Vacinação e negacionismo

Vacinação e negacionismo

Não é fácil acreditar na ciência. Diversos fatores influenciam nossas crenças, inclusive a emoção. Estudiosos provaram que há instâncias na nossa construção de crenças que podem nos levar a descreditar teorias baseadas em fatos e estatística e tomar crenças ilógicas como verdadeiras. Por exemplo: geralmente somos enviesados a acreditar nas explicações mais simples. Por economia cognitiva, tendemos a acreditar em explicações mais diretas e objetivas. É natural aceitarmos a explicação que gasta menos esforço cognitivo do que aquela difícil de entender. Outro viés importante é nossa homeostase emocional: tendemos a acreditar naquela teoria que mais satisfaz a nossa emoção. Viés mais catalisado atualmente, é um dos que alimenta o conceito de pós-verdade, em voga com as redes sociais. As pessoas acreditam mais nas coisas que se encaixam em suas crenças anteriores e dão vazão às suas emoções, em um processo denominado de viés de assimilação. Dá menos trabalho desconstruir uma crença já estabelecida; achar que estávamos errado nos chateia. Os mecanismos de busca e as redes sociais, que selecionam e nos mostram aquilo que gostamos, reforçam este viés através da repetição, outro importante fator de construção da pós-verdade. Neste contexto, me assusta reportagem de hoje que mostra que um quarto dos americanos e alemães e 40% dos franceses não querem se vacinar. Gera um temor de que tal movimento se espalhe pelo Brasil, especialmente em face dos recentes ataques à ciência; a colocação do saber científico em segundo plano, em favor de interesses políticos. Acreditar na ciência hoje virou um endosso a determinada ideologia política. A boa ciência, como instrumento de busca de verdades, é apartidária. O negacionismo se vê alimentado pelo sentimento que mudou 2020: o medo. Vou injetar o virus em mim? A vacina vai mudar minha genética? Afinal, ela funciona, é confiável, é segura? Crenças perigosas que podem levar a uma indesejada perpetuação da pandemia.

Renata Shimizu Forner

Food Innovation & Eating Experience

3 a

Oi Alexandre, tendo a pensar q a população brasileira esteja mais familiarizada em tomar vacinas do que americanos e europeus, estou certa disso ou seria mais um viés?

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