Gestão na Prática: o essencial muda pouco

A área de gestão é um dos campos mais ricos para se observar e experimentar o mundo, especialmente nesse momento de grandes transformações que nos acometem. A correta leitura desse impreciso cenário pode nos trazer vantagens, enquanto a miopia e a indiferença tornarão a nossa adaptação mais penosa e menos gratificante. 

Pretendo, nesse espaço, compartilhar regularmente reflexões sobre a ciência e a arte da gestão à luz dos fatos que estão moldando a sociedade, o comportamento das pessoas e o cotidiano gerencial. 

Afinal, a gestão é acima de tudo uma prática, e sendo uma prática é necessário conciliar permanentemente as teorias já tornadas clássicas, os conhecimentos atuais e aquelas tendências que já se descortinam no horizonte. Acredito que o verdadeiro aprendizado gerencial se dá na interação dinâmica de novos e velhos saberes com aquilo que praticamos no nosso dia-a-dia. 

Nesse primeiro texto, lanço um olhar otimista sobre o futuro, fincando as bases para outros textos que, não obstante talvez tratarem de assuntos por vezes áridos, não deixem de ter como pano de fundo a firme convicção na capacidade de superação de cada um de nós.

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Copo Meio Cheio

Coexistem na mente dos brasileiros, duas visões de futuro: uma encoberta por um véu de ceticismo e desesperança, derivada de um conjunto de problemas que teimam em manter o país com um pé no século passado e, outra, mais otimista, atrelada ao amplo leque de possibilidades que se descortinam ao Brasil neste século XXI. Escolher qual o caminho a seguir pode fazer toda a diferença para o nosso futuro enquanto nação.

O condicionamento esperançoso e otimista somente pode ser construído através de uma imagem que almejamos. Há, hoje, consenso dentro da psicologia, de que somos fortemente condicionados pelo que projetamos em nossas mentes e, num espectro ampliado, até mesmo um conjunto amplo de pessoas extrai benefícios de um sonho compartilhado. Nessa linha, reconhecer que temos inúmeras áreas de excelência, escolas que funcionam, cidades que conseguiram avançar, uma economia com áreas vibrantes e competitivas, cujo melhor exemplo talvez seja o nosso agronegócio, enorme potencial turístico, e um povo jovem e unido pela mesma língua e costumes, constitui um ativo valioso e que projeta nosso imaginário para um cenário de grandeza.

Esse otimismo consciente, sem ufanismo, entretanto, não significa abrir mão da necessária e eterna vigilância contra o mal-feito, contra a miséria, a pobreza, a violência, o desemprego e todas as chagas que machucam a nossa alma, mas reconhecer que não será amaldiçoando a política que iremos melhorar os políticos, que não será pregando o caos que iremos mudar o quadro atual e, muito menos, que não será apequenando o nosso passado e nossas conquistas, que teremos o respeito de que precisamos. Exercer a criticidade sim, porém construindo também pautas progressistas e sintonizadas a esse novo tempo, no qual fazer oposição cega, como infelizmente ainda vemos, em nada contribui para o avanço que queremos.

Dessa forma, acredito que um projeto para nosso país deva partir justamente de um posicionamento adequado frente às nossas virtudes, à nossa vitalidade pulsante. Traduzindo essa inventividade, essa energia assombrosa e desmesurada num sonho coletivamente sonhado e que, transcendendo as nossas limitações, construa ousadamente e criativamente um Brasil do tamanho que queiramos ser.

Nenhuma nação emergiu para o quadro dos países desenvolvidos sem que passasse por um projeto no qual houvesse um inventivo movimento de fortalecimento das instituições, um forte compromisso que transforme as ideias em ações fecundas na área educacional e econômica, dando braços, olhos e asas para essa vitalidade latente, conforme declarou há poucos dias, o professor Mangabeira Unger.

Afinal, para a maioria de nós, o Brasil ainda é o local onde temos nossos melhores amigos e família, onde residem nossas memórias mais carinhosas e onde estão enterrados os nossos antepassados. Fazer parte desse projeto maior, que incorpore o melhor de nossas inteligências e sentimentos, é uma decisão que nos cabe. O copo será tão mais cheio, quanto mais intensa for a nossa participação, enquanto cidadãos conscientes, do pleno exercício de nossa cidadania.


Rosangela Helena R.

Consultor sênior na Pessoas & Resultados

4 a

Parabéns Edson, é muito bom ler um artigo como esse e ancorar nele nossa visão para esses dias.

Na linha do que tantas vezes conversamos, Edson. De fato, ante tanta pirotecnia, o essencial muda pouco. 

Excelente Edson! Obrigado por compartilhar!

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