Varejo fecha 80 mil lojas. Resultado de 2015 representa aumento de 52% sobre ano anterior . O primeiro trimestre é vital para o varejo em 2016!!
Como disse anteriormente em um dos meus artigos, o primeiro trimestre de 2016, vai ser vital para a sobrevivência do varejo nacional. Quando falo Varejo , falo tanto do ramo duro ( eletro, móveis, informática, etc.) e ramo mole ( moda, etc.). Isto tudo é um reflexo da recessão , subida de juros, impostos e insumos como a luz e alugueis. O último trimestre do ano é planejado para uma determinada venda e como ela não se realizou o vencimento ou fluxo de caixa é abalado no primeiro trimestre do ano, agora sem suporte financeiro do mercado , devido a altas taxas ( Spreads) praticadas pelos bancos. Se analisarmos o balanço das S/a, podemos ter um retrato claro do mercado, porque não existe uma grande diferença de custos entre os competidores como no passado que na década de 80/90 tinha um custo excessivo na área de TI e logística e distribuição. Me lembro que quando montei o primeiro telemarketing ( B2B e B2C) d0 Brasil na Casa Centro em 1988 e coloquei computadores HP ( Unix/risc) e o banco de dados da Oracle nossos custos ficaram com um percentual 5/7% abaixo do mercado, mas após plano real prevaleceu o problema dos Spreads bancários e gestão do Fluxo de Caixa. Comandei a reestruturação de grandes grupos no setor Mole ( fashion) e especificamente neste setor, um erro na formatação da coleção, diferente do ramo duro (eletro) é um caos em termos de Fluxo de caixa, pois você sai de uma coleção de inverno e entra no verão e o produto encalha. Também tenho escrito, sobre a falta de interlocutores junto ao mercado financeiro, para dar tempo a empresas viáveis, mas que devido a má gestão deste governo passam por dificuldades e que somente contratando consultores, não vão solucionar o problema. No meu caso em todas empresas, desde a primeira que participei quando contratado pelo Sicupira/Leman na Lasa, sempre tive um parceiro financeiro em geral Banco de investimento dando uma retaguarda na solução financeira dos problemas. Existe na teoria a famosa curva da Baleia que demonstra que as lojas que dão prejuízo levam 150% do lucro da empresa, o que justifica plenamente o fechamento das mesmas mas sendo realista, por mais que cortemos os custos se o Fluxo de caixa estiver negativo ou capital de giro negativo, isto passa a ser apenas uma maquiagem. Hoje trabalhar com ações e debêntures, passou a ser impossível pelo mercado e valor do juros. O que as empresas precisão são parceiros confiáveis e dinheiro a nível mundial, pois temos concorrente de todo mundo no Brasil que podem trazer dinheiro e compensar suas perdas através do spread negativo praticado em outros lugres. Neste caso o risco cambio fica diminuído, visto ser um dinheiro a longo prazo. Ou o governo cria mecanismos para ajudar o varejo ou a cada dia a divida tributária irá aumentar e o caminho será o pedido de recuperação judicial com grandes perdas para o emprego no Brasil.
Loja de departamento na Avenida Paulista, em São Paulo: número de unidades de grandes redes caiu 9,5% em 12 meses até outubro, segundo a CNC - Marcos Alves
SÃO PAULO e RIO - A recessão obrigou gigantes e pequenas empresas do varejo a diminuir de tamanho. Para se adequar ao consumo em queda, as grandes redes fecham lojas e cortam vagas. Recentemente, seis empresas anunciaram o fim de 153 unidades, incluindo Walmart, Ponto Frio, Casas Bahia, Extra, Marisa e C&A. Os números das líderes do mercado se somam aos milhares de pontos de venda que foram fechados no ano passado, num segmento em que predominam as microempresas. Dados preliminares da Confederação Nacional do Comércio (CNC), compilados a pedido do GLOBO, mostram que, em 2015, no total, 80,1 mil lojas fecharam as portas. O resultado representa um aumento de 52% em relação a 2014, quando 52,7 mil estabelecimentos encerraram as atividades. Para analistas, a redução de custos é uma tendência que deve se manter ao longo de 2016, e os segmentos dependentes de crédito tendem a ser mais afetados.
De acordo com a confederação, o número de lojas de grande porte caiu 9,5% em 12 meses considerando dados até outubro, um percentual superior ao dos pequenos varejistas, que tiveram queda de 8,3%.
— O fechamento de lojas é generalizado. A renda do consumidor caiu, e o custo do crédito aumentou. As taxas de juros reais em torno de 8% inviabilizam o consumo de bens duráveis (como eletrodomésticos), mais sensíveis ao crédito. Há uma relação clara entre o desempenho de vendas e o fechamento de lojas — explica Izis Ferreira, economista da CNC.
