VAI O CAPITALISMO RESOLVER A CRISE CLIMÁTICA E AMBIENTAL?
A meio do passado mês de Junho passou na RTP1 o filme «Elysium», de 2013, dirigido por Neil Blomkamp, e com os actores Jodie Foster e Matt Damon nos papéis principais. O tema do filme pode ser a previsão de como o capitalismo irá tentar resolver a crise climática e ambiental que provoca.
No Público (10.Julho), uma entrevista a Alan Stern, cientista norte-americano que trabalhou para a NASA, este afirma «que nos próximos 200/300 anos, é provável que mais pessoas vivam no espaço do que na Terra».
Philip Alston, relator das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos, afirma: «corremos o risco de viver um cenário de apartheid climático, no qual os ricos pagam para escapar do calor extremo, da fome e dos conflitos enquanto o resto do mundo é deixado para sofrer». Disse ainda Philip Alston que «as mudanças climáticas ameaçam retroceder 50 anos de progressos que tivemos em desenvolvimento, saúde global e de redução da pobreza».
No filme «Elysium», a Terra, daqui a 150 anos, encontra-se completamente degradada, onde vive a maioria da população, enquanto os mais ricos e poderosos vivem numa estação espacial onde se reproduz a vida, a civilização, curam-se doenças, existem condições para o prazer. No enredo do filme, um herói sacrifica-se para dar à excluída e sacrificada população do planeta acesso ao paraíso espacial.
O capitalismo e a sua política de direita não vão voluntariamente trocar os lucros de milhões dos seus negócios, por um ambiente saudável e uma vida humana no planeta, com respeito e de harmonia com a natureza, com direitos, sem injustiças e desigualdades sociais.
O capitalismo não vai abdicar da liberalização do comércio mundial, nem da exploração das pessoas e dos recursos naturais, e vai tentar instrumentalizar as crescentes preocupações com os problemas ambientais, como sendo um conflito entre gerações, tentando também convencer que tal é uma consequência do desenvolvimento humano, que a sua resolução é através do recurso à tecnologia, à expansão do mercado de produtos biológicos e introduzindo taxas, impostos e sanções para comportamentos que considere antiecológicos.
Por mais que pretenda parecer, o modo de produção capitalista não é verde, nem pode esconder as suas responsabilidades na degradação do clima e da natureza. No capitalismo a mais avançada tecnologia será sempre, no essencial, utilizada para facilitar a concentração de riqueza e sonhar com uma estação espacial «Elysium».