: o desafio dos líderes para 2022
Em janeiro, as principais lideranças globais voltaram a se reunir – ainda que virtualmente – na Agenda Davos 2022, organizada pelo World Economic Forum como prévia para o evento que reunirá os líderes globais no seu tradicional evento anual. O espaço de discussões multilaterais, conhecido por ser realizado anualmente em Davos, na Suíça, voltou a trazer à baila os recorrentes desafios críticos que o mundo vem enfrentando. Seja na reconstrução de uma sociedade pós-pandêmica, seja nos desafios das mudanças climáticas ou na busca de oportunidades de crescimento econômico que privilegiem os aspectos sociais e humanitários.
Como bem colocou Klaus Schwab, idealizador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, não é mais possível pensar em desenvolvimento global sem colocar no topo das prioridades o ritmo acelerado das mudanças climáticas e as rupturas sociais causadas por um modelo social e econômico defasado. O momento pede novos modelos e um trabalho integrado de cooperação, e que os líderes repensem como vislumbrar os impactos positivos a longo prazo.
Especialmente pela ótica da neutralização de carbono, os líderes seguem na esteira dos compromissos reiterados na COP26, realizada em novembro do ano passado. As lideranças das principais nações do globo, em conjunto com as organizações privadas, devem ratificar em 2022 as ações que evitem os impactos negativos das mudanças climáticas. Para isso, a adoção de estratégias de mitigação se faz mandatória. Não apenas com o desenvolvimento de medidas que contribuam para a descarbonização do meio ambiente, mas também na capacidade de ouvir e entender as demandas sociais emergentes.
Além disso, é importante mencionar que a agenda sustentável de nações e organizações passa pela ampla e maciça adoção de tecnologia e inovação. Já que a sociedade evolui na economia digital, nada mais natural do que tirar o melhor proveito desse amplo aparato.
Nessa frente, nós da Bain, entendemos que tanto as estratégias da jornada digital quanto as da sustentabilidade econômica e sociais são cada vez mais importantes e estão intrinsecamente ligadas. Uma pesquisa conduzida pelos meus sócios James Anderson e Greg Caimi, em conjunto com o Fórum Econômico Mundial, identificou que 40% das lideranças de diversas indústrias dizem acreditar que essas tecnologias já têm um impacto positivo em suas metas de sustentabilidade.
Recomendados pelo LinkedIn
Ainda assim, um longo trabalho precisa ser feito para, de fato, consolidar essa visão. Sobretudo no que tange ao modelo de gestão e liderança. É preciso levar em consideração os interesses sociais, em detrimento dos objetivos individuais de crescimento a qualquer custo.
O crescimento da desigualdade social e a redução significativa das mudanças climáticas devem ser os principais focos de atenção. Entendemos que, para alcançar esse propósito, há um custo para a adaptação. Mas, ao mesmo tempo, também há uma oportunidade de compartilhar esse custo por meio do apoio mútuo e colaborativo de empresas e governos.
Para 2022, o objetivo das lideranças é colocar em marcha o crescimento econômico responsável, com base em cooperação e integração, com uma nova forma de repensar a sociedade que realmente queremos construir para as futuras gerações. Não tenho dúvidas de que colaborar é o que leva a resultados tangíveis.
Professor @ FDC - Fundação Dom Cabral | Sócio Líder de Inovação @ DerSteg | Inovação Estratégica e Educação Executiva
2 aApesar de a (excelente) pesquisa indicar que quase 40% responderam que as tecnologias (iot, smart cities…) representam um impacto positivo, chamou-me a atenção que um número relativamente expressivo (6 - 11%) acredita que as tecnologias irão causar impacto negativo nas estratégias de sustentabilidade econômica, ambiental e social. Esse viés negativo talvez possa ser minimizado pelo entendimento melhor sobre as tecnologias e suas aplicações.