Um dos casos mais emblemáticos é o do Grupo Pão de Açúcar, que controla redes como Ponto Frio, que fechou 73 lojas, e Casas Bahia (três unidades encerraram atividades). No ano passado, 18 mil trabalhadores foram demitidos, uma redução de 11,2% no quadro, segundo dados do balanço até setembro. O número inclui todas as dez bandeiras da empresa. Segundo o Pão de Açúcar, as condições macroeconômicas justificam os cortes de vagas e a companhia diz que houve redução de custos. “É dever da administração adequar a companhia à demanda do mercado, sempre preservando a qualidade e nível de serviço nas lojas e entrega aos clientes. A adequação do quadro de pessoal faz parte deste processo”, afirmou, em nota, a empresa.
Há duas semanas, o Walmart anunciou o fechamento de 60 lojas. O corte representa mais de 10% da rede de 544 lojas no país. O motivo: baixa performance de vendas.
— O varejo tem rotatividade elevada, de mais de 40%, então as grandes redes não precisam necessariamente demitir para reduzir o custo de uma loja. É só parar de contratar. A expectativa é que mais lojas sem um patamar de venda adequado à estrutura de custos sejam fechadas. Isso deve ocorrer mais no primeiro trimestre, quando já passou o período mais forte de vendas — disse Luiz Carlos Cesta, analista de varejo do Banco Votorantim.
COMÉRCIO CORTOU 180,9 MIL VAGAS
Em 2015, o comércio varejista cortou 180,9 mil vagas formais. Nas grandes redes, segundo a União Geral dos Trabalhadores (UGT) houve 62 mil dispensas. O levantamento de demissões foi feito com informações da própria UGT, do Dieese e dos balanços das empresas, mas em muitos casos não inclui dados sobre as admissões no período. Para Ricardo Patah, presidente da UGT e do sindicato dos comerciários de São Paulo, esses são os primeiros sinais do mau momento do varejo.
— A crise chegou ao comércio. Em 2014, quando ela ainda estava se iniciando, não tivemos desemprego. Em 2015, começamos a sentir, porque será neste ano o grande volume de demissões no setor — afirma Patah.
Segundo a UGT, foram 3.500 homologações do Carrefour. A empresa, porém, afirma que se trata de um movimento normal no varejo e que as vagas foram repostas: “O Carrefour informa que não houve redução em seu quadro de colaboradores em 2015. Os desligamentos no período fazem parte do turnover, movimento natural em um setor dinâmico como o varejo. As posições em aberto foram repostas”, informou.
Nelson Barrizzelli, especialista em varejo, avalia que as demissões e o fechamento de lojas refletem também a consolidação das vendas on-line. Cálculos da UGT mostram que cada emprego no comércio digital equivale a cinco nas lojas convencionais.
— Os vendedores de linha branca são os que mais sofrerão — disse Barrizzelli.
Para Haroldo Monteiro, coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica no Varejo do Ibmec/RJ, mais empresas terão de negociar valores que pesam na operação, como aluguel e condomínio:
— O conceito de lojas enormes com muitos vendedores está mudando. O e-commerce está fazendo com que as lojas físicas fechem ou diminuam de tamanho. Por isso, vão ocorrendo demissões para adequar a quantidade de vendedores na loja.
ANALISTA DIZ QUE AJUSTE CONTINUA ESTE ANO
O momento de ajuste ocorre após um período de crescimento exagerado, estimulado por políticas de incentivo ao consumo, avalia Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar). Ele vê com ceticismo a tentativa de reativar a economia com base no estímulo ao crédito:
— Depois da festa, vem a ressaca. Infelizmente, essa é uma situação previsível. Era sabido que o que sustenta consumo é investimento.
Mas nem só de corte de custos sobreviverá o varejo na crise. Para Enéas Pestana, dono de uma consultoria e ex-presidente do Pão de Açúcar, o setor precisa focar na melhoria da gestão.
— Não acredito só em corte de despesas, porque depois a conta vem. Não adianta cortar metade dos funcionários, porque há risco de a empresa não se sustentar — disse Pestana, que trabalha na integração das bandeiras da Máquina de Vendas, a holding formada por Ricardo Eletro, Insinuante, Eletroshopping, City Lar e Salfer.
Uma redução do número de lojas da Máquina de Vendas não está descartada. Procurada, a empresa não se manifestou oficialmente. Segundo Pestana, avaliar unidades com desempenho ruim faz parte do cardápio de opções:
— Claro que a gente olha lojas deficitárias. Nesse segmento de bens duráveis é mais fácil. O custo de implantação de uma loja de eletroeletrônicos é muito menor do que de um supermercado.
Ana Paula Tozzi, presidente da GS & AGR Consultores, do grupo Gouvea & Souza, afirma que o ajuste não terminou e não vai terminar antes do fim do ano:
— Diversas redes vão ter que se reposicionar.
Mesmo com possíveis medidas de estímulo ao crédito, Maria Cristina Costa, analista da Lopes Filho, avalia que, com o desemprego ainda alto, o consumo não vai aumentar.
— Não vejo motivo para otimismo.
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